Qual cargo atual de ACM Neto?

Vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto articula retorno à disputa pelo governo da Bahia em 2026

Por Matheus Caldas.

Líder da oposição ao governo Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, ACM Neto (União) não possui cargo público desde 2020, quando terminou o mandato como prefeito de Salvador. E qual o cargo atual de ACM Neto?

Qual o cargo de ACM Neto?

No momento, ACM Neto é vice-presidente nacional do União Brasil, um dos maiores partidos do país, que governa 16,9 milhões de pessoas. Após anunciar a “superfederação” com o PP, em agosto, o grupo passou a contar com 1.335 prefeitos, sete governadores, 14 senadores e 209 deputados federais.

O União Brasil deve ter R$ 953,8 milhões em fundo eleitoral (números de 2024) – maior fatia da distribuição da plataforma, e R$ 67 milhões a mais do que o segundo colocado, o PL. A federação da qual Neto faz parte possui R$ 197,6 milhões em fundo partidário (números de 2024) — maior volume de recursos, superando o PL.

ACM Neto durante último ano de gestão como prefeito de Salvador | Foto: Mac Haack/Secom

Responsabilidades políticas

Embora a vice-presidência de um partido não seja um cargo executivo, suas atribuições têm impacto prático. Neto participa diretamente de discussões sobre alianças eleitorais, estratégias de bancada no Congresso e posicionamentos em relação ao governo federal. Em 2024, por exemplo, ele defendeu publicamente que o União Brasil deixasse a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e entregasse os ministérios ocupados pela legenda. O argumento era o de que a proximidade das eleições exigiria uma definição mais clara de identidade.

A pressão exercida por ele culminou na saída do partido do governo Lula, na última semana, e no ingresso integral no campo da oposição. A decisão foi interpretada como uma vitória interna de ACM Neto, que conseguiu alinhar a legenda ao discurso de enfrentamento ao PT, especialmente na Bahia.

Na esfera estadual, a influência é ainda mais visível. ACM Neto continua sendo o principal líder do União Brasil na Bahia, responsável por orientar prefeitos, deputados estaduais, federais e vereadores ligados à sigla. Seu papel de articulador regional é considerado decisivo para manter a coesão do grupo oposicionista e preparar o terreno para a disputa de 2026.

ACM Neto e o então vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, em 2020 | Foto: Foto: Max Haakc/Secom

Expectativas políticas e planos futuros

O futuro de ACM Neto é uma das questões mais debatidas na política baiana. Pesquisas recentes de intenção de voto apontam que ele lidera, em cenário estimulado, as preferências para o governo do estado em 2026. No levantamento divulgado nesta segunda-feira (22), pelo Real Time Big Data, Neto aparece com 40% das intenções, contra 36% do atual governador Jerônimo Rodrigues, diferença dentro da margem de erro.

Mesmo sem confirmar oficialmente a candidatura, aliados próximos reiteram ACM Neto como o candidato da oposição ao governo da Bahia. Líder do grupo oposicionista na Assembleia Legislativa (AL-BA), Tiago Correia (PSDB) projetou que o ex-prefeito de Salvador tende a crescer nas pesquisas.

“Mesmo sem ocupar cargo público há mais de cinco anos, o que limita bastante suas condições de fazer política, ACM Neto segue liderando. Já Jerônimo, mesmo fazendo campanha intensa pelo interior, continua sete pontos atrás. Isso mostra que Neto tende a crescer ainda mais quando oficializar sua pré-candidatura e percorrer o interior com a mesma intensidade”, destacou Correia.

Além da disputa estadual, analistas avaliam que o espaço conquistado por Neto no União Brasil pode abrir margem para negociações em nível nacional. A federação com o PP ampliou a representatividade da legenda, e a presença do ex-prefeito de Salvador na executiva pode colocá-lo em posição de destaque em discussões sobre alianças para a eleição presidencial. Ainda que a prioridade declarada seja a Bahia, esse cenário reforça a possibilidade de Neto se tornar figura estratégica também fora do estado.

ACM Neto e Jerônimo Rodrigues durante corrida eleitoral em 2022 | Foto: redes sociais

Repercussões entre aliados e opositores

Para o ex-líder da oposição na AL-BA, Sandro Régis, o nome de ACM Neto “cristalizou”. “Jerônimo é o único governador do Brasil que não lidera as pesquisas em seu próprio estado. Isso demonstra que a população não aguenta mais esse governo e quer mudança”, destacou Régis, ao repercutir a pesquisa Real Time Big Data.

No campo adversário, o tom é crítico. O PT, principal força política da Bahia nos últimos 18 anos, tenta vincular a imagem de ACM Neto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem o ex-prefeito de Salvador declarou apoio na eleição de 2018. O governador Jerônimo Rodrigues criticou a saída do União Brasil dos ministérios do governo Lula. “Agora entendi que o ex-prefeito tem lado. Ele acha que graças a Deus ele mudou. Ele agora está defendendo Bolsonaro. Agora ele se posicionou realmente de lado. Agora, sim, o ex-prefeito de Salvador saiu do armário”, declarou Jerônimo, no início de setembro.

O senador Jaques Wagner (PT) segue as críticas na mesma linha. “O ex-prefeito de Salvador está fazendo o papel dele de oposição e montando a sua estratégia. Agora, pra ele juntar todo mundo, ele vai ter que assumir um lado porque, da última vez, ele disse ‘tanto faz’. No entanto, insisto que a eleição está longe ainda. Eu daqui sigo observando, dialogando e trabalhando para montar a nossa estratégia para 2026”, disse, referindo-se à tática eleitoral de ACM Neto em 2022.

ACM Neto ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) | Foto: Alan Santos/PR

Um político em transição

A trajetória recente de ACM Neto mostra um movimento de adaptação. Sem mandato eletivo desde 2020, ele se reposicionou no interior do União Brasil, conquistou espaço na executiva nacional e passou a atuar como referência da oposição. Essa transição de gestor executivo para dirigente partidário marca um período de preparação para novos desafios.

A criação da “superfederação” com o PP é considerada um dos pontos centrais dessa estratégia. Com mais de 1,3 mil prefeitos, sete governadores e centenas de parlamentares, o grupo tornou-se a maior força partidária em número de representantes e também em recursos de campanha. Neto participa das articulações que definem como esses ativos serão distribuídos, o que o coloca como peça-chave para 2026.

Em paralelo, o ex-prefeito tem mantido intensa agenda de reuniões com lideranças políticas do interior baiano, buscando reduzir a desvantagem em áreas onde o PT historicamente é mais forte. Essa aproximação é vista por analistas como fundamental para uma eventual vitória no governo do estado. A expectativa é de que, a partir de 2025, Neto amplie ainda mais a presença em viagens regionais, repetindo a estratégia que já utilizou nas eleições de 2012 e 2016, quando consolidou sua liderança em Salvador.

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