Ato na USP repudia tarifas de Trump e defende soberania do Brasil

Ato na USP repudia tarifas de Trump e reúne mais de 100 entidades em defesa da soberania nacional

Por Laraelen Oliveira.

Representantes de movimentos sociais, partidos políticos, universidades, centrais sindicais, juristas e organizações da sociedade civil realizaram nesta sexta-feira (25) um ato em defesa da soberania nacional. O evento ocorreu na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no tradicional Largo São Francisco, no centro da capital paulista.

Manifesto é lido na Faculdade de Direito da USP, no centro de SP, em defesa da soberania nacional/Foto: Gustavo Moreno

Durante o ato, foi lido um manifesto que repudia tentativas de interferência na democracia brasileira, com críticas diretas às tarifas anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida prevê a elevação das taxas sobre produtos brasileiros de 10% para 50% e, segundo Trump, seria justificada pela suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

As organizações que assinam o manifesto afirmam que a alegação configura uma tentativa inaceitável de intervenção nos assuntos internos do Brasil. “Intromissões estranhas à ordem jurídica nacional são inadmissíveis. Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses do povo brasileiro”, diz o texto.

Evento no Largo São Francisco reuniu mais de 100 entidades contra interferência política dos EUA/Foto: Freepik

O documento também reforça que a legislação brasileira assegura a todos os réus o direito à ampla defesa e que as decisões judiciais são fundamentadas em provas e divulgadas de forma transparente. O manifesto conclui com um apelo ao respeito mútuo entre as nações: “Repudiamos toda e qualquer forma de intervenção, intimidação ou admoestação que busque subordinar nossa liberdade como nação democrática. A nação brasileira jamais abrirá mão de sua soberania, tão arduamente conquistada”.

Mais de 100 entidades assinaram o manifesto.

Contexto das tarifas de Trump

As tarifas anunciadas por Donald Trump representam um aumento significativo sobre produtos brasileiros, especialmente aço e alumínio, saltando de 10% para 50%. O argumento apresentado pelo ex-presidente norte-americano envolve não apenas questões comerciais, mas também críticas ao sistema judiciário brasileiro, que estaria, segundo ele, perseguindo Jair Bolsonaro, o que causou forte reação do governo Lula.

USP se torna palco de reação coletiva às medidas comerciais e declarações de Trump/Foto: Reprodução

Essas medidas fazem parte de uma nova onda protecionista de Trump, que tem prometido ampliar barreiras comerciais como parte de sua plataforma eleitoral. No entanto, o caso brasileiro se destaca por envolver alegações políticas externas, algo considerado inédito e ofensivo por autoridades brasileiras. O governo federal tem buscado negociar uma saída diplomática, mas até o momento não obteve resposta da Casa Branca.

Enquanto países como Japão e Indonésia conseguiram acordos para evitar as sobretaxas, o Brasil permanece sem retorno concreto dos EUA. A tentativa de Trump de associar as tarifas a decisões judiciais internas é vista por juristas e movimentos sociais como um ataque direto à soberania e independência dos poderes no Brasil.

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