Apenas 30,8% das escolas públicas do Nordeste têm rede de esgoto

Falta de esgoto nas escolas públicas compromete saúde e aprendizagem de milhares de estudantes na região Nordeste

Por Rosana Bomfim.

O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 revelou desigualdades preocupantes na infraestrutura das escolas públicas brasileiras, com efeitos particularmente graves para o Nordeste. O levantamento aponta que apenas 30,8% das escolas da região têm rede de esgoto.

A 12ª edição do estudo, divulgado nesta quinta-feira (25), foi elaborado pela organização Todos Pela Educação, Fundação Santillana e Editora Moderna. 

Escolas Publicas Do Nordeste Tem Rede De Esgoto| Foto: Ilustração Pexels

Embora 95% das escolas públicas contem com itens básicos como água, energia, banheiros e cozinha, a realidade mostra falhas estruturais persistentes. Apenas 48,2% das unidades estão ligadas à rede pública de esgoto e mais de 20% ainda não têm coleta de lixo.

No recorte regional, a desigualdade é evidente: enquanto 84,7% das escolas do Sudeste têm rede de esgoto, no Nordeste esse índice cai para apenas 30,8%, menos da metade da média nacional. O contraste também aparece quando a comparação é feita com o Sul (56,9%) e o Centro-Oeste (47,8%).

No quesito coleta de lixo, embora a situação seja mais crítica no Norte, o Nordeste também apresenta lacunas significativas, afetando diretamente a dignidade e a rotina escolar de milhares de estudantes.

Na região, essa precariedade repercute também nos equipamentos voltados à aprendizagem. Apenas uma parte das escolas oferece bibliotecas, laboratórios de informática e de ciências, recursos fundamentais para o desenvolvimento dos alunos.

Apenas 30,8% das escolas do Nordeste têm rede de esgoto| Foto: Ilustração Pexels

Enquanto no ensino médio 73% das escolas públicas brasileiras têm laboratório de informática, a cobertura é menor no Nordeste, dificultando a preparação dos jovens para o futuro acadêmico e profissional.

Na educação infantil, a desigualdade regional também aparece. Enquanto no Sul mais de 87% das escolas contam com parques e 95% oferecem material pedagógico, no Nordeste os índices são muito inferiores, reduzindo as oportunidades de aprendizado e socialização na primeira infância.

Além disso, apesar de 95,4% das escolas públicas terem algum tipo de acesso à internet, menos da metade conta com conexão adequada para uso pedagógico em sala de aula. Essa limitação reforça a exclusão digital, especialmente em regiões como o Nordeste, onde a carência de recursos é maior.

O anuário destaca ainda que apenas 4,5% dos jovens da 3ª série do ensino médio público têm aprendizagem adequada em matemática e língua portuguesa. No Nordeste esse desafio é agravado pelo déficit de infraestrutura escolar e tecnológica.

A publicação serve de base para a construção de políticas no próximo Plano Nacional de Educação, que definirá metas para os próximos 10 anos. No caso do Nordeste, os números deixam claro que investimentos estruturais urgentes são necessários para superar as desigualdades históricas e assegurar às crianças e jovens da região o direito pleno à educação de qualidade.

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Problemas com saneamento básico e infraestrutura são corriqueiros em Salvador. Em um caso recente, alunos do Colégio CEEP Luiz Pinto de Carvalho, na capital baiana, denunciaram abandono à manutenção escolar da instituição. Em um vídeo publicado no Instagram, os estudantes relatam problemas na estrutura do colégio, alegando abandono na manutenção da infraestrutura.

Os professores também apontaram a situação insalubre da estrutura do Colégio Estadual Duque de Caxias, afirmando descontentamento com os transtornos provocados por uma reforma no local, comparando a instituição a um “campo de concentração”.

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