Velório de Pepe Mujica pode ser estendido à espera de Lula

O velório do ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, 89, realizado na tarde desta quarta-feira (14), pode ser prolongado para aguardar a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo está em Pequim, na China, com previsão de chegada a Brasília por volta das 17h.

Mujica morreu na terça-feira (13), em decorrência de um câncer no esôfago. Segundo o jornal El País, o velório deve seguir até as 15h desta quinta-feira (15), com expectativa de que o corpo seja cremado ainda no mesmo dia.

Em entrevista a jornalistas em Pequim, Lula confirmou sua presença no funeral. “Pretendo, chegando a Brasília, ir ao enterro do Pepe Mujica porque acho que o mínimo que a gente pode fazer é se despedir das pessoas que foram referência para nós”, declarou.

Nas redes sociais, Lula também homenageou o ex-presidente uruguaio com um carrossel de fotos e uma mensagem destacando sua trajetória. “Sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria de suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade e fraternidade para a América Latina”, escreveu. Lula ainda destacou que “a luta política e a doçura podem andar juntas”, em referência ao legado de Mujica.

Amanheci em Pequim com a triste notícia de que Pepe Mujica partiu hoje, nos deixando cheios de tristeza, mas também de muitos aprendizados. Sua vida foi um exemplo de que a luta política e a doçura podem andar juntas. E de que a coragem e a força podem vir acompanhadas da… pic.twitter.com/XDZJTA2BUw

— Lula (@LulaOficial) May 14, 2025

A cerimônia de despedida começou com um cortejo que partiu do prédio da Presidência uruguaia, seguiu até a sede do Movimento de Participação Popular (MPP) — grupo político fundado por Mujica — e, por fim, chegou ao Palácio Legislativo, onde o público pode prestar as últimas homenagens.

Quem foi Pepe Mujica

José Alberto Mujica Cordano nasceu em maio de 1935, em Montevidéu, em uma família de classe média baixa. Cresceu na capital uruguaia, onde chegou a cursar Direito, mas não concluiu a graduação. Ainda jovem, ingressou na militância política e se tornou uma das principais figuras da resistência durante a ditadura militar no país, período no qual passou mais de 14 anos preso.

Reconhecido por sua simplicidade, discursos marcantes e postura progressista, Mujica ganhou notoriedade internacional durante seu mandato como presidente do Uruguai (2010–2015). Sua gestão foi marcada por reformas de grande impacto social, como a legalização da maconha e a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas de gestação.

Em janeiro deste ano, Mujica revelou que enfrentava um câncer terminal no esôfago, com metástase, e que havia optado por interromper os tratamentos agressivos, recebendo apenas cuidados paliativos.

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