Após lista de exceção, setor está esperançoso com fim do tarifaço ao café
Presidente da Asocafé, João Lopes, destaca preocupação em perder um parceiro tradicional como os EUA, mas ainda tem esperança da isenção
Por João Tramm.
Um total de 694 produtos ficaram isentos da nova tarifa de importação de 50% definida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Ordem Executiva assinada nesta quarta-feira (30). No entanto, o café brasileiro ficou de fora dessa lista de exceções, o que acende o alerta entre produtores e exportadores nacionais.
Itens como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis (incluindo peças e motores), polpa de madeira, celulose, metais preciosos e produtos energéticos não serão afetados pelo aumento da taxação. Já o café — um dos principais itens da pauta de exportação do Brasil para os EUA — continuará sujeito à tarifa majorada.
De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o Brasil é o maior fornecedor de café para o mercado norte-americano, representando mais de 30% da oferta do grão nos Estados Unidos. Entre todos os destinos das exportações brasileiras, os EUA lideram a lista, sendo responsáveis por 16% do total dos embarques.
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Apesar da esperança, setor segue preocupado
Em entrevista ao Aratu On, João Lopes, presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (ASSOCAFÉ), lamentou a exclusão do café da lista de exceções. “É um problema. Estamos em uma posição privilegiada porque está faltando café no mundo. Conseguimos abrir novos mercados, mas os EUA sempre foram um grande consumidor nosso, então não deixa de ser um problema sério deixar um cliente tradicional sem atender”, afirmou.
O dirigente ressaltou que há uma expectativa de reversão da medida, destacando os esforços do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) nesse sentido. “O Conselho está fazendo um trabalho grande para tentar reverter essa situação. É lamentável. Ficamos sem entender por que o café foi deixado de fora da isenção. Não há nenhum outro país com capacidade para suprir os EUA como o Brasil. A Colômbia pode enviar uma quantidade, mas é muito pequena. No fim, quem paga mais caro é o consumidor americano.”
A Bahia, quarto maior produtor de café do Brasil, também pode sentir os efeitos da medida. Segundo João Lopes, grandes empresas exportadoras instaladas no estado estão em alerta diante da possível retração do mercado americano.
Além da preocupação com a tarifa, o presidente da Assocafé destacou que os preços do produto devem continuar em alta. “Estamos agora na fase da colheita, é natural que o preço baixe um pouco. Mas a safra foi ruim no mundo todo, por condições climáticas. A tendência é que volte a subir nos próximos dois meses. A expectativa é de que apenas entre 2026 e 2027 a oferta volte ao equilíbrio, porque quando há seca a planta demora de se recuperar quando há seca”, concluiu.
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