Confira a cronologia da tentativa de golpe de Estado, segundo a PGR

Cronologia da tentativa de golpe teve inicio em 2021

Por Da Redação.

Março de 2021 foi um mês decisivo para o que poderia ser a implementação de um plano de ruptura da ordem democrática e tentativa de golpe de Estado, por parte de Jair Bolsonaro e seus aliados, segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A reviravolta política começou no dia 8 de março, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Facchin, anulou as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato, devolvendo-lhe a elegibilidade.


Lula se configurava como o principal rival de Bolsonaro na eleição presidencial do ano seguinte, com pesquisas eleitorais apontando a liderança do petista nas intenções de voto.


Lula se configurava como o principal rival de Bolsonaro na eleição presidencial do ano seguinte. Foto: Valter Campanato| Agência Brasil

Lula se configurava como o principal rival de Bolsonaro na eleição presidencial do ano seguinte. Foto: Valter Campanato| Agência Brasil




A articulação política ao redor de Bolsonaro logo percebeu que era necessário agir rapidamente diante da possibilidade de um cenário em que Lula pudesse ser vitorioso nas urnas. Foi nesse contexto que, segundo a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, começaram as primeiras movimentações para a execução de um plano voltado à manutenção do poder, independentemente do resultado das eleições de 2022.


Decisão de ignorar o STF


Após o restabelecimento da elegibilidade de Lula, aliados próximos de Bolsonaro, que viria a formar um núcleo golpista, começaram a considerar a possibilidade de o presidente desobedecer deliberadamente decisões do STF. No decorrer de março, ainda, esse grupo de apoio de Bolsonaro começou a articular abertamente formas de enfraquecer o processo eleitoral e invalidar uma eventual vitória de Lula.


Segundo a denúncia, o grupo traçou um discurso focado em deslegitimar o processo eleitoral brasileiro, concentrando esforços em questionar a segurança das urnas eletrônicas e impulsionar narrativas fraudulentas. O objetivo era criar uma percepção de que as urnas poderiam ser manipuladas para garantir a vitória do adversário, caso este fosse eleito.


Ataques às Urnas 


A execução desse plano foi progressiva, mas ganhou força com o tempo. No dia 29 de julho de 2021, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo em que criticava o sistema eletrônico de votação, ao mesmo tempo em que exaltava a atuação das Forças Armadas. Essa transmissão foi apenas um dos momentos de crescente hostilidade às instituições democráticas, marcando o início de uma série de pronunciamentos cada vez mais agressivos por parte de Bolsonaro, com o intuito de incitar seus apoiadores e gerar indignação.


Apesar das decisões da Câmara dos Deputados, que manteve o sistema de urnas eletrônicas, o presidente continuou a atacar a legitimidade das eleições. Durante os festejos de 7 de setembro de 2021, por exemplo, Bolsonaro deixou claro em seu discurso que não seguiria mais as decisões do STF e que confiava no apoio das Forças Armadas para sustentar sua permanência no cargo, caso fosse necessário.


Discurso de Ameaça e Plano de Fuga


Em suas falas públicas, Bolsonaro não apenas atacou o STF, mas também declarou abertamente que não seria preso, morto ou derrotado nas urnas. Ao fazer isso, demonstrava a intenção de reforçar sua posição de resistência e encorajar seus seguidores. Esse discurso de resistência radical foi reforçado pelo núcleo golpista, que já discutia possíveis estratégias de fuga caso o golpe não tivesse o apoio esperado das Forças Armadas.


Em uma reunião, o grupo ao redor de Bolsonaro sugeriu que, caso o apoio das Forças Armadas não fosse suficiente, o presidente deveria ser preparado para enfrentar as consequências da derrota com a ajuda de seus apoiadores, ou até mesmo com o uso da força militar.


Ataques ao STF


Com o aproximar das eleições de 2022, as críticas e ataques às urnas continuaram a ser uma tática constante de Bolsonaro e seus aliados. A narrativa de fraude no sistema eleitoral ganhava força, sendo constantemente propagada por membros do governo e seus seguidores, ignorando as respostas técnicas das autoridades judiciais.


No dia 5 de julho de 2022, com Lula já se consolidando como favorito nas pesquisas, o presidente convocou uma reunião ministerial para aprofundar a ideia de atacar o sistema eleitoral e espalhar notícias falsas sobre as eleições. Durante essa reunião, o general Augusto Heleno, um dos acusados de envolvimento no núcleo golpista, sugeriu que, caso fosse necessário, as ações deveriam ocorrer antes da eleição, para garantir o controle da situação.


Tentativa de Intervenção 


Em meio à escalada de ataques, Bolsonaro convocou uma reunião com embaixadores no dia 18 de julho de 2022, onde novamente acusou o sistema eleitoral de ser vulnerável a fraudes, sem apresentar evidências concretas. Além disso, durante o segundo turno da eleição, o grupo tentou interferir diretamente no processo, com operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em locais estratégicos, com o objetivo de dificultar o acesso dos eleitores às zonas eleitorais onde Lula havia obtido mais votos no primeiro turno.


Com a vitória de Lula nas urnas, o movimento golpista não desistiu. Embora as Forças Armadas tenham se mantido firmes em seu compromisso constitucional, o grupo de Bolsonaro tentou, em novembro de 2022, pressionar oficiais do Exército, buscando apoio para a execução do golpe. No entanto, apesar dos esforços, o plano fracassou. O apoio militar necessário para a concretização da ruptura não se materializou.


Manifestações de 8 de Janeiro: Tentativa de Golpe


Em 8 de janeiro de 2023, depois da posse de Lula, apoiadores de Bolsonaro se mobilizaram em manifestações contra o novo governo, que se tornaram um pretexto para um golpe. Durante esse dia, houve invasões e vandalismos nos Três Poderes em Brasília, como parte de uma tentativa de destituir o novo presidente. O STF, que havia sido alvo constante de ataques durante todo o processo, agora encarava as ações como uma tentativa clara de golpe de Estado.


Em 8 de janeiro de 2023, depois da posse de Lula, apoiadores de Bolsonaro se mobilizaram em manifestações contra o novo governo, que se tornaram um pretexto para um golpe. Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Em 8 de janeiro de 2023, depois da posse de Lula, apoiadores de Bolsonaro se mobilizaram em manifestações contra o novo governo, que se tornaram um pretexto para um golpe. Foto: Joedson Alves/Agência Brasil




A PGR apontou que, embora o golpe estivesse sendo planejado desde 2021, ele não foi consumado devido à resistência das Forças Armadas e a postura constitucional dos comandantes militares, que se opuseram à tentativa de subverter a ordem democrática.


* Com informações da Agência Brasil

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