Guia completo do ENEM: inscrição, preparação e dicas para se destacar

Exame Nacional do Ensino Médio é principal forma de acesso ao ensino superior no Brasil

Por Júlia Naomi.

No Brasil e no mundo, a continuidade dos estudos após a conclusão da educação básica amplia as possibilidades de atuação profissional. Desse modo, a inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), principal forma de acesso ao ensino superior no Brasil, simboliza o primeiro passo em direção a um futuro com maior autonomia na escolha de uma carreira.

Provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Foto: Divulgação / MEC / Flickr

Para obter um bom desempenho e potencializar as chances de ingressar em uma universidade, é fundamental conhecer a estrutura da prova e se preparar de forma eficiente.  A reportagem reúne as principais informações sobre o exame, além de dicas para quem busca se destacar.

Quem pode fazer o Enem?

Pessoas matriculadas no último ano do ensino médio ou que já tenham concluído a educação básica podem fazer a prova do Enem como forma de ingresso no ensino superior, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni). 

Alunos matriculados em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) também podem participar da avaliação. A partir da edição de 2025, a prova volta a valer como conclusão do ensino médio, desde que o participante tenha mais de 18 anos e alcance a pontuação mínima (450 pontos) em cada área de conhecimento da prova e na redação (500 pontos).

Estudantes que ainda não concluíram o ensino médio e não estão no último ano da etapa da educação, mas desejam se preparar para edições futuras do Enem, podem participar da prova como candidatos treineiros. Os resultados da prova são divulgados depois dos concorrentes oficiais e não poderão ser usados como forma de ingresso em instituições de ensino superior.

Participantes do Enem. Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

Como se inscrever no Enem?

Nas últimas cinco edições do Enem, as inscrições para o Enem ocorreram entre os meses de maio e junho, de modo que este é um período em que os candidatos devem ficar atentos, para não perderem a chance de participar. Veja passo a passo:

  1.  As inscrições são feitas exclusivamente pela internet, na Página do Participante do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira);

  2.  Na tela inicial, deve-se preencher o número do CPF e a data de nascimento do participante, seguida de uma ficha com outros dados pessoais, como número de identidade e endereço;

  3. O candidato deve criar uma senha com no mínimo seis e no máximo dez caracteres, que possibilitará consultar o resultado do exame, a fim de participar de processos seletivos que usam a prova como critério;

  4. Na sessão seguinte, o candidato indica se necessita de algum tipo de atendimento especializado para fazer a prova;

  5. Depois, deve selecionar um idioma entre as opções Enem inglês e Enem espanhol, para responder a prova de língua estrangeira. Também é preciso escolher a cidade onde deseja realizar o exame;

  6. Na etapa seguinte, o participante responde informações sobre sua situação no ensino médio;

  7. Em seguida, deve preencher um questionário socioeconômico com questões sobre renda e grupo familiar;

  8. Ao final da inscrição, o candidato deve imprimir o boleto e realizar o pagamento até a data de vencimento. Caso contrário, a inscrição será cancelada.

A taxa de inscrição costuma ser de R$ 85,00 e pode ser paga em agências bancárias, casas lotéricas e aplicativos de bancos.

Isenção da taxa de inscrição do Enem

O Inep prevê a gratuidade para pessoas que se enquadrem nos seguintes perfis:

  • Matriculados no 3º ano do ensino médio em escola pública (em 2025);

  • Aqueles que fizeram todo o ensino médio em escola pública ou como bolsista integral em escola privada e que possuam renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio;

  • Pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica por serem de família de baixa renda – com registro no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal;

  • Participantes do programa Pé-de-Meia, do MEC.

Participantes que não compareceram aos dois dias de provas do Enem anterior precisam justificar a ausência caso queiram participar de outra edição gratuitamente.

Como usar a nota do Enem?

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a principal forma de ingresso no ensino superior no Brasil. As notas obtidas podem ser usadas para acessar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o Programa Universidade para Todos (ProUni).

Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Foto: Agencia Brasil

Sisu

Por meio do Sisu, os estudantes podem concorrer a vagas em universidades públicas e institutos federais. A classificação é feita com base na média das notas, respeitando o número de vagas disponíveis para cada curso e categoria de concorrência, e considerando também as escolhas de curso e os perfis social e econômico dos candidatos, conforme a Lei de Cotas (Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012).

A partir do Sisu de 2026, o Ministério da Educação vai autorizar o uso de notas de até três edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

ProUni 

O  Programa Universidade para Todos (ProUni), do Ministério da Educação, criado em 2004, oferece bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições particulares de ensino superior. Ele é voltado a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior que desejam cursar graduação ou cursos sequenciais de formação específica.

A pré-seleção considera a nota do candidato em uma das duas edições mais recentes do Enem anteriores ao processo seletivo do ProUni. Para participar, o estudante deve ter alcançado média mínima de 450 pontos e não ter zerado a redação.

Para concorrer à bolsa integral, o candidato deve comprovar renda familiar bruta mensal de até um salário mínimo e meio por pessoa. Para a bolsa parcial (50%), a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa. Também existem critérios relacionados à dependência administrativa (pública ou particular) da escola em que a pessoa cursou o ensino médio.

Programa Universidade para Todos (Prouni). Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil

A inscrição é gratuita e feita exclusivamente na internet, na página do Prouni. Encerrado o prazo de inscrição, o sistema do Prouni classifica os estudantes de acordo com as opções e as notas obtidas no Enem e a modalidade de concorrência.

Em alguns casos, as instituições optam por realizar um processo seletivo próprio para os candidatos pré-selecionados. Essa informação é apresentada ao candidato no momento da inscrição quando seleciona o curso

Como se preparar para as provas do Enem?

O ensino médio é a última etapa escolar no Brasil e tem como objetivo consolidar os aprendizados adquiridos no ensino fundamental, além de promover o desenvolvimento integral do estudante enquanto cidadão. Nesse sentido, a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio envolve a apreensão e revisão de conhecimentos adquiridos ao longo de toda a educação básica.

"Sempre digo para os alunos que estudar para o ENEM é uma maratona, não uma corrida de 100 metros". Com essa frase, em entrevista ao Aratu On, publicada em agosto de 2025, o professor de física Tomás Wilson explica que o ritmo de preparação para Enem e vestibulares deve ser constante e estratégico, com aprimoramento gradual. 

Professor de Física Tomás Wilson. Foto: Acervo Pessoal

A prova do ENEM é composta pelas áreas de Ciências da Natureza (Biologia, Química e Física), Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia), Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Português, Literatura, Língua Estrangeira, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação), Matemática e suas Tecnologias, além da Redação.

Apesar da ampla quantidade de conteúdos possíveis, o professor, que há 30 anos atua na capacitação de estudantes para provas admissionais de universidades, recomenda estudar com prioridade os temas mais recorrentes na avaliação. Além disso, orienta os estudantes a revisar com frequência, enxergar os conteúdos de forma interdisciplinar e respeitar momentos de descanso.

De acordo com o professor, o aluno deve:

  1. Buscar priorizar os temas mais recorrentes — de acordo com o professor, na prova de física do Enem, por exemplo, Mecânica, Eletricidade, Termologia e Ondulatória representam mais de 80% dos conteúdos, de modo que priorizá-los nos estudos é uma escolha estratégica. "Não adianta estudar com a mesma intensidade tópicos que caem muito pouco".

  2.  Reservar tempo para uma revisão constante — "o ENEM exige que você lembre o conteúdo na hora da prova, não apenas que você o tenha estudado meses antes".

  3. Treinar a resolução de questões contextualizadas e de edições anteriores — "a prova do Enem é cheia de situações do cotidiano, então prática é indispensável".

  4. Manter uma visão integrada - Física no ENEM, por exemplo, também aparece de forma interdisciplinar em contexto com Química, Biologia, Geografia e até atualidades.

Em um vídeo publicado no Instagram da TV Aratu, a repórter do Aratu On Anna Caroline Santiago apresenta uma seleção de conteúdos frequentes no Enem.

Dicas de estudo para o Enem

Além dessas recomendações, o Aratu On preparou algumas dicas de estudos que vão auxiliar o participante a ter sucesso no exame nacional.

Conheça o modelo de questões da prova

Embora o conteúdo varie a cada edição, a estrutura e a forma como as perguntas são apresentadas seguem um padrão. Resolver provas antigas é uma das maneiras mais eficazes de se familiarizar com esse formato. Além de testar o conhecimento, elas ajudam o candidato a entender como o exame cobra a interpretação de textos e a aplicação prática dos conceitos estudados.

As avaliações dos anos anteriores estão disponíveis gratuitamente no site oficial do ENEM. Pessoas com deficiência auditiva podem utilizar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e também pode acessar versões adatptadas das provas, que visam proporcionar igualdade de condições na preparação.

Dica de ouro: aprenda a gerenciar o tempo durante a prova

Muitos candidatos se preparam bem, mas acabam perdendo pontos preciosos por má gestão do tempo. O segredo é simples: comece respondendo as perguntas mais fáceis e deixe as mais difíceis para o final. Assim, você garante que não desperdiçará minutos valiosos em uma única questão.

Reserve os últimos minutos da prova para revisar as perguntas que ficaram em branco — muitas vezes, com a cabeça mais leve, as respostas surgem com mais clareza.

Prova Foto Imagem De Arquivo Agência Brasil

Cuidado com as pegadinhas das alternativas

As provas do ENEM são conhecidas por suas questões interpretativas e por alternativas que testam a atenção do candidato. Por isso, é necessário ler o enunciado com atenção redobrada, grifando palavras-chave e comandos como “analise”, “compare” ou “justifique”.

Um erro comum é marcar respostas com palavras generalizantes, como “sempre”, “nunca” ou “todos”. Esses termos tendem a tornar a alternativa incorreta, pois raramente um conceito é válido em todas as situações.

Foque nas disciplinas de maior peso

Para concorrer a vagas em universidades públicas e institutos federais, as notas obtidas no Enem devem ser submetidas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A classificação é feita com base na média das notas, respeitando o número de vagas disponíveis para cada curso e categoria de concorrência.

Nem todas as áreas do conhecimento têm o mesmo peso no cálculo final da nota. Por isso, é fundamental direcionar os estudos para as matérias mais relevantes para o curso que você deseja. Identifique essas prioridades e monte um plano de estudos focado, revisando os temas que mais caem.

Dê prioridade às suas dificuldades

Uma das dicas para ter sucesso no Enem é organizar um cronograma de estudos estratégico. Nem todos os conteúdos exigem o mesmo tempo de dedicação. Por isso, o ideal é reservar mais tempo para as disciplinas em que tem dificuldade e revisar os conteúdos que já domina.

Para descobrir em quais áreas precisam ser focadas, vale revisar as provas anteriores e identificar as matérias em que seu desempenho foi mais baixo. Assim, é possível ajustar o plano de estudos e reforçar os pontos fracos antes do exame.

Estudo para o Enem. Foto: Alexandre Campbell / IMPA

Faça resumos e esquemas para revisar com eficiência

Após mapear seus pontos fortes e fracos, organize o conteúdo de forma visual. Elaborar resumos, esquemas e mapas mentais  ajuda a fixar melhor as informações e facilita as revisões de última hora. Um caderno de anotações ou fichário com tópicos-chave é um excelente aliado para quem quer estudar de forma mais leve e eficiente.

Durante a revisão, use marcadores de cores diferentes para destacar conceitos, fórmulas e palavras-chave. Isso torna o material mais atrativo e facilita a memorização de conteúdos mais densos, como fórmulas matemáticas, regras gramaticais ou períodos históricos.

Na prova, comece pelas matérias em que tem mais afinidade

A confiança é uma grande aliada no dia da prova. Por isso, iniciar a resolução pelas disciplinas em que você se sente mais confortável é uma tática inteligente. Se você tem mais facilidade em Ciências da Natureza, por exemplo, comece por essa área. Já quem prefere, pode começar com Matemática. Resolver as questões mais familiares aumenta a autoconfiança e reduz a ansiedade.

Dicas para se dar bem na redação

Para alcançar a tão sonhada nota 1000 na redação do Enem, é fundamental conhecer a fundo os critérios de avaliação da prova e buscar atendê-los de maneira integral.  Eles obedecem à Matriz de Referência para a Redação do Enem e são relacionados a cinco competências, que devem ter sido desenvolvidas ao longo da formação do estudante. 

Redação do Enem. Foto: Divulgação

Conheça as cinco competências avaliadas na redação do Enem

  • Competência I - Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;

  • Competência II - Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais
    do texto dissertativo-argumentativo em prosa;

  • Competência III - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;

  • Competência IV - Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;

  • Competência V - Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

A reportagem do Aratu On preparou uma matéria completa, explicando cada um dos critérios avaliados, o que é necessário fazer para cumpri-los e o que pode fazer com que o participante zere a redação. Ela está disponível clicando aqui. Além disso, a professora Maria Rita Morais, do Centro Educacional Maria José em Pernambués, bairro de Salvador, elencou algumas dicas para auxiliar os participantes no momento da escrita. Acesse aqui.

Em 10 de outubro de 2025, o Ministério da Educação lançou um aplicativo que corrige redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), simula provas, oferece materiais de reforço e assistência virtual. Nomeada de MEC Enem, a ferramenta está disponível nas principais lojas de aplicativos e via navegador.

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