Ato na USP repudia tarifas de Trump e defende soberania do Brasil
Ato na USP repudia tarifas de Trump e reúne mais de 100 entidades em defesa da soberania nacional
Por Laraelen Oliveira.
Representantes de movimentos sociais, partidos políticos, universidades, centrais sindicais, juristas e organizações da sociedade civil realizaram nesta sexta-feira (25) um ato em defesa da soberania nacional. O evento ocorreu na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no tradicional Largo São Francisco, no centro da capital paulista.
Durante o ato, foi lido um manifesto que repudia tentativas de interferência na democracia brasileira, com críticas diretas às tarifas anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida prevê a elevação das taxas sobre produtos brasileiros de 10% para 50% e, segundo Trump, seria justificada pela suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
As organizações que assinam o manifesto afirmam que a alegação configura uma tentativa inaceitável de intervenção nos assuntos internos do Brasil. “Intromissões estranhas à ordem jurídica nacional são inadmissíveis. Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses do povo brasileiro”, diz o texto.
O documento também reforça que a legislação brasileira assegura a todos os réus o direito à ampla defesa e que as decisões judiciais são fundamentadas em provas e divulgadas de forma transparente. O manifesto conclui com um apelo ao respeito mútuo entre as nações: “Repudiamos toda e qualquer forma de intervenção, intimidação ou admoestação que busque subordinar nossa liberdade como nação democrática. A nação brasileira jamais abrirá mão de sua soberania, tão arduamente conquistada”.
Mais de 100 entidades assinaram o manifesto.
Contexto das tarifas de Trump
As tarifas anunciadas por Donald Trump representam um aumento significativo sobre produtos brasileiros, especialmente aço e alumínio, saltando de 10% para 50%. O argumento apresentado pelo ex-presidente norte-americano envolve não apenas questões comerciais, mas também críticas ao sistema judiciário brasileiro, que estaria, segundo ele, perseguindo Jair Bolsonaro, o que causou forte reação do governo Lula.
Essas medidas fazem parte de uma nova onda protecionista de Trump, que tem prometido ampliar barreiras comerciais como parte de sua plataforma eleitoral. No entanto, o caso brasileiro se destaca por envolver alegações políticas externas, algo considerado inédito e ofensivo por autoridades brasileiras. O governo federal tem buscado negociar uma saída diplomática, mas até o momento não obteve resposta da Casa Branca.
Enquanto países como Japão e Indonésia conseguiram acordos para evitar as sobretaxas, o Brasil permanece sem retorno concreto dos EUA. A tentativa de Trump de associar as tarifas a decisões judiciais internas é vista por juristas e movimentos sociais como um ataque direto à soberania e independência dos poderes no Brasil.
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