Bahia lidera mortes por autoagressão entre adolescentes no Nordeste
Levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria revela 143 óbitos no estado nos últimos dois anos por autoagressão entre adolescentes
Por Ananda Costa.
A Bahia é o estado com o maior número de mortes por lesões provocadas por autoagressão entre adolescentes no Nordeste, contabilizando 143 óbitos nos últimos dois anos, segundo levantamento recente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A região Nordeste, onde a Bahia está inserida, é a segunda do Brasil com maior número de casos de autoagressão entre jovens de 10 a 19 anos, totalizando 19.022 registros no mesmo período.
De acordo com o estudo, realizado com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), a cada 10 minutos é registrado um novo caso de autoagressão entre adolescentes no país, chegando a uma média diária de 137 atendimentos.
Além da Bahia, estados como Ceará (4.320) e Pernambuco (4.234) respondem por quase metade das notificações na região Nordeste. No restante do Brasil, o Sul lidera com 19.653 casos, especialmente no Paraná (8.417); o Centro-Oeste registra 9.782 casos, com Goiás (3.428) e Distrito Federal (3.148) à frente; e o Norte contabiliza 5.303 ocorrências, concentradas no Pará (1.174) e Tocantins (1.183).
O levantamento também aponta que, entre 2023 e 2024, cerca de 3,8 mil internações hospitalares de adolescentes por violência autoprovocada foram registradas, principalmente entre jovens de 15 a 19 anos. O estudo destaca ainda que aproximadamente mil adolescentes morrem por suicídio anualmente no Brasil, sendo esta a faixa etária mais afetada.
Risco de suicídio cresce mais entre adolescentes
Uma pesquisa divulgada pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), revela um aumento significativo na taxa de suicídios entre adolescentes no Brasil, principalmente na faixa dos 10 aos 19 anos. Em 2022, a taxa de suicídio neste público foi 53,6 vezes maior do que em 2000.
O estudo indica que o aumento dos números nesta faixa etária é mais acentuado do que em outros grupos. Em 2022, a probabilidade de suicídios entre adolescentes superou em 21% a de jovens adultos (20 a 29 anos), uma inversão que começou em 2019.
Além disso, o levantamento também observou mudanças nas taxas de mortalidade por suicídio em diferentes grupos etários, destacando que, entre os jovens de 10 a 29 anos, o suicídio representou 4,02% das mortes. Entre adolescentes (10 a 19 anos), esse índice foi de 3,63%, e entre jovens adultos (20 a 29 anos), de 4,21%.
Escolas podem ter que notificar casos de automutilação e suicídio
As escolas terão que notificar para o Conselho Tutelar casos de automutilação e suicídio. É o que define um Projeto de Lei, PL 270/2020, aprovado em maio deste ano pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado.
O objetivo da proposta é aprimorar a coleta e análise de dados sobre automutilações, tentativas e suicídios consumados. Na análise da atual situação da lei, apenas hospitais e médicos legistas são obrigados a comunicar esses casos.
"Quando as crianças estão se automutiliando ou quando estão tendo comportamento suicida, a notificação tem que ser compulsória. Nossas crianças estão se machucando. Essas crianças estão em processo de dor e sofrimento. Nós já temos registro de criança se suicidando no Brasil está do DataSUS", destacou a senadora Damares Alves (Republicanos), que é presidente da CDH.
O texto do projeto coloca as escolas neste grupo que tem a obrigatoriedade de fazer a notificação. O relator do PL, o senador Eduardo Girão (Novo), afirma que a proposta responde à crescente preocupação com a saúde mental de jovens.
Meninas e jovens LGBTQIA+ registram maiores níveis de depressão
Uma pesquisa realizada na Austrália com mais de 6,5 mil adolescentes identificou que meninas e jovens LGBTQIA+ registram níveis significativamente mais altos de depressão, ansiedade e sofrimento psicológico.
O estudo, publicado em junho no Australian and New Zealand Journal of Public Health, acompanhou estudantes de 12 a 16 anos entre 2019 e 2022. Com informações da Agência Einstein.
Os resultados mostram que quase três em cada dez adolescentes apresentavam sintomas indicativos de depressão até o 10º ano escolar. Em comparação aos meninos cisgênero, a prevalência foi maior entre meninas e jovens que se identificam com diferentes gêneros ou orientações sexuais.
A análise indica que a “lacuna de gênero” na saúde mental não apenas persiste, como se amplia ao longo da adolescência.
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