Vídeo de live de Bolsonaro é removido do Youtube por promover "informação incorreta sobre a Covid-19"
"Colocaram o que na veia do cara? Água de côco. E deu certo. Se fosse esperar uma comprovação científica teria morrido quantas pessoas na Guerra do Pacífico que não morreram?", dizia ele
Um vídeo do canal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que reproduzia uma live feita no dia 14 de janeiro deste ano, foi removido do YouTube nesta terça-feira (20/4). Essa é pela primeira vez que a plataforma exclui um vídeo do chefe do Executivo brasileiro.
A plataforma confirmou a informação para a coluna Tilt, do Uol, e explicou que "o vídeo foi removido por violar a política de informação incorreta sobre a covid-19 do YouTube, que foi atualizada na última semana". Quem acessa a live pelo link anterior, vê apenas o aviso de que "este vídeo foi removido por violar as diretrizes da comunidade do YouTube". Apesar da remoção no YouTube, o vídeo ainda está disponível no Facebook.
O vídeo tem 1h06 de duração e mostra Bolsonaro ao lado do então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e a intérprete de Libras. Na época, Manaus passava por um colapso na saúde com falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), oxigênio e com recorde de mortes pela doença.
Ao longo do vídeo, Bolsonaro disse que também questionou o protocolo do Ministério da Saúde feito pelo ex-ministro da Saúde e médico Henrique Mandetta sobre indicar o uso de hidroxicloroquina apenas para casos graves da doença. Ele diz que os medicamentos do "kit covid" não "fazem mal", contrariando a indicação de médicos e especialistas sobre os riscos do tratamento sem eficácia científica comprovada.
"Quero repetir aqui a história. Guerra do Pacífico. Os soldados chegavam lá feridos, não tinha sangue, não tinha doador. Colocaram o que na veia do cara? Água de côco. E deu certo. Se fosse esperar uma comprovação científica teriam morrido quantas pessoas na Guerra do Pacífico que não morreram? É a mesma coisa o tratamento precoce da Covid-19 com hidroxicloroquina, ivermectina, a tal da Annita, mais azitromicina, mais vitamina D. E não faz mal isso aí. E, se lá para a frente for comprovado que não faz surtir efeito, o que não vai acontecer porque, repito, neste prédio que eu estou aqui, mais de duzentas pessoas contraíram Covid, foram tratadas precocemente e nenhuma foi para o hospital", defendeu.
Bolsonaro também criticou o isolamento social e o uso de máscaras. "E alguns falam 'não tem comprovação científica', oh cara, mas não tem efeito colateral. (...) Tem dado certo, a hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, Anitta, zinco, vitamina D. Procure o seu médico, se ele falar que está errado, procure outro médico. Mas se você vai tomar um vermífugo, como a ivermectina, que muita gente está dizendo que dá certo, por que você vai falar que não vai tomar porque não tem comprovação científica ainda. Mas a observacional existe e tem dado certo. A carga viral [nos doentes] tem diminuído", afirmou, sem citar nenhuma fonte.
O Palácio do Planalto informou que "não irá se manifestar" sobre o caso. Segundo um porta-voz do YouTube à reportagem, a plataforma tem sido mais rigorosa em relação aos vídeos que divulguem o uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento ou prevenção da doença. Além da hidroxicloroquina e da ivermectina, a plataforma lista que serão removidos os contéudos que citam fake news sobre tratamento, prevenção, diagnóstico, transmissão, diretrizes sobre distanciamento social e autoisolamento e a existência da Covid-19.
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