“Sem propósito”, diz Associação de Baianas sobre acarajé do amor
O acarajé do amor, criado em Aracaju, não foi bem visto pela Associação de Baianas, que criticou a mudança da receita por causa da "modinha"
Por Lucas Pereira.
A Associação de Baianas de Acarajé (ABAM) repudiou publicamente a criação do “acarajé do amor”, uma versão adocicada da iguaria baiana que ganhou visibilidade nas redes sociais ao adotar a estética do “morango do amor”. Segundo a nota da entidade, divulgada nesta sexta-feira (1), a adaptação desrespeita a tradição do prato e é “sem propósito”.
A polêmica surgiu após uma baiana de Aracaju, capital de Sergipe, divulgar um vídeo em que apresenta a nova versão da receita, inspirada na tendência do momento. No lugar dos recheios tradicionais como vatapá, camarão e caruru, o acarajé do amor aparece envolto em calda de caramelo vermelho, com recheio de morango e creme branco, simulando a aparência do doce viral.
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Essa inovação não agradou as representantes da ABAM, que afirmaram não aprovar a iniciativa, alegando que a ideia do acarajé do amor ignora o propósito da receita original, passada de geração em geração. Confira:
"A Associação de Baianas de Acarajé - ABAM, não aprova e não aceita qualquer tipo de alteração em nossa receita e modo de preparo dos nossos produtos, somos empreendedoras ancestrais e focadas na tradição deixada por nossos antepassados, sem surfar nas influências contemporâneas sem propósito"
Acarajé do Amor e outras receitas
A receita de Ana Ercília Silva, dona do "Acarajé da Ana - Hamburgueria", repercutiu nas redes sociais, mas deixou o público dividido com a novidade: nas publicações, há comentários contra e a favor da receita.
"Alguém interdita essa mulher, em nome de todos os Santos", comentou um. "Sempre defendo as invenções boas dela, mas, essa foi de mais", disse outro usuário do Instagram. "Deixem o acarajé fora disso, por favor! Ele é perfeito do jeito que é", apontou outra pessoa. "Bom marketing, poucos vão entender...", escreveu uma mulher. "Vocês são demais, uma imaginação invisível, estão de parabéns, tem que se reinventar mesmo, por isso admiro tanto esse acarajé", opinou uma internauta.
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Em julho de 2023, mudanças na receita e aparência do acarajé geraram polêmica em Salvador. Quem lembra do Acarajé da Barbie, cor-de-rosa, criado pela baiana Adriana Ferreira dos Santos, do Acarajé da Drica?
Na ocasião, a Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM) repudiou a ideia por, segundo a associação, desrespeitar um alimento considerado sagrado pelo Candomblé. À imprensa, a presidente da entidade, Rita Santos, disse que o "bolinho cor-de-rosa", na verdade, nem deveria ser considerado um acarajé, e ressaltou que a receita original não pode ser modificada e que o preparo deve ser feito por filhas-de-santo, mulheres iniciadas na religião.
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