PL da Devastação: veja como votou cada deputado baiano
Lei Geral do Licenciamento Ambiental, conhecida como PL da Devastação, flexibiliza as regras para o licenciamento ambiental no Brasil
Por Matheus Caldas.
A Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada desta quinta-feira (17), o chamado PL da Devastação, nome dado por especialistas ao projeto de Lei Geral do Licenciamento Ambiental, que flexibiliza as regras para o licenciamento ambiental no Brasil.
A proposta, que tramitava desde 2004 na Câmara, foi aprovado por 267 votos favoráveis, 116 contrários e agora segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode vetar trechos do texto. Entre os parlamentares baianos, o PL da Devastação foi aprovado por 15, majoritariamente de oposição; nove deputados pela Bahia votaram contra o texto.
O projeto foi votado em sessão semipresencial, à madrugada. Portanto, a votação foi esvaziada e não contou com quase metade dos 39 deputados.
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✅ Votaram sim (15)
- Neto Carletto (Avante)
- João Leão (PP)
- Mário Negromonte Jr. (PP)
- Raimundo Costa (Podemos)
- Diego Coronel (PSD)
- Otto Alencar Filho (PSD)
- Paulo Magalhães (PSD)
- Márcio Marinho (Republicanos)
- Rogéria Santos (Republicanos)
- Arthur Oliveira Maia (União)
- Dal Barreto (União)
- José Rocha (União)
- Leur Lomanto Júnior (União)
- Ricardo Maia (MDB)
- Capitão Alden (PL)
❌ Votaram não (9)
- Pastor Sargento Isidório (Avante)
- Alice Portugal (PCdoB)
- Daniel Almeida (PCdoB)
- Gabriel Nunes (PSD)
- Afonso Florence (PT)
- Ivoneide Caetano (PT)
- Valmir Assunção (PT)
- Bacelar (PV)
- Lídice da Mata (PSB)
Total: 24 deputados — 62,5%, sim | 37,5%, não
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Avaliação do governo
Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a lei foi descaracterizada. "A lei não está sendo mudada, como é natural numa democracia, para gerar aperfeiçoamentos que levem a ganhos ambientais, econômicos e sociais. A lei está sendo decepada", afirmou Marina, à Folha de S. Paulo.
De acordo com o próprio jornal, o governo Lula avalia possibilidade de vetar trechos do PL da Devastação.
O texto foi aprovado com apoio da bancada ruralista e de partidos como PL, PP, Republicanos, União Brasil e PSD. A oposição veio principalmente de deputados do PT, PSOL, PCdoB, PV e Rede.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), recomendou que a base votasse contra. No entanto, alguns partidos aliados liberaram suas bancadas ou registraram votos divergentes.
Confira mudanças propostas no PL da Devastação
- Criação da Licença Ambiental Especial (LAE): autoriza obras consideradas “estratégicas” pelo governo, mesmo com alto potencial de impacto ambiental. A emissão será mais rápida, com prazo máximo de 12 meses, e a licença terá validade entre cinco e dez anos.
- Dispensa de licenciamento: o texto elimina a exigência de licença para a ampliação de estradas, atividades agropecuárias, tratamento de água e esgoto, além de pequenas barragens de irrigação. Somente aterros sanitários continuarão requerendo autorização ambiental.
- Renovação automática: permite que licenças ambientais sejam renovadas automaticamente por meio de autodeclaração, desde que não haja alterações na atividade ou nas normas vigentes.
- Autodeclaração nacional: o empreendedor poderá declarar online o cumprimento dos requisitos ambientais, sem análise prévia do órgão competente. Esse modelo, já adotado em alguns estados, passará a valer para todo o país, inclusive para empreendimentos médios com potencial poluidor.
- Enfraquecimento do Ibama e do Conama: o projeto retira atribuições desses órgãos federais, transferindo a responsabilidade do licenciamento para estados e municípios. Também anula trechos da Lei da Mata Atlântica, facilitando o desmatamento de florestas primárias e secundárias.
- Desproteção de comunidades tradicionais: terras indígenas e territórios quilombolas não homologados deixam de ser considerados áreas protegidas para fins de licenciamento. Conforme o Instituto Socioambiental (ISA), essa alteração atinge cerca de 18 milhões de hectares, área equivalente ao estado do Paraná.
- Risco a sítios arqueológicos: o projeto limita a atuação do Iphan, que poderá se manifestar apenas quando já houver identificação de bens históricos no local. A Sociedade de Arqueologia Brasileira alerta para o risco de perdas irreversíveis.
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