Casos de dengue podem chegar a 1,8 milhão no Brasil; 54% em um estado

O Brasil pode alcançar até 1,8 milhão de casos prováveis de dengue em 2026, segundo projeções que indicam forte concentração das infecções no estado de São Paulo. A estimativa aponta que 54% dos registros devem ocorrer em território paulista.

Apesar do número elevado, o cenário projetado é considerado menos crítico do que o observado em 2024, ano que marcou recordes históricos da doença no país. As projeções integram o InfoDengue–Mosqlimate Dengue Challenge, iniciativa internacional que reúne os projetos InfoDengue e Mosqlimate, com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Casos de dengue na Bahia

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em novembro mostram queda expressiva nos casos de dengue na Bahia. Foram registrados 30,7 mil casos prováveis de dengue no estado em 2025, uma redução de 86% em comparação com o mesmo período de 2024, quando o estado notificou 229,5 mil casos.

O número de mortes também caiu. Neste ano, a Bahia confirmou 15 óbitos por dengue, frente a 185 registros no ano anterior.

Em âmbito nacional, o Brasil contabilizou cerca de 1,6 milhão de casos prováveis em 2025, o que representa uma queda de 75% em relação ao mesmo período de 2024. Os óbitos somaram aproximadamente 1,6 mil, redução de 72% na comparação anual.

Projeções para 2026

A análise das fundações considera um intervalo de 12 meses a partir de outubro de 2025 e indica que 2026 tende a ser o segundo ano com maior número de casos de dengue desde 2010.

Segundo pesquisadores da FGV, o próximo ano deve apresentar um comportamento epidêmico, porém distante dos picos registrados em 2024, quando o país superou 6,5 milhões de casos prováveis e contabilizou mais de 6,3 mil mortes.

A projeção para 2026 se aproxima do cenário observado em 2025, que acumulou cerca de 1,6 milhão de infecções e 1.761 óbitos até o início de dezembro.

Nova prevenção contra a dengue

Em meio às projeções, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu parecer favorável à vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo. Batizado de Butantan-DV, o imunizante é o primeiro produzido no Brasil e o primeiro no mundo a demonstrar eficácia com apenas uma dose.

O ensaio clínico de fase 3 foi realizado entre 2016 e 2024, com a participação de 16 mil voluntários brasileiros. Os resultados apontaram eficácia geral de 74,7% contra a dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos, além de redução de 91,6% nos casos graves e de 100% nas hospitalizações.

Apesar do aval da Anvisa, a inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI) ainda não está garantida. Em nota, o Instituto Butantan afirmou que o imunizante “deverá ser incluído” e informou que está estruturando a produção em larga escala.

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