Golpe de Estado teria acontecido se Exército tivesse obedecido plano de Bolsonaro, diz ex-chefe da FAB
A intenção do ex-presidente, que também está sendo investigado pela PF e está inelegível, era impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O ex-comandante Carlos Almeida Baptista Júnior, da Aeronáutica, disse, em depoimento à Polícia Federal (PF), que, caso o comandante do Exército, general Freire Gomes, tivesse seguido a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após as eleições de 2022, o Brasil teria sofrido um golpe militar. A intenção do ex-presidente, que também está sendo investigado pela PF e está inelegível, era impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em depoimento, Baptista Júnior revelou: "Indagado se o posicionamento do general Freire Gomes foi determinante para que uma minuta de decreto que viabilizasse um golpe de Estado não fosse adiante, respondeu: que sim, que caso o comandante tivesse anuído, possivelmente, a tentativa de golpe de Estado teria se consumado".
No documento, a PF afirma que, de acordo com os colhidos, Baptista Júnior e Freire Gomes resistiram "às investidas do grupo golpista". Os investigadores apontam, porém, que é necessário "apurar uma possível conduta comissiva por omissão, pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados" e, ainda assim, ficarem "inertes".
SIGILO
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou nesta sexta-feira (15/3) o sigilo dos depoimentos colhidos no inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e auxiliares próximos, incluindo militares do alto escalão do governo dele.
Moraes afirmou ter tomado a decisão “diante de inúmeras publicações jornalísticas com informações incompletas sobre os depoimentos prestados à autoridade policial”. Trechos dos depoimentos prestados nas últimas semanas por investigados e testemunhas vêm sendo publicados por diferentes veículos de imprensa.
Após a decisão, o STF informou que trabalha para disponibilizar o mais breve possível todo o material, que inclui dezenas de horas de depoimentos. O ex-comandante do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, por exemplo, respondeu a perguntas da Polícia Federal (PF) por mais de sete horas e apontou o envolvimento de Bolsonaro na trama golpista, segundo as informações publicadas até o momento.
Outros depoentes preferiram ficar calados. É o caso do próprio Bolsonaro e de seu ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto. Entre os depoimentos liberados por Moraes, não constam os prestados pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que fechou acordo de colaboração premiada.
Nesta sexta (15), foi tirado o sigilo sobre o depoimento dos seguintes investigados:
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
- Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira, ex-ministro da Defesa
- Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial de Bolsonaro
- Carlos De Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica
- Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
- Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército
- Valdemar Costa Neto - presidente do PL, partido de Bolsonaro
- Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Amauri Feres Saad, advogado
- Angelo Martins DenicoliBernardo Romão Correa Netto
- Cleverson Ney Magalhães
- Eder Lindsay Magalhães Balbino
- Guilherme Marques Almeida
- Helio Ferreira Lima
- José Eduardo De Oliveira E Silva
- Laércio Vergílio
- Mario Fernandes
- Rafael Martins De Oliveira
- Ronald Ferreira De Araújo Júnior
- Sérgio Ricardo Cavaliere De Medeiros
- Tercio Arnaud Tomaz
Com informações da Agência Brasil
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