Novo estudo descarta relação entre uso de paracetamol na gravidez e risco de autismo
Uma ampla revisão concluiu que não há evidências consistentes de que o uso de paracetamol durante a gravidez aumente o risco de autismo ou TDAH
Por Bruna Castelo Branco.
Uma ampla revisão publicada nesta segunda-feira (10) na revista The British Medical Journal concluiu que não há evidências consistentes de que o uso de paracetamol durante a gravidez aumente o risco de autismo ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) em crianças.
Em setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma nota de esclarecimento após diversas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o uso de Tylenol (paracetamol) durante a gravidez ao desenvolvimento de autismo em crianças. A fala aconteceu durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ao Aratu On, a ginecologista e especialista em reprodução assistida, Graziele Reis, também negou a relação: "Com base nas evidências mais recentes, não há comprovação científica de que o paracetamol aumente o risco de autismo quando usado de forma adequada".
A publicação reuniu dados de nove revisões sistemáticas, que somam 40 estudos observacionais sobre o tema. Segundo os autores, a qualidade das evidências é baixa, e os resultados de pesquisas anteriores devem ser interpretados com cautela.

Os cientistas observaram que a maior parte dos estudos avaliados não controlou fatores importantes, como predisposição genética e ambiente familiar. Em análises que levaram esses elementos em conta — como as que compararam irmãos —, o suposto vínculo entre o medicamento e os transtornos praticamente desapareceu.
De acordo com os pesquisadores, isso sugere que o paracetamol não é, por si só, responsável por alterações no desenvolvimento neurológico. Outros fatores, como infecções durante a gestação, podem estar associados às diferenças observadas em estudos anteriores.
O paracetamol é amplamente indicado para gestantes por ser uma das opções mais seguras para aliviar dor e reduzir febre. Analgésicos e anti-inflamatórios como o ibuprofeno são desaconselhados em determinadas fases da gravidez, o que faz do paracetamol a primeira escolha médica nesses casos.
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A recomendação dos especialistas permanece a mesma: o medicamento deve ser utilizado apenas quando necessário, na menor dose eficaz e pelo menor tempo possível. A automedicação deve ser evitada, e o uso deve sempre ter acompanhamento médico.
Os autores reforçam que novos estudos, com metodologias mais robustas, são essenciais para esclarecer definitivamente o tema. Até o momento, o consenso científico indica que o paracetamol continua sendo uma opção segura para gestantes que precisam controlar sintomas leves de dor e febre.
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