Música do Ilê embala protesto de estudantes contra racismo em shopping

Com música do Ilê, estudantes, pais e professores protestam contra racismo em shopping de São Paulo

Por Da Redação.

A música "Mundo Negro", composição de Paulinho Camafeu imortalizada pelo bloco afro baiano Ilê Aiyê, embalou um protesto contra o racismo em frente ao Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, nesta quarta-feira (23). A manifestação ocorreu em resposta a um caso de racismo denunciado por dois estudantes negros, ambos com 12 anos, do Colégio Equipe, na capital paulista, e reuniu colegas, pais e professores.

Veja abaixo:

Os estudantes relataram ter sido vítimas de abordagem discriminatória por parte da equipe de segurança do shopping, no último dia 16 de abril. Segundo o relato, as crianças foram impedidas de circular sozinhas no local, mesmo estando acompanhadas de um professor. A escola registrou uma queixa formal junto ao shopping.

Uma das situações denunciadas envolveu uma funcionária de segurança abordando uma aluna branca que estava na fila de uma lanchonete com dois colegas negros, perguntando se os meninos a estavam "incomodando". Os três são estudantes da mesma turma no colégio, que possui mensalidades em torno de R$ 4 mil.

Durante a manifestação, alunos, pais e professores caminharam da escola até o shopping, portando cartazes com mensagens contra o racismo. A marcha, autorizada e acompanhada pela Polícia Militar, seguiu até o interior do centro comercial, onde um professor leu um manifesto. “Eles estão te incomodando? Estão pedindo alguma coisa? Essa pergunta não é ingênua. É racismo estrutural”, disse o texto. “Exigimos ações contra o racismo estrutural.”

Protesto contra o racismo reuniu estudantes, pais e professores em shopping de São Paulo | @danillobs_ /Danillo Santana

Em entrevista ao SBT News, uma docente que preferiu não se identificar afirmou que o caso “não é isolado”. “Cada ato racista deixa marcas profundas, feridas abertas”, declarou.

O protesto foi pacífico e chegou a interromper parcialmente o funcionamento de algumas lojas, que fecharam as portas enquanto os manifestantes ocupavam o átrio central do shopping.

Julia, aluna do 5º ano, levou um cartaz feito na escola. “Fiz um cartaz na escola e colei lá no muro, porque racismo não pode mais. É horrível isso, a gente tem que se manifestar”, afirmou. Já Helena, de 10 anos, declarou: “A gente está aqui porque a segurança do shopping foi racista. Achou que um menino negro estava pedindo dinheiro para uma menina branca. E isso não pode acontecer. Racismo é crime.”

Comunidade de escola privada exibiu cartazes contra racismo nas ruas de Higienópolis | Foto: Marcela Guimarães/SBT

Em nota enviada à imprensa, o Shopping Pátio Higienópolis informou que a manifestação foi pacífica e reforçou “compromisso com o respeito ao direito à livre expressão, dentro dos limites do regulamento do empreendimento”.

Após o ocorrido, a família de uma das vítimas registrou boletim de ocorrência. Segundo relatos de alunos, professores e a própria escola, os três estudantes haviam participado, horas antes da abordagem, de uma aula sobre letramento racial. A escola e a Ocupação Mauá, onde vive um dos estudantes, estão organizando ações em resposta ao caso.

Em nota complementar, o shopping lamentou o episódio e afirmou estar em contato com a família da aluna envolvida. “O comportamento adotado não reflete os valores do shopping e o tema está sendo tratado com máxima seriedade. O empreendimento possui frequente grade de treinamentos e letramento, que será ainda mais reforçada para reiterar nosso compromisso inegociável com a construção de um espaço verdadeiramente seguro e acolhedor para todas as pessoas.”

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Com informações do SBT News e do Site Mundo Negro

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