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Vamos falar sobre suicídio? No Setembro Amarelo, número chama a atenção: duas mortes por dia na Bahia. O que fazer?

Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), de janeiro até junho deste ano, foram notificados 379 casos de suicídio - a faixa etária mais atingida é a de 30 a 49 anos

Por Bruna Castelo Branco

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Já começou o Setembro Amarelo. Criado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em 2014, o Setembro Amarelo é uma campanha nacional que promove centenas de debates e ações relacionadas à prevenção ao suicídio, contra o estigma e a favor do acolhimento. O mês foi escolhido porque, no dia 10, acontece o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, com iniciativas relacionadas ao tema em todo o mundo.


No Brasil, de acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, são notificados cerca de 14 mil suicídios por ano, ou seja, 38 por dia. No mundo, houve 700 mil vítimas em 2019. E, enquanto os números caem em todos os continentes, aumentam nas Américas. Por isso, como explica o psicólogo e neuropsicólogo Ciro Guedes, é preciso agir - e rápido.


“É um mês em que a gente vai pensar sobre o suicídio, sobre a depressão. É nesse momento que a gente tem que quebrar esse tabu sobre o assunto. Há uma crença na sociedade que, ao falar sobre esse assunto, as coisas vão piorar, mas eu acredito que não. Acredito que, quando a gente fala, a gente leva informação para as pessoas que estão precisando, e a gente promove uma qualidade de saúde mental e de vida para a nossa sociedade”.



PANDEMIA


Segundo informações da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), de janeiro até junho deste ano, foram notificados 379 casos de suicídio no estado - uma média de dois casos por dia -. A faixa etária mais atingida é a de 30 a 49 anos.


A pandemia de Covid-19, que estourou no Brasil em março de 2020, contribuiu, como explica Ciro, para o aumento de diagnósticos de depressão e ansiedade, o que interfere diretamente no número de casos de suicídio: de acordo com a OMS, quase 100% de todos os casos estão ligados a doenças mentais.



“A pandemia mudou o contexto da maioria das pessoas. Algumas pessoas se adaptaram, e outras, não. Essas que não conseguiram se adaptar, que é uma questão de inflexibilidade cognitiva, acabaram tendo a ansiedade e a depressão potencializadas. A pandemia deu uma afrouxada, mas, essas pessoas continuam com os sintomas, e a gente precisa cuidar delas, acolher esse público que foi mais afetado”.


E os números da Bahia confirmam essa informação: de 2019, antes da pandemia começar, até 2021, os registros de suicídio subiram: nesses três anos, os casos foram de 698 em 2019 para 740 em 2020, para terminar com 783 em 2021. Por isso, como explica o psicólogo, perceber os sinais, quando eles existem, pode salvar vidas:


“A família tem que prestar atenção no comportamento desse indivíduo, que pode ser um adolescente, pode ser um adulto. O comportamento muda: a pessoa começa a ficar mais calada, silenciosa. E, quando ela diz algo, é no sentido de: ‘Eu queria desistir de tudo, nada mais me alegra’. A pessoa começa a ter pensamentos depreciativos de si e da própria existência. Esses são os primeiros sinais. Quem está observando, pode começar a ficar atento e se aproximar mais dessa pessoa”.



AJUDA


Se perceber os sinais, vindos de você mesmo ou de alguém próximo, é importante não minimizá-los e procurar ajuda de pronto. “A melhor coisa é procurar um profissional. E, enquanto procura um profissional, evitar um comportamento que acaba piorando essa situação, que é: ‘Ah, isso é frescura, isso é besteira, isso é falta de Deus’. Esses comentários acabam potencializando a dor que aquele adolescente, aquele adulto, pode estar passando”.


O Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (Neps), uma iniciativa pública, vai realizar um evento sobre prevenção e conscientização no dia 14 de setembro. Se precisar de ajuda com urgência, ligue para o 188 - Centro de Valorização da Vida, com atendimentos 24 horas por dia.


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