Brasileirão pode ser paralisado após descoberta de manipulação esportiva; há jogadores envolvidos
A Justiça goiana acatou a denúncia do MP contra 16 investigados, ao todo, na Operação Penalidade Máxima II. Com isso, eles passam a ser réus e vão a julgamento após processo de instrução
O futebol no Brasil vive um escândalo com a descoberta de esquemas de manipulação - envolvendo inclusive jogadores - em resultados de jogos da categoria profissional. Agora, especula-se a possibilidade, até, de paralisação no Campeonato Brasileiro, o mais importante do país.
Nesta quarta-feira (10/5), o jornalista Marcelo Barreto, do SporTV, disse que conversou com um dirigente, que por sua vez teria afirmado: "Não vou ficar surpreso se o Brasileirão for paralisado".
Porém, em entrevista ao site "De Primeira", o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) Ronaldo Piacente, falou que a paralisação é uma "medida extrema", embora prevista no Código Brasileiro de Justiça Desportiva. "Para que haja a paralisação da competição ou impugnação de partida, o ato teria realmente que influenciar no resultado da partida. Na Série A, por exemplo, o que estamos percebendo a princípio são questões de cartões amarelos e vermelhos. É uma medida extrema, mas prevista no CBJD", comentou.
Ele disse, ainda, que os jogadores - das séries A e B - são os principais investigados, e que o STJD já tem conversas de telefone, WhatsApp, e com base nisso é "prematuro pedir uma liminar". Os clubes, por sua vez, já estão afastando os atletas. Entre os nomes acusados estão os de Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (Sergipe).
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Operação Penalidade Máxima II
Os esquemas de manipulação foram descobertos com a deflagração da Operação Penalidade Máxima II, promovida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Graeco).
Ao menos menos sete jogadores das séries A e B do Brasileiro ficaram na mira da operação, este ano. Conforme o MP-GO, os atletas eram cooptados com ofertas que chegavam a R$ 100 mil. De acordo com o artigo 243 e/ou 243-A do CBJD, a denúncia é valida caso “atuem, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende” e/ou “atuarem de forma contrária à ética desportiva com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente”.
O STJD aguarda o envio de documentos do MP de Goiás para oficializar uma denúncia contra os jogadores envolvidos no esquema. Pela justiça desportiva, eles podem ser multados e até banidos do futebol. A punição do artigo 243 se baseia em multa que pode chegar a R$ 100 mil e suspensão de 180 a 330 dias. Já a do 243-A prevê multa do mesmo valor, e “suspensão de seis a doze partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, ou pelo prazo de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código; no caso de reincidência, a pena será de eliminação''.
A Justiça goiana acatou a denúncia do MP contra 16 investigados, ao todo, na Operação Penalidade Máxima II. Com isso, eles passam a ser réus e vão a julgamento após processo de instrução.
Os apostadores acusados são Bruno Lopez de Moura (apontado como líder da quadrilha), Ícaro Fernando Calixto dos Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro, Victor Yamasaki Fernandes, Zildo Peixoto Neto, Thiago Chambó Andrade, Romário Hugo dos Santos, William de Oliveira Souza e Pedro Gama dos Santos Júnior.
Jogos de 2022 sob suspeita
Vale lembrar que, em abril deste ano, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou que rejeitava a possibilidade de cancelar jogos do Campeonato Brasileiro 2022 que estão sob suspeita. Entretanto, com o avanço da investigação em âmbito nacional, surgiu novo questionamento quanto à paralisação da edição deste ano.
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