Em audiência sobre Planserv, servidora aponta que plano está 'muito terceirizado'
As reclamações em torno do Planserv têm sido constantes nos últimos anos
Por Da Redação.
Representantes da diretoria do Planserv, de entidades sindicais e da sociedade civil se reúnem, nesta terça-feira (27), para discutir as queixas recorrentes de usuários sobre dificuldades no acesso a serviços do plano de saúde, que apontam demora nos atendimentos e rede credenciada limitada. O Governo do Estado, segundo apuração do Aratu On, não enviou representantes.
A audiência pública, promovida pelo deputado estadual Jordávio Ramos (PSDB) no âmbito da Comissão de Saúde, teve apoio do deputado José de Arimateia (Republicanos). Rosangela Monteiro, representante dos servidores, ressaltou, durante a reunião, que o Planserv, atualmente, enfrenta problemas por estar "muito terceirizado". "E não é isso que reza na lei que regulamenta. O Planserv tem que ter gestão do Estado", indicou.
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Crise no Planserv
As reclamações em torno do Planserv têm sido constantes nos últimos anos. De acordo com denúncias de servidores, o atendimento tem se tornado cada vez mais precário, especialmente após a contratação da empresa Maida Haptech Soluções Inteligentes Ltda, do grupo Hapvida, para gerir o plano. A gestão da empresa é alvo de questionamentos judiciais e administrativos.
Em dezembro de 2022, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) ingressou com uma ação civil pública pedindo a anulação do contrato da Maida Haptech, alegando irregularidades no processo licitatório. Representações no Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) também levantaram suspeitas de violação ao princípio de isonomia entre os licitantes e de incapacidade técnica da empresa para executar os serviços contratados.
O contrato, com valor estimado em R$ 80,4 milhões, tem sido alvo de críticas tanto pela gestão quanto pela qualidade do atendimento oferecido aos beneficiários do Planserv. Para os servidores, a precarização do sistema atinge não apenas quem mora na capital, mas também aqueles que dependem do plano em municípios do interior do estado.
Atendimento oncológico
Nos últimos meses, médicos vêm apontando dificuldades para garantir a assistência para pacientes que recebem o diagnóstico de câncer.
Em condição de anonimato, uma médica oncologista que trabalha em uma das principais unidades de saúde de Salvador conversou com o Aratu On sobre o caso. Ela disse que o Planserv teria deixado de repassar os valores mensais devidos aos hospitais conveniados, gerando valores que ainda precisam ser pagos. Diante do cenário, algumas unidades de referência em oncologia, a exemplo da AMO e do Hospital Santa Izabel, deixaram de atender pacientes do plano.
"Médicos relataram que o plano também tem deixado de autorizar certos tratamentos oncológicos que estão previstos no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), impedindo o início ou a continuidade de terapias essenciais. Em muitos casos, pacientes com câncer em estágio avançado, como o de pâncreas, estão recorrendo a consultas particulares e seguem sem acesso à quimioterapia", contou a médica.
Ela explica que o Planserv abriu estruturas como clínica e hospital próprio, no entanto, as iniciativas não estariam operando da forma ideal, diante da demanda. O resultado é a demora no atendimento e a falta de exames para os paciente oncológicos.
Com a situação, a médica conta que instituições foram obrigadas a suspender novas consultas oncológicas em Salvador. "Hoje, não conseguimos atender novos pacientes. Temos colegas com câncer sem conseguir iniciar tratamento, médicos sem saber como proceder e pacientes desesperados por não conseguirem marcar exames", acrescentou a oncologista.
Em nota, a assessoria de imprensa do Planserv informou que a responsabilidade seria das unidades de saúde, que já estariam com ocupação máxima para o plano de saúde. Leia o posicionamento na íntegra:
"A respeito da denúncia, o Planserv informa que as instituições de saúde trabalham com sua capacidade instalada, assim como para qualquer plano de saúde. O Planserv disponibiliza outras opções de atendimento para tratamento oncológico, a exemplo da Fundação Bahiana de Cardiologia, Hoppe Clin, Oncovida e Vita Diagnoeco. Mais informações podem ser obtidas na Central de Relacionamento: 0800 056 6066".
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