Atraso escolar no Brasil atinge 4,2 milhões de alunos, diz Unicef

Dados sobre atraso escolar no Brasil, reunidos pela Unicef a partir do Censo Escolar 2025, refletem desigualdades raciais e de gênero

Por Júlia Naomi.

A quantidade de alunos em atraso escolar no Brasil tem diminuído ao longo dos anos. Ainda assim, a distorção idade-série, que acontece quando o estudante atrasa dois ou mais anos, atinge 4,2 milhões de estudantes na educação básica. As informações são do Fundo das Nações Unidas para a Infância, na Unicef, com dados do Censo Escolar (Inep) 2024.

Atraso escolar no Brasil com distorção idade-série entre estudantes negros é quase o dobro em relação a brancos (15,2% e 8,1%, respectivamente). Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

O número representa 12,5% dos mais de 33 milhões de estudantes da educação básica pública no país. Em 2023, o percentual era de 13,4%. Apesar da redução, o enfrentamento da distorção idade-série segue sendo um desafio, principalmente entre alunos dos anos finais do ensino fundamental (6° ao 9° ano), que representam 42,7% (1,8 milhão) dos casos.

Nos anos iniciais (do 1º ao 5º ano), a situação atinge 1,03 milhão de crianças. No ensino médio atinge 1,38 milhão de adolescentes. 

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Atraso escolar no Brasil reflete desigualdades raciais

Os dados também refletem desigualdades raciais no Brasil, uma vez que a distorção idade-série entre estudantes negros é quase o dobro da registrada entre brancos, com taxas de 15,2% e 8,1%, respectivamente. Além disso, o problema atinge mais meninos (14,6%) do que meninas (10,3%).

“Por trás dos números, está a naturalização do fracasso escolar que acaba por excluir sempre os estudantes em situação de maior vulnerabilidade, que já sofrem outras violações de direitos dentro e fora da escola”, explica Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do UNICEF no Brasil. “É fundamental assegurar de forma integral os direitos de aprender e de se desenvolver na idade certa”, complementa. 

Distorção idade-série e evasão escolar

Em uma entrevista ao Aratu On sobre programas para o enfrentamento da evasão escolar na Bahia, o assessor especial da Secretaria da Educação do estado (SEC-BA), Manoel Calazans, aponta a distorção idade-série como um fator de risco para a evasão escolar.

"Existem diversos estudos acadêmicos que comprovam que a multirrepetência favorece a defasagem idade-série e, consequentemente, a evasão escolar", afirma.

Distorção idade-série mede o atraso escolar dos estudantes em dois anos ou mais. Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

"Quando a gente tem um aluno que foi reprovado durante muito tempo, ele fica em uma turma em que os colegas são muito mais novos que ele e acaba criando também um desinteresse, porque a convivência fica muito desigual", exemplifica.

Para Calazans, a multirrepetência inflige no estudante o sentimento de que ele não pertence ao ambiente escolar, ainda mais em famílias que já enfrentam a sub-escolarização. 

Com o intuito de combater a distorção idade-série e seus impactos sobre o envolvimento escolar do estudante, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia implementa o Regime de Progressão Parcial (RPP), em que o aluno avança os estudos, mas "fica devendo os componentes curriculares em que ele não foi aprovado". 

A SEC dispõe de um ambiente virtual de ensino chamado Plataforma Plural, em que o estudante tem aulas referentes à série anterior, com o objetivo de prestar avaliações. "Inclusive, existem professores que têm uma carga horária por escola já para acompanhar esses meninos que estão em RPP", explica o assessor.

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