Mulheres são as que mais morrem de hipertensão por consumo excessivo de álcool
O consumo de bebidas alcoólicas em excesso está associado ao aumento da mortalidade por hipertensão, especialmente entre mulheres
Por Bruna Castelo Branco.
O consumo de bebidas alcoólicas em excesso está associado ao aumento da mortalidade por hipertensão, especialmente entre mulheres, segundo pesquisa publicada em julho no American Journal of Preventive Medicine. O estudo analisou mortes por hipertensão atribuíveis ao álcool nos Estados Unidos e identificou um crescimento significativo nos últimos anos.
De acordo com os dados, o número total de mortes por hipertensão no país subiu, em média, 41,5% ao ano entre os períodos de 2016-2017 e 2020-2021, passando de 86.396 para 122.234 óbitos anuais. No mesmo intervalo, as mortes atribuíveis ao consumo excessivo de álcool saltaram de 13.941 para 21.137, alta de 51,6%. Mais de 60% desses casos ocorreram entre mulheres, e o aumento proporcional foi maior nesse grupo.
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Os autores apontam fatores culturais para explicar o resultado. “Houve uma mudança nos padrões de consumo nas últimas décadas — as mulheres passaram a beber mais, hábito antes mais comum entre os homens”, destaca o estudo.
Embora o levantamento tenha sido realizado com a população norte-americana, os pesquisadores afirmam que o cenário serve de alerta para outros países, como o Brasil. A sexta edição da publicação Álcool e a saúde dos brasileiros, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), mostrou que o consumo per capita no país — medido em litros de álcool puro por pessoa com 15 anos ou mais — caiu 10,4% entre 2010 (8,6 litros) e 2019 (7,7 litros). Apesar da redução, os índices seguem acima da média mundial, de 5,7 litros em 2010 e 5,5 litros em 2019, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Dados do Cisa também indicam que, em 2022, as mortes exclusivamente atribuíveis ao álcool foram mais frequentes entre mulheres pretas, com 3,2 óbitos por 100 mil habitantes. Entre brancas e pardas, as taxas foram de 1,4 e 2,2 por 100 mil, respectivamente.
No Brasil, a pesquisa identificou 33 mortes atribuíveis ao álcool a cada 100 mil habitantes em 2022, sendo 3% relacionadas à hipertensão. Conforme dados do Departamento de Informação e Informática do SUS (DataSUS), a pressão alta figura entre as principais causas de óbitos ligados ao consumo de bebidas alcoólicas, especialmente entre pessoas com 55 anos ou mais.
Segundo o estudo, para indivíduos com hipertensão, a moderação é essencial, e “a abstinência, muitas vezes, é o melhor caminho para o coração”. A OMS define uma dose padrão como cerca de 10 gramas de álcool puro, equivalente, aproximadamente, a uma lata de cerveja comum (350 ml) ou uma taça pequena de vinho (150 ml).
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