Jovem morre após comer acarajé no interior da Bahia
Jovem que morreu após comer acarajé chegou a receber atendimento, mas não resistiu e o óbito foi confirmado
Por Ananda Costa.
Uma jovem morreu após comer acarajé na noite da última quinta-feira (9), no município de Senhor do Bonfim, a 375 km de Salvador. A vítima foi identificada como Ana Beatriz de Araújo Rodrigues, de 19 anos.
Segundo o registro da Polícia Civil, a vítima passou mal após ingerir um acarajé e foi socorrida para a unidade de saúde local, onde não resistiu. A ocorrência foi lavrada pela 1ª Delegacia Territorial de Senhor do Bonfim, que está investigando o caso.
Laudos periciais e exames complementares são aguardados para esclarecer as circunstâncias e a causa do óbito. A polícia não divulgou, até o momento, outros detalhes sobre o caso.
Acarajé: história, preparo e onde comer o bolinho mais famoso da Bahia
O acarajé é muito mais que um quitute. De origem africana e com profundo significado religioso, o bolinho de feijão-fradinho frito no azeite de dendê é um ícone da culinária baiana e um patrimônio cultural de Salvador e do Brasil.
A história do acarajé começa no Golfo do Benim, na África Ocidental, de onde a receita foi trazida para o Brasil por imigrantes africanos durante o período da escravidão. A palavra, derivada do idioma iorubá, significa "comer bola de fogo" (akará = bola de fogo e jé = comer), uma referência direta ao mito de Xangô e Iansã, orixás do candomblé.
Segundo a tradição, Iansã, a deusa dos ventos e das tempestades, foi agraciada com a capacidade de cuspir labaredas de fogo após provar um preparado mágico. Em sua homenagem, o acarajé é ofertado aos orixás, sendo o preparo com nove bolinhos uma oferenda comum para Iansã.
Inicialmente, o consumo do acarajé era restrito a negros, escravos e pessoas de baixa renda. Sua comercialização se tornou uma fonte de renda para os terreiros, com as 'escravas de ganho' vendendo o quitute para se sustentar. Hoje, o acarajé é uma iguaria popular e um símbolo da identidade baiana.
As baianas de acarajé e o ofício sagrado
A venda do acarajé está intrinsecamente ligada às baianas, mulheres que, em sua maioria, são mães ou filhas de santo. Elas não apenas preparam a comida, mas também preservam uma tradição ancestral. O Ofício das Baianas de Acarajé foi reconhecido como Patrimônio Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2005.
O tabuleiro, onde elas expõem o acarajé e outras iguarias como abará, cocada e vatapá, é mais que um ponto de venda. É um espaço que reflete a cultura e a fé, abrigando também objetos rituais como figas e colares de conta. A indumentária tradicional das baianas — com seus vestidos longos e brancos e panos na cabeça — é um sinal de sua religião e status social.
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