Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (19/9), pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), revela um aumento significativo na taxa de suicídios entre adolescentes no Brasil, principalmente na faixa dos 10 aos 19 anos. Em 2022, a taxa de suicídio neste público foi 53,6 vezes maior do que em 2000.

O estudo indica que o aumento dos números nesta faixa etária é mais acentuado do que em outros grupos. Em 2022, a probabilidade de suicídios entre adolescentes superou em 21% a de jovens adultos (20 a 29 anos), uma inversão que começou em 2019.

Além disso, o levantamento também observou mudanças nas taxas de mortalidade por suicídio em diferentes grupos etários, destacando que, entre os jovens de 10 a 29 anos, o suicídio representou 4,02% das mortes. Entre adolescentes (10 a 19 anos), esse índice foi de 3,63%, e entre jovens adultos (20 a 29 anos), de 4,21%.

O relatório técnico "Adolescência e suicídio: um problema de saúde pública" foi feito sob coordenação dos pesquisadores Raphael Mendonça Guimarães, Nilson do Rosário Costa e Marcelo Rasga Moreira, a partir de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS).

INFLUÊNCIA DA PANDEMIA

A pandemia de Covid-19 também contribuiu para esse quadro, reforçando as dificuldades enfrentadas pela geração mais jovem, impactada por incertezas em relação ao futuro e pela crise climática.

Segundo Raphael Guimarães, o avanço do suicídio entre adolescentes sugere que questões contemporâneas, como a precariedade econômica e o impacto das mudanças climáticas, têm um efeito devastador sobre a saúde mental.

“Embora, hoje, as taxas entre adultos sejam maiores, a taxa entre adolescentes cresce mais rápido. Não tem epidemia de suicídio. O que tem é uma tendência de crescimento que aponta o momento exato para a intervenção de políticas públicas. Se não houver, aí sim, em 20 anos chegaremos a algo preocupante”, ressaltou.

CASOS ENTRE JOVENS ADULTOS LIDERAM

A taxa de pessoas que tiraram a própria na faixa-etária entre 10 e 25 anos cresceu 6% por ano no país, entre 2011 e 2022, quase o dobro do observado na população em geral (3,7%). É o que mostram os dados do Ministério da Saúde e de outro estudo feito pela Fiocruz.

Além disso, o número de atendimentos ambulatoriais por automutilação é 1.925% maior em 2023, na comparação com 2014, quando considerada a faixa-etária de 7 a 19 anos.

ONDE PROCURAR AJUDA
-CVV (Centro de Valorização à Vida): Atendimento por ligação gratuita, 24 horas por dia, pelo número 188. Há também as opções de atendimento físico, chat e e-mail.

-Pode falar: Canal de atendimento da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) criado para ajudar pessoas de 13 a 24 anos a lidarem com questões de saúde mental.

Além disso, pela rede pública, o atendimento para questões de saúde mental pode começar via atendimento pelas UBSs (Unidade Básica de Saúde) ou pelos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) Infanto-Juvenil espalhados pelo Brasil.

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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, todos os anos, mais de setecentas mil pessoas no mundo tiram a própria vida. No Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, lembrado nesta terça-feira (10/9), a entidade - em parceria com a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP, na sigla em inglês) - alerta para a necessidade de reduzir o estigma e encorajar o diálogo sobre o tema.
Até 2026, a campanha que faz alusão à data - encabeçada por ambas as organizações - tem como tema Mudando a Narrativa sobre o Suicídio. A proposta, segundo a OMS, é romper com a cultura do silêncio e do estigma, dando lugar para a abertura ao diálogo, compreensão e apoio. Números da entidade mostram que o suicídio figura, atualmente, como a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Em nota, a OMS cita consequências sociais, emocionais e econômicas de longo alcance provocadas pelo suicídio e que afetam profundamente indivíduos e comunidades. Para a organização, uma simples conversa é uma ferramenta com o potencial de contribuir para uma sociedade mais solidária e compreensiva, independentemente do tempo de duração desse diálogo.
PREVENÇÃO
Outro ponto de destaque da campanha é enfatizar a necessidade de se priorizar a prevenção do suicídio e a saúde mental em meio às definições de políticas públicas. A proposta é que ações de governo, de maneira geral, coloquem em primeiro plano o contexto da saúde mental, ampliando o acesso ao tratamento e também fornecendo apoio aos que precisarem.
Por fim, a OMS lembra que reduzir a taxa global de suicídio em pelo menos um terço até 2030 é uma das metas dos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Os desafios que levam uma pessoa a tirar a própria vida são complexos e associam-se a fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos, incluindo a negação de direitos humanos básicos e acesso a recursos”, destaca a organização.
O suicídio, para a entidade, pode ser impulsionado ainda por eventos registrados ao longo da vida e capazes de gerar tensão, como a perda de meios de subsistência, pressões no trabalho, rompimentos de relacionamentos e discriminação. “A meta é dedicar maior atenção ao problema, reduzir o estigma e aumentar a consciência de organizações, governos e o público, ressaltando que os suicídios são evitáveis”.
SETEMBRO AMARELO
No Brasil, uma das principais campanhas de combate ao estigma na temática da saúde mental é o Setembro Amarelo que, este ano, tem como lema Se precisar, peça ajuda.
Definido por diversas autoridades sanitárias como um problema de saúde pública, o suicídio, no Brasil, responde por cerca de 14 mil registros todos os anos. Isso significa que, a cada dia, em média, 38 pessoas tiram a própria vida.
Na avaliação de Héder Bello, psicólogo e especialista em Trauma e Urgências Subjetivas, transtornos mentais representam fatores de vulnerabilidade em meio à temática do suicídio – mas não são os únicos.
Ele cita ainda uma pessoa ser LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer), estar em situação de precariedade financeira ou social, ser refugiado político ou enfrentar ameaças, abuso ou violência. “Esses e outros fatores contribuem para processos de ideação (fase criativa) ou até de tentativa de suicídio”.
“Políticas públicas que possam, de alguma maneira, falar sobre esse assunto, sem tabu, são importantes. Instrumentos nas áreas de educação e saúde também podem ser amplamente divulgados – justamente para que a gente possa mostrar que existem possibilidades e recursos amplos para lidar com determinadas situações que são realmente muito estressantes e de muita vulnerabilidade”.
ABORDAGEM
O psicólogo detalha ainda como abordar uma pessoa que pensa em tirar a própria vida. “Não é questionar a pessoa sobre o motivo daquilo ou dizer que ela tem que valorizar a vida, mas ouvir essa pessoa atentamente, tentar entender o ponto de vista dela e quais são os motivos que fizeram com que ela não conseguisse lidar de outras maneiras com a situação que está passando.”
“Isso nem sempre é fácil e, muitas vezes, nem profissionais da área da saúde e da saúde mental têm um treinamento mais extenso para lidar com essa questão de ideação suicida ou com as tentativas de suicídio”, concluiu.
No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é um serviço voluntário de apoio emocional e prevenção ao suicídio para quem precisa conversar. O atendimento está disponível 24 horas por dia pelo telefone 188.
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Nesta terça-feira (26/9), acontece mais uma edição do Cantinho do Desabafo, uma ação de acolhimento emocional promovida pelo Instituto CCR (ICCR) nas estações de metrô da Bahia, em parceria com o Instituto HELP. A ação acontece a partir das 16h na Estação Pernambués de Metrô, com a distribuição de até 5 mil cartas com palavras de apoio e incentivo.
O atendimento é gratuito e será realizado por voluntários do Instituto HELP. O serviço é voltado para pessoas em situação de vulnerabilidade emocional, com sintomas de ansiedade, estresse e depressão.
Entre abril e setembro deste ano, 1.147 pessoas foram atendidas e mais de 52 mil pessoas foram alcançadas com o Cantinho do Desabafo, que integra o programa Caminhos para a Saúde do Instituto CCR.
SERVIÇO:
"Cantinho do Desabafo" e distribuição de até 5 mil cartas com mensagens de apoio e incentivo
Quando: 26 de setembro, a partir das 16h
Onde: Estação Pernambués de Metrô, e Salvador
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Uma caminhada em alusão ao Setembro Amarelo aconteceu na manhã deste sábado (16/9) na Praia de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador.  A ação realizada por duas clínicas, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SESA), trouxe em discussão a prevenção ao suicídio e o fortalecimento dos cuidados com a saúde mental. As pessoas que estivam na ação, tiveram a oportunidade de participar de várias atividades como aulão de dança, atividade de percussão corporal (Qi Gong), caminhada pelo calçadão e roda de conversa sobre o tema.

Quem também estava presente na ação foi  o secretário da SESA, Augusto César Pereira, com os assistidos dos Centros de Atenção Psicossocial de Lauro de Freitas (CAPS) e do Complexo Municipal de Saúde.

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Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O transtorno mental geralmente é associado a sentimentos de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, irritabilidade, isolamento social, dentre outros, afetando a rotina do indivíduo profundamente. O tratamento, que pode ser medicamentoso e com psicoterapia, ainda pode incluir o apoio emocional de animais de estimação, como conta a veterinária Simone Freitas, produtora de conteúdo do aplicativo VetGuide.
"Pessoas com problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, podem encontrar apoio emocional por meio de animais de companhia. Isso porque a relação entre pet e tutor permite mais conforto e alívio ao estresse humano, o que justifica a necessidade de estarem juntos em diversos momentos da vida. Além de cães e gatos, outros animais podem ser ótimos companheiros, como coelhos, porquinhos da índia, hamsters, galinhas, cabras, ovelhas e mini porcos, entre outros".
Simone ainda pontua que "os animais de estimação proporcionam, além de amor e carinho, sensação de prazer e bem-estar ao ser humano devido à produção de hormônios como a serotonina. Pode haver também a redução dos níveis de cortisol, que é um hormônio que ajuda o organismo a controlar o estresse, melhorando os níveis de ansiedade e trazendo a sensação de acolhimento, afeto e atenção", acrescenta.
ANIMAL DE SUPORTE EMOCIONAL
O primeiro passo para fazer com que o seu bichinho seja reconhecido como um animal de suporte emocional é obter um atestado do psiquiatra ou do psicólogo declarando essa necessidade. A segunda etapa é ter, do médico-veterinário, um relatório que confirme a segurança do pet, mesmo se o tutor estiver em crise, para que ambos não se machuquem. E, por último, Simone afirma que é fundamental que o tutor tenha conhecimento da legislação municipal, estadual e federal sobre o tema.
Em caso de viagens de avião com o pet, existem as regras de cada companhia aérea, que podem aceitar os animais de apoio emocional em voos domésticos e internacionais, sem a cobrança de taxas.
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Serão ofertados nos próximos dias serviços gratuitos de aferição de pressão arterial, teste de glicemia, massoterapia e tipagem sanguínea na Estação Pernambués do metrô de Salvador. A ação será realizada entre terça e quinta-feira (12 e 14/9) para conscientizar as pessoas sobre o Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio.

Os serviços serão disponibilizados pela CCR Metrô de 07h30 às 10h30 e das 16h30 às 19h30. "Esta ação faz parte da programação do mês de acolhimento emocional, e tem o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância do cuidado com a saúde metal", explica Rodrigo Rainer, gerente de Comunicação, Ouvidoria e Sustentabilidade da CCR Metrô Bahia.

SERVIÇO

O que: Caminhos para a Saúde
Quando: 12 a 14 de setembro, das 07h30 às 10h30 e das 16h30 às 19h30
Onde: Estação Pernambués de Metrô
Serviços oferecidos: massoterapia, aferição de pressão e teste de glicemia, além de orientações para conscientizar a população sobre a importância da prevenção ao suicídio (Setembro Amarelo)

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Para muita gente, uma mãe que se queixa de cansaço ou expressa que está infeliz, é uma mãe que não gosta do filho. Porém, como pontua a psiquiatra e psicoterapeuta Patrícia Piper, especializada em saúde mental na maternidade, não se trata de falta de afeto: a depressão e exaustão na maternidade são assuntos sérios e devem ser encarados como questões de saúde pública.
"A depressão pós-parto também tem alta prevalência, chegando a 38%. As características são: humor deprimido, sensação recorrente de incapacidade, culpa inapropriada, falta de prazer, alterações de sono e pensamentos ou ideações de morte", detalha ela.
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Neste Setembro Amarelo, mês em que se promove uma campanha intensa de prevenção ao suicídio no Brasil, a psiquiatra ressalta que a saúde mental da mulher, especialmente a da mãe, é constantemente negligenciada: seja por amigos, pela família, e até por ela própria. Em entrevista ao Aratu On, a profissional explica que encontrar mães com algum tipo de adoecimento é mais comum do que se imagina — porém, muitas vezes, o cansaço materno é até romantizado. A Organização Mundial da Saúde (OMS), aliás, estima que toda mulher no período perinatal, com até um ano de pós-parto, está sob risco de adoecimento mental.
"A gente precisa parar de naturalizar a insônia materna e o cansaço, e de achar que a mãe cansada, a mãe que não dorme, é normal, o esperado. A mãe puérpera pode passar momentos de cansaço, mas ela precisa sentir que está sendo cuidada, que é importante na família", aponta.
Além da depressão pós-parto e do "baby bues" (expressão em inglês que fala de uma certa tristeza que pode toma conta da mulher, após o nascimento do bebê), transtornos já conhecidos em todo o mundo, a profissional também fala em "burnout materno", condição causada pelo acúmulo de tarefas e pressão psicológica aos quais muitas mulheres são submetidas já nos primeiros dias após o nascimento do bebê. "Apesar de, oficialmente, não ser considerado um transtorno mental, é bastante prevalente, junto com a ansiedade e com a depressão pós-parto", comenta ela.
Patrícia Piper também fala sobre a causa desses acometimentos, como evitá-los, a importância de identificar e tratar casos de risco de suicídio e o que familiares e amigos devem fazer quando percebem que uma pessoa próxima precisa de acolhimento.
Caso precise, ou conheça alguém que precisa de ajuda neste momento, dique 188 e entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV). A ligação é gratuita e o serviço funciona 24h.
Quais acometimentos de saúde mental são comuns em mães?
A ansiedade é o transtorno mais prevalente entre mães, porém, bastante negligenciado. Se caracteriza por preocupações exacerbadas, sensação de angústia, incapacidade de relaxar, alterações no sono, entre outros. A depressão pós-parto também tem alta prevalência, chegando a 38%. As características são: humor deprimido, sensação recorrente de incapacidade, culpa inapropriada, falta de prazer, alterações de sono e pensamentos ou ideações de morte. Existe uma condição de saúde mental, que é o burnout materno, que é uma síndrome de esgotamento, de cansaço, análogo ao burnout laboral. Apesar de, oficialmente, não ser considerado um transtorno mental, é bastante prevalente, junto com a ansiedade e com a depressão pós-parto. O burnout é caracterizado por uma condição mista de sintomas de cansaço, fadiga, incapacidade de descansar, dificuldade de dormir, com essa sobrecarga materna, esse acúmulo de tarefas, de funções. E isso está muito relacionado à falta de ajuda, de uma rede de apoio.
Mulheres e mães estão mais propensas a ter problemas de saúde mental?
Sim! A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que toda mulher no período perinatal, com até um ano de pós-parto, está em risco de adoecimento mental. É um período de grande vulnerabilidade. Além de uma questão biológica, com o corpo da mulher, tem uma questão social. Vários fatores estão relacionados a esse adoecimento da mulher, da mãe, que diz respeito a esse papel de gênero.
O que causa a depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é um transtorno mental multicausal. Não existe uma só causa. Os estudos mais recentes mostram que a mudança dos hormônios no pós-parto vêm acompanhas da queda de neuroesteroides ativos, que fazem uma modulação nos receptores gaba (principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central, que tem a função de induzir relaxamento, concentração e sono, por exemplo). Essa modulação fica alterada em mulheres com a depressão. Essa é uma explicação biológica para a depressão pós-parto. Mas também está relacionado à genética, aos hormônios inflamatórios e de estresse, como o cortisol, e fatores ambientais. A gente sabe que mulheres que já tiveram depressão, ou que tenham histórico de depressão ou depressão pós-parto na família, estão em maior risco. Gestações não desejadas, gestações na adolescência, conflito conjugal, vulnerabilidades sociais e grupos minorizados também são fatores de risco para a depressão pós-parto.
O que fazer nesses casos?
O primeiro ponto da depressão pós-parto é identificar. A gente precisa parar de naturalizar a insônia materna e o cansaço, e de achar que a mãe cansada, a mãe que não dorme, é normal, o esperado. A mãe puérpera pode passar momentos de cansaço, mas ela precisa sentir que está sendo cuidada, que é importante na família, e que esse papel materno pode dar satisfação para ela. Quatorze dias ou mais de humor deprimido, sentimento de incapacidade, ideação suicida, falta de prazer, podem ser sinônimos de uma depressão pós-parto. Aí, é preciso procurar ajuda especializada. Psicologia e psiquiatria perinatal são áreas de excelência para cuidar de mulheres puérperas. Nesses espaços, a gente vai poder fazer o diagnóstico e indicar o tratamento correto. O tratamento é sempre acompanhado de psicoterapia e, em alguns casos, de psicofarmacologia. As medicações, quando indicadas, são seguras para o bebê, na amamentação. A mulher não precisa parar de amamentar.
Quais os sinais de que uma pessoa pode cometer um suicídio que pessoas próximas podem notar?
O isolamento social, a tristeza recorrente, falta de prazer na vida, e verbalizações de que a pessoa não está se sentindo confortável e tem pensado em suicídio. Esses são alguns dos marcadores. Nem todas as pessoas que pensam em suicídio falam sobre isso, porque é um assunto tabu, velado. As pessoas têm muito medo do julgamento. As pessoas que estão próximas de alguém que está em risco de suicídio precisam ter uma postura acolhedora, de cuidado, que não julgue, que não estigmatize mais o sofrimento dessa pessoa que está pensando em suicídio. E que essas pessoas reconheçam que esse tratamento especializado é a melhor saída, então, entram os psicólogos, os terapeutas, os psiquiatras, para que esse quadro seja manejado e a gente possa prevenir uma morte. O suicídio é uma morte que se pode prevenir.
Como agir nessa situação?
É muito importante a gente falar sobre isso abertamente. Um grande medo das pessoas leigas, em geral, é perguntar diretamente: 'Você quer morrer? Você pensa em suicídio?'. E o medo é legítimo, porque se a pessoa fala 'sim, eu tenho pensado', eu faço o quê com isso? Aí, você vai pegar essa pessoa pela mão e levar ela para um atendimento especializado. Também é importante evitar ao máximo frases do tipo: 'Isso é falta de Deus, falta de força, se você se esforçar, você vai sair disso'. Essas são frases que têm uma intenção de ajudar, mas que, na prática, acabam piorando. Acabam cobrando da pessoa um controle sobre o desejo dela que ela não tem. Ninguém escolhe querer acabar com a própria vida.
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Quando chega setembro, chegam também os debates sobre saúde mental, bem-estar, autocuidado e cuidado com o outro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), na América Latina, o Brasil é o país com maior índice de depressão, além de ser o segundo com mais prevalência da doença nas Américas.
Os índices de ansiedade, há tempos, vêm chamando a atenção dos profissionais da área da saúde: o Brasil, também de acordo com a OMS, é o país com mais diagnósticos do transtorno no mundo. E com a pandemia, isso piorou: desde que a covid-19 surgiu, em 2020, houve um aumento de 25% nos casos de ansiedade e depressão. Uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas e da Vital Strategies mostrou que os casos diagnosticados de depressão subiram de 9,6%, antes da pandemia, para 13,5% em 2022.
Para entender mais sobre a necessidade e urgência de cuidar da saúde mental, o Aratu On conversou com o psicólogo Ciro Guedes, do Espaço Ligno. No momento, segundo o profissional, a questão mais relatada pelos pacientes é a ansiedade.
"A ansiedade, quando não é tratada, pode evoluir para a depressão. As principais queixas dos pacientes giram em torno de inseguranças, preocupações excessivas, dificuldades de concentração e insônia. E quando a gente vai pesquisar, faz a avaliação neuropsicológica, a gente percebe que, às vezes, o indivíduo tem uma cognitiva, como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Autismo, que gera a ansiedade como comorbidade", explica ele.
E, mesmo após o começo da vacinação e com o controle do coronavírus, a pandemia continua a deixar resquícios na vida - e na mente - dos brasileiros. "Muitos continuam enfrentando traumas, lutos, perdas financeiras e estresse pós-traumático. Ainda estamos nos adaptando a esse pós-pandemia".
SAÚDE DO CORPO
É comum acreditar que corpo e mente são organismos separados e que um não afeta o outro: não é porque a minha saúde mental está indo mal, que o meu corpo vai mal também. Segundo Ciro Guedes, essa conexão é real e muito mais forte do que muita gente imagina.
"A gente tem mania de separar a saúde mental da saúde física, mas não é assim que funciona. E a gente percebe isso nos problemas de saúde mental, como estresse, depressão, que podem levar a doenças como hipertensão, doenças cardíacas, e até mesmo à supressão do sistema imunológico do nosso corpo, nos expondo a infecções e doenças psicossomáticas".
INTERNET
Nos últimos meses, vídeos de adolescentes e jovens adultos expondo condições psiquiátricas e transtornos começaram a ganhar mais espaço nas redes sociais, especialmente no TikTok, plataforma voltada para os mais novos. Por lá, se encontra de tudo: depoimentos sobre Transtorno de Ansiedade, Autismo, Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), TDAH, Depressão, e muitos outros.
Para o psicólogo, isso é positivo, pois aponta um maior interesse dessa nova geração sobre temas que envolvem a saúde mental. "Eu vejo como resultado uma população que está buscando muito mais ajuda. E isso acontece porque as pessoas acabam recebendo mais informações sobre sintomas que elas não tinham ideia do que eram".
Mas, Ciro deixa um alerta: caso acredite que tenha um transtorno ou alguma condição psicológica ou psiquiátrica, não faça um autodiagnóstico e procure um profissional. Também é importante filtrar os conteúdos que você consome, como pontua o psicólogo: "Será que essas fontes realmente passam informação, ou causam pânico? É preciso ficar atento a isso".
Para marcar o começo do Setembro Amarelo, nos dias 4, 5, 6, 7 e 8 de setembro, a partir das 7h, o Bom Dia Bahia, programa da TV Aratu, vai exibir uma série de matérias sobre saúde mental e entrevistas com Ciro Guedes. No dia 11 de setembro, a partir das 19h30, o profissional também vai falar sobre o tema no Aratu Notícias.
ENTREVISTAS
Nesta segunda (4/9), Ciro Guedes falou sobre o Setembro Amarelo, com destaque para a importância em se promover a saúde mental no ambiente de trabalho. Confira a entrevista completa:
https://www.youtube.com/watch?v=y7Qexo73zRo&amp;feature=youtu.be
Na terça (5), o assunto do Bom Dia Bahia foi a importância de se ter acesso à psicoterapia no ambiente de trabalho. Assista:
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=cNcbLnZB7XY[/embed]
Na quarta (6), o programa matinal da TV Aratu falou sobre como o excesso de trabalho, conhecido como Síndrome de Burnout, causa danos à saúde. Confira:
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=Vk0XGzIUZ8M[/embed]
Na quinta-feira (7), o tema foi comunicação não-violenta no ambiente de trabalho e como essa prática contribui para a formação de um local mais saudável para todos. Veja a matéria na íntegra no Bom Dia Bahia:
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=GJzAwryoHdk[/embed]
Na sexta (8), o Bom Dia Bahia mostrou como fazer elogios aos colegas de trabalho ajuda a manter um espaço mais produtivo e saudável para todos. Confira a reportagem:
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=e-V-flbUajo[/embed]

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Uma ação de cuidado e valorização da vida será realizada nesta sexta-feira (1/9), no Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas, como parte da Campanha Setembro Amarelo. A CCR Metrô Bahia e o Instituto HELP vão disponibilizar 10 mil cartas de apoio e incentivo emocional aos usuários do transporte. As cartinhas serão colocadas nos assentos dos trens, por voluntários, nas estações Lapa, Pirajá e Acesso Norte.
O Instituto CCR, na área de atuação da CCR Metrô Bahia, e o Instituto HELP, também promovem mensalmente uma ação de escuta e acolhimento emocional no metrô da Bahia. Voltado a pessoas em situação de vulnerabilidade emocional, como ansiedade, estresse e depressão, o Cantinho do Desabafo tem atendimento gratuito realizado por voluntários do Instituto HELP. Neste mês, a ação acontecerá no dia 26, das 16h às 20h, na Estação Pernambués de Metrô.
O Setembro Amarelo é uma campanha nacional de prevenção ao suicídio – o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio é 10 de setembro. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, disponíveis no site do Ministério da Saúde (MS), mais de 700 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo. No Brasil, segundo o boletim epidemiológico (2021) do MS, o país registrou um aumento de 43% no número de suicídios entre os anos de 2010 e 2019.
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J&aacute; come&ccedil;ou o Setembro Amarelo. Criado pela Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Psiquiatria (ABP) em 2014, o Setembro Amarelo &eacute; uma campanha nacional que promove centenas de debates e a&ccedil;&otilde;es relacionadas &agrave; preven&ccedil;&atilde;o ao suic&iacute;dio, contra o estigma e a favor do acolhimento. O m&ecirc;s foi escolhido porque, no dia 10, acontece o Dia Mundial de Preven&ccedil;&atilde;o ao Suic&iacute;dio, com iniciativas relacionadas ao tema em todo o mundo.

No Brasil, de acordo com os dados mais recentes da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS), de 2019, s&atilde;o notificados cerca de 14 mil suic&iacute;dios por ano, ou seja, 38 por dia. No mundo, houve&nbsp;700 mil v&iacute;timas em 2019. E, enquanto os n&uacute;meros caem em todos os continentes, aumentam nas Am&eacute;ricas. Por isso, como explica o psic&oacute;logo e neuropsic&oacute;logo Ciro Guedes, &eacute; preciso agir - e r&aacute;pido.

&ldquo;&Eacute; um m&ecirc;s em que a gente vai pensar sobre o suic&iacute;dio, sobre a depress&atilde;o. &Eacute; nesse momento que a gente tem que quebrar esse tabu sobre o&nbsp;assunto. H&aacute; uma cren&ccedil;a na sociedade que, ao falar sobre esse assunto, as coisas v&atilde;o piorar, mas&nbsp;eu acredito que n&atilde;o. Acredito que, quando a gente fala, a gente leva informa&ccedil;&atilde;o para as pessoas que est&atilde;o precisando, e a gente promove uma qualidade de sa&uacute;de mental e de vida para a nossa sociedade&rdquo;.

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PANDEMIA

Segundo informa&ccedil;&otilde;es da Secretaria de Sa&uacute;de da Bahia (Sesab), de janeiro at&eacute; junho deste ano, foram notificados 379 casos de suic&iacute;dio no estado - uma m&eacute;dia de dois casos por dia -. A&nbsp;faixa et&aacute;ria mais atingida &eacute; a de 30 a 49 anos.

A pandemia de Covid-19, que estourou no Brasil em mar&ccedil;o de 2020, contribuiu, como explica Ciro, para o aumento de diagn&oacute;sticos de depress&atilde;o e ansiedade, o que interfere diretamente no n&uacute;mero de casos de suic&iacute;dio: de acordo com a OMS, quase 100% de todos os casos est&atilde;o ligados a doen&ccedil;as mentais.

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&ldquo;A pandemia mudou o contexto da maioria das pessoas. Algumas pessoas se adaptaram, e outras, n&atilde;o. Essas que n&atilde;o conseguiram se adaptar, que &eacute; uma quest&atilde;o de inflexibilidade cognitiva, acabaram tendo a ansiedade e a depress&atilde;o potencializadas. A pandemia deu uma afrouxada, mas, essas pessoas continuam com os sintomas, e a gente precisa cuidar delas, acolher esse p&uacute;blico que foi mais afetado&rdquo;.

E os n&uacute;meros da Bahia confirmam essa informa&ccedil;&atilde;o: de 2019, antes da pandemia come&ccedil;ar, at&eacute; 2021, os registros de suic&iacute;dio subiram: nesses tr&ecirc;s anos, os casos foram de 698 em 2019 para 740 em 2020, para terminar com 783 em 2021. Por isso, como explica o psic&oacute;logo, perceber os sinais, quando eles existem, pode salvar vidas:

&ldquo;A fam&iacute;lia tem que prestar aten&ccedil;&atilde;o no comportamento desse indiv&iacute;duo, que pode ser um adolescente, pode ser um adulto. O comportamento muda: a pessoa come&ccedil;a a ficar mais calada, silenciosa. E, quando ela diz algo, &eacute; no sentido de: &lsquo;Eu queria desistir de tudo, nada mais me alegra&rsquo;. A pessoa come&ccedil;a a ter pensamentos depreciativos de si e da pr&oacute;pria exist&ecirc;ncia. Esses s&atilde;o os primeiros sinais. Quem est&aacute; observando, pode come&ccedil;ar a ficar atento e se aproximar mais dessa pessoa&rdquo;.

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AJUDA

Se perceber os sinais, vindos de voc&ecirc; mesmo ou de algu&eacute;m pr&oacute;ximo, &eacute; importante n&atilde;o minimiz&aacute;-los e procurar ajuda de pronto. &ldquo;A melhor coisa &eacute; procurar um profissional. E, enquanto procura um profissional, evitar um comportamento que acaba piorando essa situa&ccedil;&atilde;o, que &eacute;: &lsquo;Ah, isso &eacute; frescura, isso &eacute; besteira, isso &eacute; falta de Deus&rsquo;. Esses coment&aacute;rios acabam potencializando a dor que aquele adolescente, aquele adulto, pode estar passando&rdquo;.

O N&uacute;cleo de Estudo e Preven&ccedil;&atilde;o do Suic&iacute;dio (Neps), uma iniciativa p&uacute;blica, vai realizar um evento sobre preven&ccedil;&atilde;o e conscientiza&ccedil;&atilde;o no dia 14 de setembro. Se precisar de ajuda com urg&ecirc;ncia, ligue para o 188 - Centro de Valoriza&ccedil;&atilde;o da Vida, com atendimentos 24 horas por dia.

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