Presidente da Anvisa confirma que houve reunião para tentar mudar bula da cloroquina
Antônio Barra Torres prestou depoimento na manhã desta terça-feira (11/5) à CPI da Covid. Ele, no entanto, ressaltou que não sabe quem foi o autor da proposta.
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, confirmou que houve uma reunião no Palácio do Planalto, onde foi citada a mudança da bula da cloroquina, através de um possível decreto presidencial. Torres prestou depoimento na manhã desta terça-feira (11/5) à CPI da Covid.
A suposta mudança da bula do medicamento, que já foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ser usado no tratamento contra a Covid-19, foi comentada pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que também foi ouvido na CPI. Até o momento, nenhum estudo científico comprovou a eficácia da cloroquina.
"Inclusive, lógico, acompanhei pela televisão o depoimento do Ministro Mandetta e confirmo, de minha memória, que estávamos lá o General Braga Netto, Ministro-Chefe da Casa Civil; o Ministro Mandetta, evidentemente; eu; a Dra. Nise Yamaguchi; havia um médico sentado ao lado dela de que não me recordo o nome; e, realmente, não tenho na minha memória um registro das presenças dos Ministros Jorge e Ramos", declarou o presidente da Anvisa.
Ele, no entanto, ressaltou que não sabe quem foi o autor da proposta. "Agora, eu não tenho a informação de quem é o autor, quem foi criou, quem teve a ideia. A doutora [Nise Yamaguchi], de fato, perguntou dessa possibilidade e pareceu estar, digamos, mobilizada com essa possibilidade", acrescentou. Torres explicou também que, para a bula de um remédio ser modificada, é necessário que a agência de saúde reguladora do país seja acionada pelo detentor do registro da medicação, o que não aconteceu.
Questionado sobre a recomendação do "tratamento precoce" que inclui a cloroquina, Torres disse que prefere se manter "fora disso". Ele também negou que os filhos do presidente Bolsonaro estivessem na reunião.
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