Comida baiana vegana conquista espaço na Sexta-Feira Santa
Restaurante com 28 anos de história em Salvador adapta receitas tradicionais para dietas sem carne, sem glúten e sem lactose, mantendo o sabor e a memória afetiva.
Por Murilo Motta.
A sexta-feira na Bahia é sinônimo de comida baiana no prato. Seja por fé ou por paixão gastronômica, o costume tem raízes religiosas e ganhou força na cultura popular. Mas agora, com a ampliação de dietas veganas e restritivas, surge um novo espaço à mesa: versões veganas dos pratos tradicionais, como vatapá, acarajé e caruru.
No bairro da Pituba, em Salvador, o restaurante “Saúde na Panela” é um dos pioneiros nesse movimento. Com mais de 28 anos de história, o local é conhecido pela comida com sabor de casa de vó — só que sem glúten, sem lactose e com molhos artesanais.
"A gente queria atender primeiro o nosso público vegetariano e depois as pessoas que tem alergia a camarão e amendoim. São dois produtos que a gente não utiliza em nossa comida baiana." Comenta Luciana Fontenele, proprietária e idealizadora do projeto "Saúde na Panela".
Na Sexta-feira Santa, o cardápio especial ganha adaptações criativas. "Nós temos dois tipos de vatapás, um de inhame para quem é intolerante a glúten e o outro com pão, nós produzimos aqui mesmo o pão. ambos sem camarão. Além da gente não usar amendoim, só castanha, também só adicionamos o azeite no final, para não saturar", afirma Luciana.
Além de agradar veganos (que não consomem nenhum alimento de origem animal, como carnes, ovos, leite e derivados) e vegetarianos (que excluem carnes, mas ainda podem consumir laticínios e ovos), as versões adaptadas também são ideais para quem tem alergia a frutos do mar ou está em busca de refeições mais leves e saudáveis. O restaurante aposta na reinvenção dos sabores sem perder a essência, oferecendo uma experiência inclusiva e afetiva. Uma opção que alimenta corpo, alma e tradição com um toque contemporâneo.
Mas será que é possível reinventar pratos tão simbólicos sem desrespeitar a tradição? Conversamos com Rita Ventura, presidente da ABAM – Associação Nacional das Baianas de Acarajé, para ouvir sua opinião sobre as mudanças de ingredientes:
“Se você não pode comer o camarão, não coma (o vatapá). O acarajé, por ele só, já é vegano. Ele é feito com feijão, sal e cebola, frito no dendê. Se acrescentar a salada, fica ainda mais vegano. Então, não precisa dizer que está fazendo acarajé vegano.”
A fala de Rita pontua a importância de preservar a ancestralidade presente nos pratos típicos, mesmo em tempos de inovação. O “Saúde na Panela”, por sua vez, aposta em releituras que respeitam o sabor e a memória, sem pretender substituir ou apagar as origens. Afinal, na Bahia, sexta-feira é de comida baiana para todos os gostos.
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