Desigualdades regionais na economia baiana: contraste entre interior e capital
Para enfrentar desigualdades regionais na economia baiana, governo tem intensificado políticas de interiorização dos investimentos e fortalecimento de setores estratégicos
Por Matheus Caldas.
Apesar de ser a maior economia do Nordeste e a 7ª do Brasil, com PIB de R$ 402,6 bilhões em 2022, a Bahia ainda convive com desigualdades regionais evidentes. Enquanto Salvador e região metropolitana concentram indústrias, serviços e renda per capita acima da média estadual, regiões como semiárido e extremo sul apresentam indicadores menores de desenvolvimento humano e acesso a serviços.
Para enfrentar este cenário, o governo estadual tem intensificado políticas de interiorização dos investimentos e fortalecimento de setores estratégicos, como o agronegócio, a mineração e a geração de energia limpa.
Desigualdades regionais na economia da Bahia
Salvador e RMS vs. semiárido e extremo sul
A Bahia é a maior economia do Nordeste, com PIB de R$ 402,6 bilhões em 2022, o que a coloca como a 7ª do país. Apesar da relevância nacional, as disparidades internas continuam sendo um dos principais desafios.
A região metropolitana de Salvador, que abriga o Polo Industrial de Camaçari, considerado o maior complexo industrial integrado da América Latina, concentra parte expressiva da riqueza estadual. Em contrapartida, regiões como o semiárido e o extremo sul ainda apresentam índices socioeconômicos inferiores.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Angelo Almeida, a estratégia do governo é interiorizar investimentos para equilibrar esse cenário. “Aproximadamente 74% dos empreendimentos foram para o interior do estado, reforçando o compromisso do governador Jerônimo Rodrigues com a interiorização dos investimentos, o desenvolvimento mais equilibrado e sustentável dos municípios, com a intenção de diminuir as desigualdades regionais na economia baiana”, afirmou.
Renda per capita por região
A discrepância se reflete também na renda per capita. Enquanto a média estadual em 2022 foi de R$ 28.483,93, a 18ª do país, municípios da RMS e do oeste baiano apresentam indicadores muito superiores à média. Cidades como Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, impulsionadas pelo agronegócio, figuram entre os maiores PIBs per capita do estado
No semiárido, que representa 85,6% do território e abriga 53,1% da população baiana, a realidade é distinta. O PIB per capita em 2021 foi de R$ 18.393,08, valor consideravelmente abaixo da média estadual. Ainda assim, a região é estratégica: responde por 39,6% da economia da Bahia e concentra 73,8% da produção agropecuária
Índices de desenvolvimento humano (IDH)
O desenvolvimento humano acompanha esse contraste. Em 2021, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Bahia foi de 0,691, classificado como médio e ocupando a 22ª posição entre os estados
Salvador, com mais acesso a serviços de saúde, educação e emprego, apresenta indicadores superiores à média estadual. Já em municípios do semiárido e do extremo sul, a oferta de serviços básicos ainda é limitada, refletindo em taxas mais altas de mortalidade infantil e menor acesso a médicos e leitos hospitalares
Políticas públicas de redução das desigualdades
Para enfrentar essas disparidades, o governo tem apostado em diferentes vetores de desenvolvimento. Um deles é a expansão da matriz energética limpa. “Mantemos essas vocações como nossas aliadas, oferecendo segurança jurídica e programas de incentivos fiscais, que tornam o estado mais competitivo para os empreendimentos, que aqui se instalam e que por sua vez geram empregos e renda”, disse Angelo Almeida.
O estado lidera a geração de energia eólica e solar no país, setores que além de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, aumentam a arrecadação municipal durante e após a implantação dos parques.
A mineração também exerce papel relevante, especialmente no semiárido. Segundo Almeida, “a mineração e o potencial para a geração de energia limpa, além do agronegócio, são vetores de desenvolvimento para o semiárido baiano, impulsionando o crescimento econômico e social”. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), cada emprego direto no setor gera outros 11 indiretos.
Outro pilar é a formação de mão de obra. O secretário destaca que “é importante destacar o investimento do governo em educação, que contribui para a formação de mão de obra especializada, garantindo assim pessoas bem preparadas para ocupar as vagas de empregos oferecidas”.
Economia da Bahia: veja como o estado enfrenta esses desafios
A Bahia tem buscado equilibrar a força industrial da RMS e o potencial do interior. Enquanto Salvador mantém protagonismo em serviços e indústria, o semiárido e o oeste avançam no agronegócio e na geração de energia limpa.
O desafio é reduzir as desigualdades históricas e garantir que o crescimento econômico alcance também as regiões menos desenvolvidas. “Seguiremos trabalhando para que os segmentos instalados no estado continuem sendo uma alavanca do desenvolvimento econômico, especialmente nas regiões do interior, onde atividades industriais têm papel estratégico na geração de oportunidades e na melhoria da qualidade de vida da população”, concluiu Angelo Almeida.
Participação no PIB, 2022 por territórios de identidade
Em 2022, a economia baiana mostrou forte concentração em poucos territórios.
- Metropolitano de Salvador — 39,3%
- Portal do Sertão (Feira de Santana e região) — 8,0%
- Extremo Sul — 7,0%
- Litoral Sul (Ilhéus, Itabuna e entorno) — 4,1%
- Oeste (Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério) — 3,5%
Fonte: SEI/BA; IBGE.
Municípios com maior PIB e maior densidade econômica
Ranking: maiores PIBs municipais (2021)
- Salvador
- Camaçari
- Feira de Santana
- Luís Eduardo Magalhães
- Vitória da Conquista
Ranking: maiores PIBs per capita (2021)
- São Desidério
- Formosa do Rio Preto
- Luís Eduardo Magalhães
- Mucuri
- Camaçari
Fonte: SEI/BA; IBGE.
Semiárido baiano: participação e indicadores
O semiárido é estratégico para a economia do estado.
Participação no PIB da Bahia: 39,6%
Agropecuária estadual: 73,8%
Indústria estadual: 30,4%
Serviços estaduais: 40,4%
PIB total (2021): R$ 140,5 bi
PIB per capita (2021): R$ 18.393,08
Municípios com mais de 100 mil habitantes no semiárido
- Feira de Santana
- Vitória da Conquista
- Juazeiro
- Paulo Afonso
- Jequié
Referência: SEI/BA; IBGE (2021).
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