'Para que tombar sem verba?, diz Lula após tragédia em igreja
Presidente critica a falta de recursos para manutenção de patrimônios históricos após o desabamento da Igreja de São Francisco, que deixou uma pessoa morta
Por Da Redação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou nesta quinta-feira (6) sobre o desabamento do teto da Igreja de São Francisco, localizada no Pelourinho, em Salvador, que resultou na morte de uma turista na tarde de quarta-feira (5). Durante entrevista à Rádio Metrópole, Lula criticou o atual sistema de tombamento de patrimônio e defendeu a necessidade de investimentos para a conservação dos bens históricos.
“Tenho uma bronca desse negócio de tombamento. Quando você faz uma política de tombamento, é preciso colocar dinheiro para manter as coisas. Vejo muitos prédios tombados na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, e o cidadão que aprovou a lei não coloca um orçamento para que o imóvel seja conservado. Tomba e a coisa vai apodrecendo, vai caindo. Então, para que tombar se não há responsabilidade?”, criticou Lula. “Precisamos resolver isso, porque, se não, teremos muitas coisas tombadas caindo no Brasil”, acrescentou.
Lula também falou sobre o abandono de patrimônios tombados e destacou a falta de verbas para a manutenção desses locais. “Quando a gente tomba, está fazendo um gesto para a humanidade, para preservar história e cultura, o que é maravilhoso, mas depois constatamos que não foi colocado orçamento do governo federal, estadual ou da prefeitura. Então, o patrimônio acaba sendo praticamente abandonado”, afirmou.
O presidente também comentou sobre a situação da Praça dos Três Poderes, em Brasília, depredada durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2022. Segundo ele, a demora para o início das obras de reconstrução do local é preocupante. “É um ano e meio só para fazer o projeto. É interminável, tudo complicado”, afirmou, destacando que o local é tombado tanto em nível nacional quanto distrital, além de ser reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco.
Desabamento na igreja
Na tarde de quarta-feira (5), parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis, conhecida como “igreja de ouro”, desabou no Centro Histórico de Salvador, causando a morte da turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, e deixando outras seis pessoas feridas.
O templo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo Pedro Júnior Freitas da Silva, frade guardião e diretor da Igreja e Convento de São Francisco, o instituto havia sido alertado na segunda-feira (3) sobre a dilatação no forro do teto.
Quatro meses antes do incidente, o frade e o Iphan haviam assinado uma ordem de serviço no valor de R$ 1,2 milhão para a elaboração de projetos de restauração e preservação do templo.
O superintendente do Iphan, Hermano Fabrício, afirmou em entrevista à Rádio Metrópole que “o dever de conservação da igreja é da ordem franciscana”. Ele também destacou que “não existe vistoria sobre todos os imóveis tombados durante todo o tempo” e admitiu que não foram realizadas vistorias recentes no local.
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