'Sair do Brasil é a coisa mais fácil', diz Bolsonaro após Operação da PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou tentativa de sair do Brasil, mas agora passa a usar tornozeleira eletrônica
Por João Tramm.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (18) em frente à sede da Polícia Federal, em Brasília, após cumprir determinação judicial que o obriga a usar tornozeleira eletrônica. A medida foi imposta no âmbito de um novo inquérito que apura suspeitas de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, com possível articulação internacional e uso de canais diplomáticos.
“Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”, disse sobre possível fuga.
Bolsonaro se tornou alvo de uma nova operação da PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou outras medidas cautelares, como a proibição de manter contato com outros investigados — entre eles, o próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
+ PF cumpre mandado na casa de Bolsonaro, que terá que usar tornozeleira
“Nunca pensei em sair do Brasil. Nunca fui à embaixada pedir asilo. E mesmo assim colocaram medidas cautelares contra mim, como se eu fosse fugir. Agora estou com horário para sair na rua.”
Bolsonaro também comentou sobre especulações de que poderia buscar refúgio em embaixadas.
“Tinha convite para almoçar com alguns embaixadores na próxima semana. Mas não vou mais. Eu tenho mais contato com embaixadores do que o ministro das Relações Exteriores.”
Ele negou, mas revelou que chegou a ter encontros agendados com diplomatas:
“É uma suprema humilhação. Me sinto humilhado. Estou com 70 anos de idade, sou ex-presidente da República, essa já é a quarta busca e apreensão contra mim”, disse Bolsonaro, visivelmente irritado.
+ Bolsonaro nega fuga aos EUA e diz que não suportaria distância da esposa
Proibição de contato com Eduardo
Durante a coletiva, Bolsonaro afirmou que o novo inquérito também coloca Eduardo Bolsonaro sob risco de uma condenação pesada. Ainda comentou que Eduardo não provocou a taxação, mas que ele tem boa articulação com parlamentares dos Estados Unidos.
“Segundo esse inquérito, meu filho Eduardo está sujeito a 12 anos de cadeia. E eu não posso sequer falar com ele. Como é que pode isso?", questiona se seu filho deve voltar ao Brasil Bolsonaro comentou: "acredito que sim. Eduardo Bolsonaro vai continuar nos EUA. Se voltar para cá vai ter problemas"
Sobre os recursos encontrados em sua residência durante a operação, Bolsonaro negou ter conhecimento do pen-drive apreendido pela Justiça e minimizou os dólares encontrados: “Pegaram R$ 7 mil e US$ 14 mil, tudo devidamente declarado. Sempre guardei os dólares em casa, estão declarados.”
Bolsonaro voltou a negar qualquer envolvimento em plano golpista e alegou que não há evidências concretas no processo: “O inquérito do golpe é político. Nada de concreto existe ali. Um golpe no domingo, sem arma, um golpe de festim. Que provas têm contra mim? Quando se fala em crime, tem que ter algo concreto.”
+ Clã bolsonarista atrela fim do tarifaço à anistia
Relação com os EUA e Trump
A coletiva também foi marcada por falas sobre os Estados Unidos e seu antigo aliado, Donald Trump. Bolsonaro afirmou que pretende negociar com o presidente americano, mas esbarrou na apreensão de seu passaporte:
“Não posso vincular [a taxação com a Operação de hoje]. Se o governo me der o meu passaporte eu me coloco à disposição para conversar com Trump, eu sugeri isso junto a imprensa. O mundo inteiro está sendo taxado por Trump, só o Brasil que não está negociando que não Em 2019 o Trump era presidente , estava querendo taxar o ferro e aço do Brasil e eu resolvi”
O ex-presidente entende que sua interlocução com Trump nunca seria para romper com o Estado Democrático, ao final o país americano é o pais que projeta democracia e liberdade
Ele acrescentou que desde que deixou o governo, sua figura tem dominado o noticiário: “Desde que saí do governo, só dá eu na mídia. O Lula só aparece quando fala alguma besteira.”
Em meio às acusações e investigações, o ex-presidente encerrou a coletiva defendendo um processo imparcial: “Espero que este agora seja um inquérito técnico e não político.” Nesta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação em até 43 anos do ex-presidente. O assunto repercute na política, inclusive na Bahia.
Após a entrevista, Bolsonaro se dirigiu à sede nacional do Partido Liberal (PL), onde deve se reunir com aliados para avaliar os próximos passos diante da nova crise política e jurídica.
+ Bolsonaro grita e xinga durante entrevista ao vivo: 'Que golpe, p*rra?'
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).