Jerônimo quer reduzir letalidade policial e diz: 'Bandido bom é bandido preso'

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) deve visitar o quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, na próxima semana, a fim de montar um comitê para acompanhar ações de controle e redução da letalidade policial na Bahia.

A informação foi divulgada pelo petista nesta segunda-feira (27), em entrevista ao programa Aratu Notícias da TV Aratu. “Nós temos uma Polícia Militar de 200 anos com a cultura formado e, por isso mesmo, quero ver essa polícia sempre elogiada pelo que fazemos na Bahia, buscando estar presente no dia a dia, protegendo a vida”, afirmou Jerônimo, durante visita à Exposibram, em Salvador.

A Bahia é líder em letalidade dentre os estados brasileiros em números absolutos. Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública mostram, segundo o jornal Folha de S. Paulo, que entre janeiro e setembro, foram 1.252 mortes por ação policial. Na sequência aparecem Rio de Janeiro (570 mortes), Pará (554) e São Paulo (523).

Veja entrevista com Jerônimo

 

Em 2024, o estado reverteu a curva ascendente registrada desde 2015 e apresentou redução de 8,5% das mortes em ações policiais. Apesar disto, a Bahia é responsável por 1 em cada 4 ocorrências registradas no Brasil.

Dados do Instituto Fogo Cruzado indicam que número de mortos em chacinas policiais registradas em Salvador e na região metropolitana aumentou 235% nos primeiros seis meses de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. 

O relatório aponta que foram contabilizadas 14 chacinas com 57 vítimas, contra cinco chacinas e 17 mortos em 2024.

O levantamento mostra que 43,5% das mortes por armas de fogo ocorreram durante ações policiais. Das 700 pessoas mortas entre janeiro e junho, 305 foram atingidas em confrontos envolvendo forças de segurança. No mesmo período do ano passado, o número era de 248. Já o total de feridos em ações policiais caiu de 61 para 42.

A Defensoria Pública da Bahia apresentou, em 2024, o Plano de Redução da Letalidade Policial, documento que reúne medidas para diminuir mortes em ações policiais no estado. A proposta reúne 24 sugestões, divididas em seis eixos, que vão desde a formação continuada em direitos humanos e combate ao racismo até a revisão de protocolos operacionais.

Entre as ações mais destacadas estão o uso obrigatório de câmeras corporais com controle externo, a criação de conselhos e comitês de monitoramento com participação da sociedade civil, a restrição de operações em áreas próximas a escolas e hospitais, e políticas de controle de armas e munições.

O plano também defende a superação do discurso de “guerra às drogas”, apontado como um dos principais fatores de letalidade, e a implementação de indenizações extrajudiciais para famílias de vítimas de intervenções policiais. O objetivo, segundo a Defensoria, é “garantir o direito à vida e promover uma atuação policial mais transparente, humana e eficiente”

Ações propostas por Jerônimo

O governador indica que, após três anos de governo, “amadureceu bastante as ações de segurança pública”. “Temos a responsabilidade de poder cuidar do dia a dia da segurança pública”, disse.

“Nós não daremos trégua ao crime organizado, com investimento em armas, em novos concursos, em inteligência, instalação de delegacias, de pelotões. Temos feito muitas operações para que o crime organizado seja encurralado na Bahia”, acrescentou.

Para Jerônimo, “bandido bom é bandido preso”. “Entregue à Justiça para que ele possa, caso comprove a sua responsabilidade, possa pagar num presídio e ainda sendo ressocializado para devolver à sociedade com muita responsabilidade”, concluiu.