Sem perspectiva de novos avanços, professores admitem possível fim da greve

Sem vislumbrar novos avanços na negociação com a Prefeitura de Salvador, professores da rede municipal já discutem o encerramento da greve, que já ultrapassa 2 meses. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o último acordo apresentado pela gestão municipal, embora não contemple todas as reivindicações, foi interpretado como o cenário mais favorável possível neste momento.

Na última reunião com a categoria, ocorrida nesta quinta-feira (17), a Prefeitura pressionou e alertou que poderia retirar os benefícios já acordados, caso a paralisação continue. A assembleia que pode decidir pelo fim da greve acontece nesta sexta-feira (18).

+ Prefeitura faz apelo por volta às aulas e alega ter 90% das escolas operando

A avaliação interna é de que o acordo já garante uma recomposição no plano de carreira, que havia sido enfraquecido com a aprovação do projeto de lei votado no dia 23 de maio, junto com o reajuste dos servidores municipais. Na ocasião, manifestantes invadiram o plenário.

A categoria buscava principalmente o piso salarial, que foi alcançado, mas com gratificações embutidas. O cenário, entendido pelos professores não como ideal, passa a ser aceito a partir do entendimento de que aquilo que não foi obtido agora será negociado no próximo ano. 2026 ainda conta com o apelo eleitoral, fator mencionado pela classe como positivo para conquistar seus pleitos. 

+ Política e greve dos professores: 2 de julho conta com mobilização da categoria 

Prefeitura afirma ter esgotado possibilidades

Após a reunião desta tarde, o secretário municipal da Educação, Thiago Dantas, declarou que a administração chegou ao limite de concessões. “Foram incontáveis reuniões ao longo dessa campanha salarial. Já atendemos parte das reivindicações. As demais dependem de disponibilidade orçamentária futura. Agora, é hora de retomar as aulas e garantir a recuperação das aprendizagens perdidas", afirmou.

Dantas também destacou que a Prefeitura cumpre o piso nacional do magistério e reiterou o compromisso de manter o diálogo com a categoria por meio da Mesa Permanente de Negociação.

A proposta apresentada apresentada à categoria, e acordada, prevê, entre outros pontos:

• Reajuste da tabela de vencimentos, corrigindo os percentuais entre referências da carreira;

• Criação da Gratificação Educacional (GE) de 30% para professores e coordenadores pedagógicos até o fim da gestão;

• Transformação das gratificações nominais (otimização, direção, aprimoramento profissional) em percentuais sobre o vencimento;

• Restabelecimento de gratificações para atuação em unidades socioeducativas e ilhas;

• Pagamento retroativo para professores REDA, realização de concurso público, reposição de aulas, e cancelamento de faltas durante a greve;

• Climatização de salas até dezembro de 2025 e ampliação das ações de inclusão.

Pressão judicial

Além da pressão pelo retorno, feita pela prefeitura, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) soma-se nesses fatores que indicam o fim da greve. Nesta quarta-feira (16), autorizou o bloqueio de recursos do sindicato e determinou a dedução de R$ 480 mil das contribuições devidas, em razão do acúmulo de multas.  Além disso, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) aumentou de R$ 100 mil para R$ 200 mil a multa diária aplicada à APLB-Sindicato por descumprimento da decisão que considerou a greve ilegal.