Estudo avalia integração da Ponte Salvador-Itaparica com transporte da capital

Concessionária da Ponte Salvador-Itaparica destaca que plano é fundamental, pois prefeitura da capital “exigirá compromisso da execução das obras complementares para emissão do alvará de obras” 

Por Matheus Caldas.

A concessionária da Ponte Salvador-Itaparica entregou ao governo da Bahia os estudos para o plano de integração do equipamento com o transporte público na chegada à capital baiana. O documento, obtido pelo Aratu On, servirá para embasar o plano de inserção urbana da chegada da ponte à capital baiana.

O estudo conceitual, obtido com exclusividade pela reportagem, foi realizado pelo Consórcio Jaime Lerner, Órbita e Parkinson, e apresenta três cenários: o primeiro, sem integração com o VLT na Calçada; o segundo, com integração ao modal, na Avenida Oscar Pontes; o terceiro, com integração vertical, ligando ao VLT e ao metrô (veja detalhamento abaixo).

Cenários de integração do transporte da Ilha com o VLT

Cenário 1: sem integração com o VLT

Proposta: o transporte da Ilha não teria conexão direta com o VLT.

Vantagens:

  • Acesso ao metrô na estação Acesso Norte;
  • Redução dos custos iniciais.

Desvantagens:

  • Ausência de parada na região da Calçada/Comércio;
  • Menor articulação com o centro de Salvador;
  • Impossibilidade de utilizar o VLT diretamente;
  • Falta de acesso facilitado a locais importantes, como a Feira de São Joaquim (que hoje já tem conexão imediata via Ferry Boat);
  • Cenário caracterizado por segregação total, gerando grande conflito social.

Cenario 1 causaria 'segregação total que geraria grande conflito social', aponta consórcio

Cenário 2: integração na Av. Oscar Pontes

Proposta: a integração ocorreria na Avenida Oscar Pontes.

Vantagens:

  • Acesso ao metrô na estação Acesso Norte;
  • Redução dos custos iniciais;
  • Possibilidade de descida na região da Calçada/Comércio;
  • Melhor articulação com o centro de Salvador;
  • Acesso facilitado a locais como a Feira de São Joaquim.

Desvantagens:

  • Ausência de integração física direta, o que pode gerar risco de falta de integração tarifária com o VLT.
  • Percurso mais longo: ida pelo fluxo da Av. Oscar Pontes e retorno exigindo trecho prolongado para acessar a alça da ponte;
  • Sobrecarga de trânsito na região.

Cenario 2 causaria sobrecarga de trânsito na região, aponta consórcio

Cenário 3: integração vertical

Proposta: solução mais complexa, mas com benefícios ampliados.

Vantagens:

  • Acesso ao metrô na estação Acesso Norte;
  • Integração física e tarifária com o VLT e linhas locais, incluindo parada na região da Calçada/Comércio;
  • Redução no tempo de viagem;
  • Indução à requalificação urbana de áreas subutilizadas sob viadutos;
  • Introdução de soluções modernas;
  • Melhoria na experiência do usuário e valorização do entorno.

Desvantagens:

  • Maior custo e complexidade de implantação;
  • Entretanto, esses fatores são compensáveis pelos ganhos urbanos e sociais de longo prazo.

Cenário 3 tem alternativas ideais, aponta estudo | Foto: divulgação

Mais detalhes sobre o cenário 3

Em carta enviada à Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), e assinada pelo diretor-presidente Cláudio Villas Boas, a concessionária pede “breve definição quanto ao tema”, pois, a depender da escolha feita pelo governo, haverá a necessidade de alteração do projeto básico da chegada da ponte em Salvador.

O projeto faz parte do estudo urbanístico da chegada Ponte Salvador-Itaparica na capital, conduzido pela TTC Soluções em Mobilidade, e elaborado após solicitações da prefeitura. Na carta, a concessionária destaca que o plano é fundamental, pois o município “exigirá o compromisso da execução das obras complementares para emissão do alvará de obras”. 

Segundo a concessionária, a TCC indica que as intervenções urbanísticas precisam ser concluídas paralelamente à implantação do Sistema Rodoviário da Ponte Salvador-Itaparica, cujas obras devem ter início em junho de 2026, com conclusão prevista para 2031

O planejamento apresentado à Seinfra não detalha eventuais custos das obras. O Aratu On tentou obter as estimativas via Lei de Acesso à Informação, mas o governo indicou que a informação é sigilosa.

Prefeitura de Salvador aguarda estudo

Em nota enviada ao Aratu On, a Secretaria Municipal de Mobilidade de Salvador (Semob) diz aguardar o envio das informações pelo governo e indica ser “é pré-requisito para obras de grande impacto a apresentação de estudo de impacto no trânsito”.  

“O estudo visa identificar de que forma o equipamento irá influenciar no trânsito da cidade, quais locais serão mais impactados, a necessidade de intervenções complementares, entre outras informações”, diz a gestão municipal. 

Na semana passada, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), se reuniram para discutir detalhes sobre a Ponte Salvador-Itaparica. 

Enquanto as obras não têm início, o chefe do Executivo baiano solicitou à Petrobras uma área em São Roque do Paraguaçu com intuito de edificar um entreposto para auxiliar o canteiro de obras da ponte. 

Projeto de requalificação da BA-001, na Ilha de Itaparica | Foto:

Integração da Ponte Salvador-Itaparica com transporte público

O estudo tem como referência o Terminal Intermodal Gentileza, inaugurado em 2024 pela prefeitura do Rio de Janeiro, cujo intuito é integrar BRT, VLT e linhas de ônibus da capital carioca.

O equipamento utilizou estruturas construídas durante os Jogos Olímpicos de 2016 e custou R$ 532 milhões, com recursos do Novo PAC.  

Na justificativa do projeto, o consórcio responsável pelo estudo na Bahia diz que “conectar o transporte público da Ilha ajuda a mitigar conflitos sociais e econômicos e a potencializar os benefícios coletivos da nova infraestrutura”. 

A empresa ressalta, ainda, prever, desde já, que a faixa adicional para parada do transporte da ilha nos viadutos do projeto possibilita que a implantação do sistema integrado “seja em etapas, ao longo do tempo, mas já garantindo melhores condições de mobilidade no futuro”. 

Mapa de integração dos transportes na Ilha de Itaparica e em Salvador

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