Quanto custa? Maracanã pode ser vendido para quitar dívidas do RJ

Para quitar dívidas do Governo do RJ com a Uniao, o Maracanã pode ser vendido, assim como outros 61 imóveis públicos

Por Lucas Pereira.

Um dos mais importantes estádios do futebol mundial, o Maracanã pode ser colocado à venda para ajudar o Governo do Rio de Janeiro a quitar dívidas. Na quarta-feira (22), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou a proposta para venda do Complexo Esportivo do Maracanã, juntamente com outros 61 imóveis estaduais.

Para quitar dívidas do Governo do RJ com a Uniao, o Maracanã pode ser vendido, assim como outros 61 imóveis públicos. Foto: Divulgação

A mudança ocorreu após a CCJ alterar o Projeto de Lei Complementar 40/2025, enviado pelo Executivo. O texto original listava 48 imóveis, mas, com a revisão, foram retirados 16 endereços e acrescentados outros 30, entre eles o Maracanã e a Aldeia Maracanã — prédio histórico que já abrigou o Museu do Índio e atualmente é ocupado por famílias indígenas.

De acordo com o governo do Rio, a medida faz parte de um plano de racionalização dos bens públicos e busca reduzir despesas de manutenção, além de gerar receita para os cofres estaduais. O governador Cláudio Castro destacou que o estado enfrenta “enormes desafios” para manter imóveis públicos e vê na venda uma forma de cumprir o Regime de Recuperação Fiscal, acordo firmado com a União.

A dívida do Rio de Janeiro com a União está avaliada em R$ 12 bilhões, de acordo com a Lei Orçamentária de 2026. A venda dos imóveis é considerada uma alternativa para levantar recursos e aderir ao PROPAG (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados), que permite a utilização de bens públicos para quitar débitos federais.

O deputado Rodrigo Amorim (União Brasil), presidente da CCJ e aliado do governo, defende a inclusão do estádio na lista, afirmando que o custo de manutenção do Maracanã é alto e pesa sobre os cofres públicos. Segundo ele, cada partida de futebol gera um gasto aproximado de R$ 1 milhão ao estado.

O Maracanã pode ser vendido?

Apesar da inclusão na lista de imóveis à venda, o Maracanã segue sob concessão privada e desde 2024 é administrado pelo consórcio formado por Flamengo e Fluminense, em um contrato de 20 anos, que inclui também o ginásio do Maracanãzinho. O grupo pagou R$ 20 milhões para vencer a licitação e deve investir R$ 186 milhões em melhorias até o fim do período de concessão.

Relator do projeto, o deputado Alexandre Knoploc (PL) estima que o preço do Maracanã gira em torno de R$ 8,6 bilhões de reais.

Em nota à Agência Brasil, a empresa Fla-Flu Serviços S.A., responsável pela gestão do espaço, afirmou que o contrato será cumprido integralmente: "A Gestão Fla-Flu tem contrato de 20 anos de concessão do estádio e irá cumpri-lo”.

Na Alerj, o deputado Flavio Serafini (PSOL) se posicionou contra a proposta e afirmou que lutará para barrar a venda do complexo. Para ele, o Maracanã é um símbolo nacional e parte da identidade do morador do Rio, devendo ser preservado como patrimônio cultural e esportivo.

A proposta ainda passará por outras comissões e pelo plenário da Alerj antes de ser votada em definitivo. Se aprovada, seguirá para sanção do governador Cláudio Castro.

Compra e venda de Estádios

Recentemente, outro estádio brasileiro entrou no debate de compra e venda. Nesta semana, durante o anúncio da construção do novo CT do Bahia, em Camaçari, o CEO do City Football Group, Ferran Soriano, falou sobre a possibilidade do Bahia, por meio do fundo de investimento, comprar a Fonte Nova e incorporar o estádio ao patrimônio do clube.

Segundo Soriano, apesar de ser um interesse para o futuro, neste momento, a aquisição do equipamento não é prioritária: 

"Temos um bom relacionamento com a empresa que gerencia a Fonte Nova e estamos bem. No futuro, obviamente, o Bahia quer participar da gestão do estádio, quer fazer investimentos e estamos trabalhando nisso", explicou o gestor.

Do lado Rubro-Negro de Salvador, o Vitória está com o projeto da Arena Barradão "freado" devido a outras prioridades no momento

Informações obtidas pela reportagem do Aratu On apontam que o Barradão deve ser ampliado para ter capacidade para 50 mil pessoas. O acordo também inclui os "naming rights" do estádio, num acordo estimado em R$ 450 milhões, por 50 anos de cessão de uso do estádio. As obras devem durar um ano e meio (18 meses), com previsão para começarem a partir de janeiro de 2026.

Ainda sobre o Estádio Manoel Barradas, em setembro surgiu o rumor de que o equipamento poderia ir a leilão devido a dívidas do clube com o Banco Central. De acordo com o presidente Fábio Mota, o débito do Vitória com o Banco Central está incluído num dos parcelamentos de dívida firmado pelo clube. Neste acordo, a agremiação paga R$ 145 mil mensais. “As dívidas estão parceladas e não tem risco de o Barradão ir a leilão”, garantiu, em entrevista ao Aratu On.

Apesar da vontade do Governo em que o Maracanã pode ser vendido, o estádio está sob concesão privada até 2044. Foto: Paula Reis/Flamengo

Siga a gente no InstaFacebookBluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).

Comentários

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.