Juiz aposentado usava nome falso há mais de 40 anos

Quem é o juiz aposentado acusado de usar nome falso?

Trata-se de José Eduardo Franco dos Reis, de 67 anos, ex-magistrado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que atuou por mais de 20 anos na Justiça paulista. Ele é acusado de forma vívida por mais de quatro décadas sob a identidade falsa de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield.

Quais são as acusações contra o juiz aposentado?

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso. A denúncia foi aceita pela 29ª Vara Criminal de São Paulo, e um mandado de citação foi expedido para que o réu possa ser defensor.

Como foi descoberta a fraude?

A fraude foi descoberta em outubro de 2024, quando José Eduardo tentou tirar uma nova via do RG em nome de “Edward Wickfield” no Poupatempo Sé, no centro de São Paulo. O sistema biométrico detectou que havia duas identidades associadas às mesmas gerações digitais. A partir disso, a Polícia Civil e o Ministério Público iniciaram uma investigação.

O juiz permitiu o uso de identidade falsa?

Em depoimento à Polícia Civil, no dia 2 de dezembro de 2024, ele foi apresentado como José Eduardo Franco dos Reis. Alegou que "Edward Wickfield" seria seu irmão gêmeo, proposto dado para adoção na infância e que teria vindo ao Brasil para visitar o irmão. Segundo ele, a identidade falsa teria sido criada apenas para o suposto irmão, não para si.

Essa versão foi aceita pelas autoridades?

Não. A Polícia Civil e o Ministério Público consideraram a história inverossímil. Documentos comprovaram que José Eduardo criou e continuou avançando como duas identidades, inclusive realizando transações com ambas. As certidões de nascimento dos dois nomes possuem o mesmo número de registro, mas com dados divergentes — e apenas a de José Eduardo tem validade no cartório de Águas da Prata (SP).

Qual foi o histórico de vida de José Eduardo com o nome falso?

Com o nome falso de Edward Wickfield, ele:

• Afirmava ser descendente da nobreza britânica

• Ingressou no curso de Direito da USP em 1988

• Foi aprovado no concurso da magistratura em 1995

• Atuoso como juiz até se aposentar em 2018

• Dizia ter vivido na Inglaterra até os 25 anos

• Usava trajes britânicos, tomava chá às 17h e dizia ter sotaque britânico

O juiz aposentado está foragido?

Desde o dia 5 de dezembro de 2024, o desfile de José Eduardo é desconhecido. Após prestar depoimento, ele deixou o apartamento onde morava na Vila Mariana, em São Paulo, sem informar novo endereço. Os investigadores também não o localizaram no endereço relacionado à identidade verdadeira.

O que diz o Tribunal de Justiça de São Paulo?

O TJ-SP informou que, por decisão do presidente da Corte, foram suspensos todos os pagamentos ao juiz aposentado até nova ordem. A Corte destacou que o processo corre em segredo de Justiça e que não pode se manifestar sobre condenações pendentes.

Ele mantém vínculos com a identidade verdadeira?

Sim. Mesmo enquanto atuava como juiz sob nome falso, José Eduardo mantinha a identidade no dia dos documentos de seu original, o que foi essencial para que a fraude fosse descoberta. Ele também realizou transações imobiliárias com o nome verdadeiro, como a doação de um imóvel para uma irmã e a venda de um apartamento no Guarujá (SP).

Você deseja outras irregularidades?

Até o momento, não foram encontradas desculpas de que as transações imobiliárias tenham envolvido ilegalidades. A denúncia se concentra na criação e uso de documentos falsos e na manutenção de uma identidade fictícia por mais de quatro décadas.

O que pode acontecer com o juiz aposentado?

O caso está em andamento na Justiça Criminal. Se condenado, ele poderá responder por falsidade ideológica e uso de documento falso, crimes que podem resultar em penas de reclusão e perda de direitos, incluindo benefícios de aposentadoria.

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