Trump diz que grávidas não podem tomar Tylenol por risco de autismo
Até o momento, não tem comprovação oficial de que grávidas não podem tomar Tylenol durante o período da gestação
Por Ananda Costa.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, envolvido na polêmica do tarifaço de 50% sobre os produtos do Brasil, viralizou nesta segunda-feira (22), após declarar que grávidas não podem tomar Tylenol, associando o uso do paracetamol durante a gestação a um suposto aumento no risco de autismo em crianças.
A fala foi feita em coletiva de imprensa na Casa Branca, na qual ele repetiu várias vezes que “tomar Tylenol não é bom”.
Após o anúncio, o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., informou que a FDA (Food and Drug Administration) emitirá um aviso oficial a médicos sobre os riscos do medicamento durante a gravidez. A agência também anunciou que vai alterar a bula do paracetamol para incluir novas orientações.
“A FDA está tomando medidas para conscientizar pais e médicos sobre um conjunto considerável de evidências sobre os riscos potenciais associados ao paracetamol. [...] No entanto, continua sendo razoável que mulheres grávidas usem paracetamol em certos cenários”, disse.
Estudos comprovam que grávidas não podem tomar Tylenol?
O paracetamol é um dos analgésicos e antitérmicos mais consumidos no mundo, indicado para dores e febre.
A recomendação do governo norte-americano teria relação com pesquisas recentes, incluindo uma revisão publicada em agosto por cientistas do Monte Sinai e de Harvard, que sugerem uma possível ligação entre o uso do medicamento no início da gravidez e risco aumentado de autismo em crianças.
Até o momento, no entanto, não há estudos conclusivos que comprovem a relação entre paracetamol e autismo. Especialistas ressaltam que o tema segue em debate na comunidade médica e que não há consenso científico sobre os riscos.
Outros estudos relacionados ao autismo
Em 2015, um estudo realizado nos Estados Unidos, no Journal of the American Medical Association, Pediatrics, informou que o uso de antidepressivos durante a gravidez aumenta em 87% o risco de autismo para a criança.
As conclusões do trabalho são importantes, já que de 6% a 10% das mulheres recebem a prescrição de antidepressivos, destacam os pesquisadores que analisaram os dados médicos de 145.456 grávidas na província de Quebec.
“As diversas causas do autismo continuam a ser pesquisadas, mas os trabalhos demonstram que a genética e o ambiente podem ser fatores de risco?, explica a professora Anick Bérard.
"A nossa investigação permite observar que tomar antidepressivos, sobretudo os que atuam sobre a serotonina (um neurotransformador), durante o segundo ou o terceiro trimestre da gravidez, quase duplica o risco de autismo no bebê", acrescentou.
Bérard e sua equipe acompanharam 145.456 crianças desde a gestação até os 10 anos.
Remédios essenciais para autistas
Em maio deste ano, a Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou proposta que inclui, no programa Farmácia Popular do Brasil, os medicamentos de uso contínuo e essenciais ao tratamento do transtorno do espectro autista (TEA).
O Projeto de Lei 4436/24, do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), estabelece que os estabelecimentos credenciados ao Farmácia Popular deverão oferecer: medicamentos para comorbidades associadas ao TEA, como insônia, hiperatividade, ansiedade e agressividade; e outros medicamentos recomendados por médicos especialistas no tratamento do transtorno.
O projeto prevê que a lista de medicamentos deverá ser constantemente revisada para incluir novas terapias mais eficazes, cabendo ao Ministério da Saúde regulamentar a atualização dos remédios conforme a comprovação de necessidade.
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