Agro, petróleo e turismo: veja riquezas que sustentam economia baiana

Tradicionalmente marcada pela força do cacau e do petróleo, hoje estado diversifica bases produtivas que sustentam economia baiana

Por Matheus Caldas.

A economia da Bahia vem passando por transformações significativas nos últimos anos. Tradicionalmente marcada pela força do cacau e do petróleo, hoje o estado diversifica as bases produtivas com destaque para turismo, agropecuária, indústria de alimentos e bebidas, economia criativa e, cada vez mais, a energia renovável, são riquezas que sustentam a economia baiana.

Dados recentes da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-BA) e da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) apontam que esta combinação de setores tem impulsionado a geração de emprego, renda e oportunidades em todas as regiões do estado.

Riquezas que sustentam economia

Agropecuária e cacau de qualidade

Se por um lado a agricultura baiana hoje se apoia fortemente nas lavouras de soja, algodão e milho do Oeste, por outro o cacau ressurge como produto de qualidade. Após a devastação provocada pela vassoura-de-bruxa nos anos 1980 e 1990, o cultivo perdeu protagonismo. Atualmente, o cacau representa 5,4% do valor total da produção agrícola, segundo a SEI, mas ainda mantém peso simbólico e econômico.

A Bahia responde por 47% da produção nacional de cacau em toneladas, praticamente empatada com o Pará. A produção, no entanto, não supre toda a demanda do parque industrial local, que precisa importar o grão, sobretudo da África. 

Apesar deste cenário, municípios do Sul do estado, como Ilhéus, Uruçuca e Ibirapitanga, vêm se destacando pela produção de amêndoas finas, voltadas para chocolates premium, o que fortalece o posicionamento do estado em nichos de maior valor agregado.

Uma das riquezas da economia baiana se concentra na produção de algodão | Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Turismo em expansão

O turismo é um dos principais vetores que sustentam a economia baiana. De acordo com a Setur, entre janeiro e maio de 2025, o volume das atividades turísticas na Bahia cresceu 10,7% em comparação ao mesmo período de 2024, resultado superior à média nacional de 7%. Apenas em julho, o estado recebeu 15,6 mil visitantes estrangeiros, um aumento de 54% sobre o mesmo mês de 2024, enquanto o Brasil cresceu 41,9%.

O setor representa cerca de 3,2% da economia estadual, segundo a SEI, e engloba uma ampla cadeia produtiva que vai da hotelaria e gastronomia ao comércio, transporte e serviços de apoio. Além do impacto direto na geração de renda, investimentos em infraestrutura turística também reverberam em áreas como transporte e logística, beneficiando toda a economia.

O desempenho se reflete nas grandes festas populares. O Carnaval de 2025 atraiu 3,5 milhões de turistas e movimentou R$ 7 bilhões, superando os números de 2024. Já o São João registrou 1,8 milhão de visitantes, com injeção de R$ 2,3 bilhões na economia, também acima das marcas históricas do ano anterior.

Turismo tem espaço representativo na economia baiana | Foto: Valter Pontes/Secom

Potencial diversificado de atrativos

A Bahia se organiza em 13 zonas turísticas, que combinam patrimônio histórico, manifestações culturais, praias paradisíacas e belezas naturais. Salvador concentra a maior parte da movimentação, mas outros polos ganham relevância, como a Costa do Descobrimento, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, a Chapada Diamantina e o Vale do São Francisco, que fortalece o enoturismo no estado.

O Centro Histórico de Salvador, reconhecido como patrimônio mundial pela Unesco, continua sendo um dos principais cartões-postais, mesclando história, gastronomia e música. Já destinos como Morro de São Paulo, Praia do Forte e Itacaré ampliam a presença da Bahia no mapa internacional do turismo.

Carnaval tem importância de destaque na economia baiana | Foto: Gilberto Júnior/Secom

Petróleo, gás e refino

A Bahia também tem uma relação histórica com a produção de petróleo. O Recôncavo Baiano foi o berço da exploração no Brasil, e em 1969 o estado chegou a registrar uma produção média de 142 mil barris por dia. Atualmente, no entanto, a produção caiu para menos de 40 mil barris/dia, em função do esgotamento dos campos tradicionais.

Mesmo com essa redução, a Bahia ainda ocupa a quinta posição nacional, com 0,58% da produção brasileira. Já o refino mantém peso expressivo: em 2024, o setor representou 6,3% do valor adicionado da economia baiana. A antiga Refinaria Landulfo Alves, privatizada em 2021 e hoje Mataripe, registrou avanço de 4,2% na produção de derivados, puxada pelo óleo diesel, querosene de aviação e gasolina.

No gás natural, a Bahia foi pioneira, mas viu sua produção cair 26,2% em 2024. Ainda assim, o insumo continua fundamental para o polo petroquímico de Camaçari e para a indústria de fertilizantes.

Indústria e economia criativa

A indústria baiana é diversificada, com destaque para o setor petroquímico, papel e celulose, alimentos e bebidas. Mas um campo que vem ganhando peso é a economia criativa, que já responde por 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, segundo a SEI.

Esse segmento envolve desde as artes e o audiovisual até a moda, o design e a música, tradicional marca da Bahia no cenário nacional e internacional. Pela transversalidade, a economia criativa dialoga com o turismo e contribui para ampliar a geração de empregos e o fortalecimento de cadeias produtivas.

Energia renovável como aposta de futuro

A transição energética também está no radar. A Bahia já é uma das líderes em geração de energia eólica e solar no país e começa a se preparar para a introdução do hidrogênio verde como alternativa sustentável de longo prazo. Esse movimento reforça o papel do estado como protagonista em fontes renováveis e atrai novos investimentos para o setor.

Geração de energia renovável é aposta para futuro na Bahia | Foto: Feijão Almeida/GOVBA

Economia em transformação

Para o diretor-geral da SEI, José Acácio Ferreira, a economia baiana se apoia numa base diversificada. O dirigente destaca as indústrias de refino, petroquímica, alimentos e papel e celulose, além da agropecuária, com ênfase em soja, algodão e milho. “Esse conjunto, somado ao crescimento da energia renovável e à expectativa do hidrogênio verde, coloca a Bahia em posição estratégica no cenário nacional”, analisa, em entrevista ao Aratu On.

Ferreira também diz que, embora o cacau tenha pedido relevância, outros setores “seguem como pilares” na economia nacional. “Ao mesmo tempo, o turismo, a economia criativa e o setor de petróleo e gás seguem como pilares que, juntos, impulsionam geração de emprego, renda e inovação, reforçando a vocação plural da economia baiana”, pontua. 

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