Greve dos professores: vereadora acusa Bruno Reis de perseguir categoria
Marta Rodrigues denuncia ameaça de corte de salários e descumprimento da lei do piso nacional; Salvador vive greve dos professores da rede municipal
Por Matheus Caldas.
A vereadora Marta Rodrigues (PT) fez críticas à gestão municipal nesta terça-feira (20), ao acusar o prefeito Bruno Reis (União) de adotar práticas autoritárias contra os professores da rede municipal de Salvador. A denúncia foi feita no contexto da greve dos professores, que já dura 16 dias e afeta mais de 131 mil estudantes da capital baiana.
Segundo Marta, a prefeitura tenta “criminalizar uma greve legal e legítima”, ameaçando cortar salários dos educadores paralisados e ignorando direitos constitucionais.
“Isso não é gestão. É uma tentativa de silenciar, à força, uma categoria que luta por seus direitos, utilizando a estrutura do poder público para perseguir educadores. Bruno Reis se recusa a cumprir a lei, alega ‘falta de recursos’ sem justificativa e trata o pleito dos professores como se fosse um capricho, quando, na verdade, é uma luta por dignidade”, afirmou.
Enquanto há continuidade da greve dos professores municipais, nesta quinta-feira (22) a Câmara de Salvador deve votar o projeto de lei, enviado pela prefeitura, de reajuste salarial da categoria. A tendência é que o texto seja aprovado sem contemplar as reivindicações dos profissionais.
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Falta de diálogo e desrespeito à lei do piso
A parlamentar do PT responsabilizou a gestão pelo impasse, ao afirmar que a greve dos professores é reflexo da falta de diálogo com os profissionais da educação. Segundo ela, mesmo com o aumento nos repasses do Fundeb (Lei nº 14.113/2020), o município segue descumprindo a Lei Federal nº 11.738, que estabelece o Piso Salarial Profissional Nacional.
De acordo com Marta Rodrigues, a defasagem salarial acumulada ultrapassa os 58%. “Mesmo com aumentos sucessivos no repasse de verbas para a educação, [...] o município acumula uma defasagem salarial de 58% por descumprir, há mais de uma década, a Lei Federal nº 11.738”, destacou.
Entre as demandas ignoradas pela prefeitura, a vereadora elencou:
- Reajuste salarial de 6,27%, com retroativo a janeiro;
- Cumprimento do terço da jornada para atividades extraclasse;
- Pagamento de licenças-prêmio e direitos pecuniários;
- Reestruturação do plano de carreira do magistério.
“A greve não é o problema. É a resposta ao descaso. A gestão municipal insiste em virar as costas para quem sustenta a escola pública com trabalho e resistência”, completou.
Presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB) defendeu diálogo entre as partes para pôr fim à greve dos professores.
Denúncias sobre infraestrutura e abandono da EJA
Marta também reforçou as críticas feitas pela APLB-Sindicato sobre as condições precárias das mais de 400 unidades escolares da rede municipal. A vereadora citou problemas como infiltrações, salas sem ventilação, banheiros quebrados e falta de merenda escolar.
“Há escolas sem professores suficientes porque a prefeitura se recusa a realizar concurso público. O que está em curso é um colapso provocado pela própria gestão”, afirmou.
A parlamentar ainda denunciou o desmonte da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que estaria sendo negligenciada pela atual administração.
“O ataque à EJA é mais uma expressão do projeto de precarização da educação. Trata-se de uma política deliberada de exclusão, que trata a educação como gasto, e não como investimento social”, concluiu Marta Rodrigues.
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