Entenda por que professores de Salvador estão em greve há 15 dias
Impasse sobre pagamento do piso nacional motiva greve dos professores que já dura mais de duas semanas
Por Matheus Caldas.
Por que professores de Salvador estão em greve? A mobilização dos docentes da rede municipal de Salvador chegou à terceira semana, sem acordo entre a categoria e a prefeitura. A paralisação, iniciada em 6 de maio, afeta mais de 131 mil alunos e gira em torno do não pagamento integral do piso nacional do magistério, estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC).
A seguir, entenda por que os professores de Salvador estão em greve, o que propõe a prefeitura, o que exige a categoria, e o que está em debate na Câmara Municipal.
Por que professores de Salvador estão em greve?
Os docentes, representados pela APLB-Sindicato, apresentaram as seguintes demandas:
- Cumprimento integral do piso salarial nacional: pagamento de R$ 4.867,77, valor definido pelo MEC - eles alegam que prefeitura paga pouco mais de R$ 3.070 e enfatizam que essa defasagem já dura desde a gestão do prefeito João Henrique;
- Reajuste compatível com a Lei do Piso do Magistério, que prevê atualização anual.
- Abertura de negociações efetivas com a gestão municipal.
- Realização de concursos públicos para recomposição do quadro.
- Melhores condições de trabalho nas salas de aula.
- Reajuste para aposentados e pensionistas com paridade.
“O prefeito não apresentou nenhuma proposta de como iria recuperar essas perdas para chegar até o piso salarial. [...] Infelizmente ele envia para a Câmara uma proposta que não contempla de jeito nenhum ao que foi reivindicado”, criticou a vice-coordenadora do sindicato, Marilene Betros, em nota enviada à imprensa.
O que prefeitura propõe aos professores?
A proposta enviada pelo prefeito Bruno Reis (União) à Câmara Municipal, por meio do Projeto de Lei nº 174/2025, estabelece os seguintes reajustes:
- 9,25% para professores do Nível 1 / Referência A;
- 6,65% para o Nível 1 / Referência B;
- 6,27% a partir do Nível 1 / Referência C;
- 6,27% também para o quadro suplementar do magistério;
- Aplicação retroativa a 1º de maio de 2025;
- O mesmo percentual de 6,27% para inativos e pensionistas do magistério.
Segundo o presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), o prefeito teria afirmado que a proposta escalonada garante que “todos os professores estariam ganhando o piso”.
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O que diz a Câmara Municipal
O projeto ainda tramita nas comissões de Constituição e Justiça, Finanças e de Educação. Carlos Muniz declarou que, se houver parecer favorável, a proposta pode ser votada na ainda quarta (21) ou quinta-feira (22).
“Nossa obrigação aqui é uma obrigação de colegiado. [...] Se houver um parecer favorável, nós iremos pautar o projeto para votação. Mas, se for contrário, não poderemos votar”, afirmou Muniz, na sessão ordinária da Câmara desta terça-feira (20).
Ele também lamentou a falta de avanço no diálogo entre a gestão municipal e o sindicato: “Nós tentamos fazer com que o secretário de Educação dialogasse com o sindicato [...]. Ainda espero que isso aconteça o mais rápido possível.”
Reivindicações dos professores x propostas da prefeitura
Ponto | O que os professores reivindicam | O que a prefeitura propõe (PL nº 174/2025) |
---|---|---|
Piso nacional do magistério | Pagamento integral do piso de R$ 4.867,77, conforme definição do MEC. | Não propõe atingir o valor do piso. O reajuste chega a no máximo 9,25%, abaixo do valor reivindicado. |
Reajuste salarial | Reajuste que garanta o cumprimento da Lei do Piso, com correção anual. | Reajustes escalonados: 9,25% para Ref. A, 6,65% para Ref. B e 6,27% para Ref. C em diante. |
Negociação efetiva | Abertura de nova rodada de diálogo após rejeição da proposta anterior. | Prefeitura alega estar “aberta ao diálogo”, mas não retomou negociações formais após a última proposta. |
Concurso público | Realização de novos concursos para suprir déficit de professores. | Não há previsão de concursos no projeto de lei. |
Melhores condições de trabalho | Melhoria da estrutura física e pedagógica das escolas e condições de sala de aula. | Projeto destaca investimentos gerais em infraestrutura, mas não detalha medidas específicas para a categoria. |
Valorização de aposentados e pensionistas | Garantia de reajuste para inativos com paridade. | Reajuste de 6,27% para inativos e pensionistas do magistério, retroativo a 1º de maio. |
Respeito à decisão judicial | Professores mantêm greve apesar de determinação judicial pelo retorno imediato. | Prefeitura acionou o TJ-BA e destaca que nem todos aderiram à greve. |
Impactos da greve
O presidente da Câmara alertou para os efeitos sociais da paralisação:
“Com certeza, deixa de ser um problema educacional e passa a ser um problema familiar, pois as mães quando vão trabalhar não têm onde deixar seus filhos que, na maioria das vezes, ficam nas escolas”, avaliou.
Por fim, Muniz pediu que o bom senso prevaleça: “Temos que ver não apenas um lado, mas todos os lados da moeda com bom senso. Se a Prefeitura tem condições de acatar o que é reivindicado pelos professores, também”.
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