Anvisa nega relação entre uso de paracetamol e autismo: 'Não há registros'
Segundo a Anvisa, não há registros de eventos adversos que relacionem o uso de paracetamol na gravidez a casos de autismo
Por Bruna Castelo Branco.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, na terça-feira (23), uma nota de esclarecimento após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o uso de Tylenol (paracetamol) durante a gravidez ao desenvolvimento de autismo em crianças. A fala aconteceu durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ao Aratu On, a ginecologista e especialista em reprodução assistida, Graziele Reis, também negou a relação: "Com base nas evidências mais recentes, não há comprovação científica de que o paracetamol aumente o risco de autismo quando usado de forma adequada".
O paracetamol é registrado no Brasil e indicado para reduzir febre e aliviar dores, como de cabeça, dente, nas costas e cólicas menstruais. Segundo a Anvisa, “no país, não há registros de notificações de suspeitas de eventos adversos que relacionem o uso de paracetamol durante a gravidez a casos de autismo”.
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A agência classificou o medicamento como de baixo risco, destacando que ele integra a lista de produtos que não exigem prescrição médica, conforme a Instrução Normativa nº 265/2023. Essa condição, segundo a nota, “é resultado de um histórico de uso seguro e amplamente estabelecido ao longo de muitos anos de acompanhamento”.
A Anvisa também ressaltou que “as normas brasileiras para registro de medicamentos seguem critérios técnicos e científicos rigorosos, que asseguram qualidade, segurança e eficácia”, e lembrou que o monitoramento dos fármacos é contínuo, realizado em cooperação com outras agências reguladoras internacionais.
“Reforçamos que todo medicamento deve ser utilizado com orientação de profissionais de saúde, como médicos ou farmacêuticos, para garantir sua eficácia e prevenir efeitos indesejados”, acrescentou a agência.
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Paracetamol e autismo: OMS nega relação
Mais cedo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também afirmou não existirem evidências científicas que associem o uso de paracetamol na gravidez ao autismo. O porta-voz Tarik Jašarević disse que estudos que levantaram essa hipótese não foram confirmados em pesquisas posteriores.
Apesar da ausência de respaldo científico, Trump declarou que a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) recomendaria evitar o medicamento em gestantes e voltou a repetir falsamente a associação entre vacinas infantis e autismo, tese rejeitada pela comunidade médica.
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