Ozempic e Mounjaro: veja os riscos deles para quem deseja engravidar

Além do Ozempic e Mounjaro, outros métodos de emagrecimento podem prejudicar o sonho da maternidade

Por Ananda Costa.

Em busca por emagrecimento rápido e pelo corpo ideal tem impulsionado o uso de medicamentos e hormônios com fins estéticos, como as chamadas “canetas do emagrecimento” (Ozempic e Mounjaro), o chip da beleza e até a testosterona. Apesar da popularidade dessas substâncias, especialistas alertam para os riscos de métodos de emagrecimento para mulheres que desejam engravidar. 

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Ozempic e Mounjaro ganharam repercussão nas redes sociais. Foto Guia de Farmácia

Em entrevista ao Aratu On, Dra. Graziele Reis, ginecologista e especialista em reprodução assistida, explica como esses tratamentos podem afetar a capacidade de engravidar, além de representar riscos à gestação e ao desenvolvimento do bebê.

“São medicamentos relativamente novos. A gente não tem estudos em seres humanos que confirmem se vai ter alguma repercussão realmente na gestação ou no desenvolvimento do bebê. No entanto, tanto o Mounjaro quanto o Ozempic podem causar alterações congênitas. Além disso, já foram associados a crescimento intrauterino restrito — ou seja, bebês que nascem com baixo peso”, informou. 

Interrupção do Ozempic e Mounjaro durante a gravidez 

Foto: Divulgação/Mounjaro

A obesidade é reconhecida como um fator que interfere negativamente na fertilidade. Por isso, em alguns casos específicos, medicamentos como o Ozempic e o Mounjaro são utilizados com acompanhamento médico antes da gestação, para ajudar na perda de peso. No entanto, o uso dessas medicações exige planejamento e cautela, especialmente para mulheres que desejam engravidar em breve.

“O ideal é suspender essas medicações dois meses antes da gestação. A gente não recomenda o uso durante a gravidez, justamente porque não há estudos conclusivos em humanos, e os que temos com animais já mostram riscos importantes.”

Outros métodos de emagrecimento

Celso Pupo/Adobe Stock . Fonte: Agência Senado

Outro alerta importante feito pela Dra. Graziele envolve o uso crescente de hormônios com finalidade estética, especialmente entre pessoas que buscam um corpo mais musculoso e “definido”. Nesse grupo estão substâncias como a gestrinona, popularmente conhecida como o chip da beleza, e a testosterona, que vêm sendo aplicadas de forma irregular por clínicas e profissionais sem especialização em endocrinologia ou fertilidade.

“O chip da beleza é uma variação de hormônio comumente utilizada em casos específicos, como endometriose ou TPM intensa, quando outros tratamentos não funcionaram. No entanto, ele vem sendo prescrito com fins estéticos, para aumento de massa muscular e redução de gordura, sem real necessidade médica”, explica a especialista.

O problema é que o uso indevido dessas substâncias pode ter impactos sérios e, muitas vezes, irreversíveis na fertilidade feminina. Segundo a médica, o que se tem observado em consultórios de fertilidade são mulheres jovens com reserva ovariana reduzida, ovários bloqueados, endométrio atrofiado e não receptivo para a implantação do embrião. Todos esses quadros dificultam ou até inviabilizam uma gravidez natural e, em muitos casos, mesmo os tratamentos de reprodução assistida tornam-se mais complexos ou menos eficazes.

Nos homens, o cenário também preocupa. O uso de testosterona exógena, seja em forma de injeções, implantes ou outras aplicações, envia ao corpo um sinal de que não é mais necessário produzir o hormônio de forma natural. Isso reduz ou até interrompe completamente a produção de espermatozoides, resultando em casos de azoospermia (ausência total de espermatozoides no sêmen).

“Muitos homens chegam para o tratamento de fertilidade com azoospermia causada pelo uso de testosterona. Em alguns casos, conseguimos reverter o quadro com tempo, suspensão do hormônio e tratamento. Mas, infelizmente, há situações em que a infertilidade se torna permanente”, relata a médica.

Saúde mental das mulheres 

Foto: Daniel Reche / Freepik

A obsessão pelo corpo perfeito tem impactos que vão além do físico. Para a Dra. Graziele, o momento da gestação já é delicado do ponto de vista emocional, e a pressão estética amplificada pelas redes sociais pode ser um fator de sofrimento. “Essa cobrança por um corpo ideal durante a gravidez pode gerar ansiedade e estresse, o que impacta negativamente o bem-estar da mulher”, afirma.

Ela lembra ainda que, embora não haja evidência direta de que fatores emocionais causem perdas gestacionais, mulheres que passam por abortos ou óbitos fetais precisam ser acompanhadas com cuidado. “Essas pacientes devem ser acolhidas por familiares, amigos e também por profissionais. Existem cuidados paliativos na obstetrícia, que consideram o luto da perda gestacional como algo digno de atenção e respeito.”

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