Dia do Trabalhador: 50% dos brasileiros sofre de depressão por causa do trabalho, diz pesquisa
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial nos diagnósticos de Síndrome de Burnout, perdendo apenas para o Japão
Nesta segunda-feira (1/5), é comemorado o Dia do Trabalhador, e ainda há quem acredite que o adoecimento mental do trabalhador é uma realidade pós-pandemia - mas, os números mostram o contrário: a questão já era preocupante bem antes do novo coronavírus aparecer no final de 2019. Dados de 2017 do INSS indicam os transtornos mentais como a terceira principal causa de afastamentos do trabalho, representando cerca de 9% do total dos auxílios à doença.
Estudos mais recentes, como o da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), apresentam a dimensão do impacto que essas constantes pressões e cobranças vem causando na saúde mental dos profissionais. A pesquisa sinaliza que quase 50% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem de depressão, e que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial nos diagnósticos de Síndrome de Burnout (saúde mental afetada diretamente pelo trabalho), perdendo apenas para o Japão. Além disso, 9 em cada 10 trabalhadores têm sintomas de ansiedade, do grau mais leve ao impactante.
A psicóloga Lívia Fialho, da Clínica Holos, explica que a pandemia nos fez olhar com mais atenção para a nossa saúde mental. "A pandemia permitiu que a sociedade olhasse de forma diferente para os problemas associados ao adoecimento mental e também aos fatores relacionados à prevenção, principalmente, no ambiente profissional".
"A saúde mental é algo muito sério e exige responsabilidade por parte das empresas, mas, infelizmente, foi necessário existir uma pandemia que trouxesse consequências diretas na produtividade e nos modelos de trabalho para que esse tema seja visto com a importância que lhe cabe. A prevenção pode ser trabalhada com sucesso quando há conhecimento acerca do assunto", complementa.
A delicadeza do tema faz com que a pessoa que esteja em situação de sofrimento emocional não se sinta à vontade para falar sobre o assunto. "As pessoas temem a avaliação da sociedade ao serem diagnosticadas com algum elemento relacionado ao adoecimento mental. É como se elas fossem fracassadas por conta disso", explica a psicóloga.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso faz com que 70% das pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno mental não busquem ajuda ou demoram para procurar um profissional. "É necessário que as lideranças nas empresas contribuam para a redução no tempo para a identificação de sofrimento emocional. Um quadro depressivo pode demorar até 8 anos para apresentar níveis críticos. E quadros de depressão, como distimia ou depressão mascarada, também conhecida como atípica ou sorridente, podem passar a vida toda sem serem diagnosticados", alerta Lívia.
Segundo a psicóloga, há atitudes que chefes podem adotar em prol da segurança psicológica da equipe. São elas:
- Conversar com as pessoas do time sobre a importância do cuidado com a saúde emocional e não esquecer que o adoecimento emocional pode atingir qualquer pessoa.
- Nada de críticas ou julgamentos sobre quem faz psicoterapia. Infelizmente, ainda existem muitos preconceitos e medos para buscar ajuda.
- Promover momentos de conversa com a sua equipe para que as pessoas possam falar como estão e o que têm feito para lidar com os desafios da vida.
- Estimular o compartilhamento de situações do cotidiano.
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