Obras da Ponte Salvador-Itaparica podem atrasar após exigência da Codeba

Codeba exigiu que profundidade do novo canal de navegação tenha 20 metros, maior que os 17 metros planejados inicialmente; obra é fundamental para construção da Ponte Salvador-Itaparica

Por Matheus Caldas.

O cronograma de obras da Ponte Salvador-Itaparica pode sofrer novo atraso em virtude de exigências técnicas feitas à concessionária do equipamento pela Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), que solicitou mudanças no processo de dragagem do canal de navegação na Baía de Todos-os-Santos.

O Aratu On obteve acesso a cartas enviadas pela concessionária Ponte Salvador-Itaparica à Secretaria de Infraestrutura (Seinfra). Os documentos, assinados pelo diretor-presidente do consórcio, Claudio Villas Boas, e pelo diretor de Engenharia, Bruno Sampaio, indicam que até esta sexta-feira (15) devem ser apresentadas novas informações sobre a revisão do cronograma de implantação do equipamento.

+ Vídeo detalha projeto da Ponte Salvador-Itaparica; assista

Os dados deveriam ter sido apresentados à Seinfra na última sexta-feira (8), mas os representantes da concessionária pediram extensão do prazo em razão da necessidade de compatibilizar o novo cronograma com o prazo de execução da dragagem – a Codeba exigiu que a profundidade do novo canal de navegação tenha 20 metros, maior que os 17 metros planejados inicialmente.

A carta indica que, nesta semana, estão sendo discutidos os pontos do licenciamento da plataforma linear provisória e de dragagem, considerada pela concessionária como “caminho crítico das obras, que impactam diretamente na revisão do Cronograma de Implantação”.

A assessoria de imprensa da Ponte Salvador-Itaparica não se manifestou, até o momento, sobre o assunto. 

Projeto da Ponte Salvador-Itaparica | Foto: divulgação/CPSI

Dragagem da Ponte Salvador-Itaparica?

A dragagem é um procedimento de escavação que ajuda a retirar os sedimentos – terra, areia, rochas ou lixo – do fundo dos rios, lagos, portos, oceano e lagoas industriais por meio de diversos métodos e tecnologias.

Em entrevista ao Aratu On, em 2023, o engenheiro civil Matheus Almeida explicou ser necessário que o procedimento seja realizado na Baía de Todos-os-Santos por conta das condições topográficas encontradas no local. “Geologicamente há uma elevada camada de sedimentação resultante da falha geológica ocorrida há milhões de anos”, analisa.

Há outros fatores que demandam a dragagem. Um deles é o material orgânico trazido pelos rios que possivelmente desaguam nesses pontos, como Paraguaçu, cuja foz é lançada na baía nas regiões de São Roque do Paraguaçu e Salinas da Margarida.

Os materiais trazido pelos rios, devido às próprias dinâmicas marinhas, com fluxos das correntes marinhas, acabam carregando os materiais orgânicos, que vão se depositando no fundo do mar, diz o engenheiro.

“Este material é comumente visto, sendo característico de um material de coloração mais escura e com um aspecto lamacento”, detalha.

Ele também aponta que a dragagem “é um processo de manutenção ou intervenção normal em regiões onde ocorrem esses tipos de processo natural”.

Sondagem da Ponte Salvador-Itaparica foi finalizada em abril | Foto: Marcelo Maia

Outros debates sobre Ponte Salvador-Itaparica

No dia 23 de julho, governo e concessionária discutiram a necessidade adicional de refletir, no cronograma de implantação da ponte, as revisões relativas a desapropriações, em especial acerca do prazo de elaboração dos cadastros físicos e sociais.

A concessionária indica que esta necessidade surgiu após técnicos identificarem “potenciais impactos sociais que podem ser gerados pelos cadastros físicos e sociais em áreas ainda sujeitas a alterações”. Este cenário ocorre, segundo a empresa, pois o traçado final do projeto segue em processo de elaboração.

Nesta semana, representantes de engenharia da concessionária e da Seinfra foram à China para debater o projeto da Ponte Salvador-Itaparica.  

Novo contrato da Ponte Salvador-Itaparica

O governo do estado destravou o processo da ponte e assinou, no início de junho, o novo contrato para construção do equipamento. O ato ocorreu após intermediação do Tribunal de Contas do Estado (TCE/BA), que homologou, em fevereiro, a proposta de conciliação para execução da obra, após necessidades de reequilíbrios contratuais e econômicos.

Em julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assegurou que a obra sairá do papel. “A ponte será construída. O estudo da fundação está 100% pronto e vai começar [a obra]. Um investimento de R$ 11 bilhões e vai ser uma revolução para o desenvolvimento da Bahia" assegurou, em entrevista à TV Bahia. 

O valor estimado do contrato é de R$ 6,9 bilhões, dos quais R$ 3,7 bilhões serão apenas de investimentos públicos do governo da Bahia e o restante, da concessionária operada pelas empreiteiras CCCC e CR20. Durante os 35 anos de concessão, no entanto, os valores projetados são de R$ 8,9 bilhões, dos quais R$ 8,6 bilhões serão realizados nos seis primeiros anos.

O contrato anterior tinha valor estimado de R$ 7,6 bilhões, mas os aportes públicos eram menores: R$ 1,5 milhão. 

Em reunião virtual com Jerônimo, chineses e Rui Costa fecham contrato da fonte | Foto: ascom

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