Sob urgência e sem valor do subsídio, Bruno Reis envia projetos para Câmara

Junto com pedido de empréstimo, prefeito também envia projetos que envolvem subsídio ao sistema de ônibus, mas não detalha valor

Por João Tramm.

Após enviar à Câmara Municipal de Salvador projetos de lei para contratar empréstimos de mais de R$ 1,2 bilhão, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) também encaminhou propostas que alteram a política de transporte coletivo e a estrutura administrativa da Prefeitura. O ponto mais sensível é o subsídio ao sistema de ônibus, previsto na Mensagem nº 14/2025, mas que chega ao Legislativo sem detalhar o valor que será repassado às concessionárias.

O texto prevê que a Prefeitura poderá cobrir parte do déficit tarifário das empresas para evitar aumentos na passagem de ônibus. No entanto, o projeto não apresenta números, estimativas ou limites de gasto, deixando a cargo da Agência Reguladora (ARSAL) a definição posterior do montante, com base em estudos técnicos e auditorias.

Sob urgência e sem valor do subsídio, Bruno Reis envia projetos para Câmara; Foto: Betto Jr./ Secom PMS

Urgência nos projetos

O prefeito pediu que os projetos tramitem em regime de urgência, o que atropela o espaço de análise nas comissões temáticas da Câmara. Com isso, as matérias deixam de passar por discussões mais aprofundadas e vão diretamente ao plenário para votação. O mesmo foi feito com o pedido de empréstimo.

O hábito de pedido de urgência frequentemente é criticado pela oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), dessa vez, ao enviar projeto de empréstimo, o gestor municipal segue o mesmo rito.

Na prática, essa estratégia limita o debate público e a fiscalização dos impactos financeiros e sociais, já que vereadores terão menos tempo para analisar documentos, questionar a Prefeitura e ouvir a sociedade civil.

Subsídio ao transporte

O subsídio poderá ser concedido por meio de compensação financeira direta, aquisição de veículos e equipamentos a serem cedidos às concessionárias ou investimentos em frota pública para uso direto ou em parcerias. As concessionárias deverão apresentar relatórios trimestrais de passageiros, receitas e custos da operação.

O projeto também autoriza a Prefeitura a adquirir veículos e equipamentos com recursos públicos, que poderão ser usados diretamente pelo Município, em parcerias público-privadas ou cedidos aos operadores do sistema. A proposta incentiva, ainda, a utilização de veículos elétricos.

Integra

Táxi

No caso do SETAX, a proposta altera a legislação vigente e atualiza requisitos técnicos, operacionais e procedimentais. Entre as mudanças estão:

Idade Máxima

  • Antes: A legislação vigente estabelecia diferentes limites de idade para táxis, com regras que variavam conforme a categoria e não contemplavam veículos elétricos de forma específica.
  • Depois: O projeto unifica a idade máxima dos veículos em 10 anos, com exceção de veículos elétricos, que poderão ter até 12 anos, incentivando a adoção de tecnologias mais sustentáveis.

Motorização

  • Antes: Não havia padronização clara da potência mínima dos veículos para cada categoria de táxi, o que resultava em diversidade de desempenho e possíveis limitações operacionais.

  • Depois: O projeto define que:

    • Táxis comuns devem ter mínimo de 68 CV;

    • Táxis especiais devem ter mínimo de 120 CV, garantindo desempenho adequado para operação e conforto dos passageiros.

Reajuste tarifário anual:

  • Antes: O reajuste das tarifas de táxi não possuía calendário definido, podendo ocorrer em datas variadas ou de forma reativa a alterações de custos, o que dificultava previsibilidade para usuários e motoristas.

  • Depois: O projeto prevê reajuste anual, preferencialmente em janeiro, por ato da Secretaria Municipal de Mobilidade (SEMOB), aumentando transparência e previsibilidade do serviço.

Lucas Moura./Secom

Serviço Social Autônomo

A Mensagem nº 08/2025 propõe ainda a criação de um Serviço Social Autônomo Municipal, com foco na promoção dos direitos das pessoas com deficiência. A atuação será transversal, envolvendo áreas como saúde, educação, assistência social, trabalho e transporte.

O modelo prevê governança compartilhada, com um Conselho de Administração formado por representantes do Poder Público e da sociedade civil. A Diretoria Executiva contará com um Diretor-Presidente indicado pelo prefeito e três Diretores Técnicos eleitos pelo Conselho.

O projeto autoriza a concessão de auxílios e contribuições financeiras do Município para despesas de capital, como aquisição de equipamentos e adaptações de acessibilidade. Os bens adquiridos serão inventariados em nome do Município, com permissão de uso pela entidade.

Também está prevista a criação de um quadro de pessoal transitório e em extinção, permitindo a contratação de pessoas que já atuam nos serviços da entidade até a formação do quadro definitivo.

A proposta ainda inclui alteração na estrutura da Assistência Militar da Prefeitura, com mudança no cargo de Chefe da unidade.

Projetos irão direto ao plenário da Câmara; Foto: Antonio Queirós/CMS

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