Nossa luta é constante
Foto: ilustrativa/Pexels
Enquanto houver desigualdade entre homens e mulheres, seguiremos em busca de igualdade
A luta das mulheres por igualdade é histórica no Brasil. A cada dia, nos conscientizamos e ganhamos mais força em defesa da igualdade de gênero e pelo fim da violência que sofremos cotidianamente. Seja nas ruas ou na internet, estamos realizando grandes mobilizações que denunciam as agressões domésticas, o feminicídio e a falta de representatividade em espaços que sempre nos foram negados.
Sabemos o quanto essa caminhada é árdua, necessária e tem sido construída por muitas mulheres inspiradoras ao longo dos tempos. Fico imensamente esperançosa quando a busca por uma sociedade igualitária entre homens e mulheres se torna cada vez mais difundida entre todos.
A campanha do Agosto Lilás, que visa intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência contra a mulher, é um bom exemplo de uma mobilização feminina que tem se solidificado e ganhado mais força a cada ano. Igualmente a esta, existem também; ‘Março - o mês das mulheres’, manifestações de rua, rodas de conversas e outros grandes eventos nacionais que têm ganhado capilaridade social.
Apesar da popularização do debate sobre as lutas femininas, ainda encaramos muitos problemas com as desigualdades salariais, a violência, a pouca representatividade política e restrições no mercado de trabalho. E, logicamente, além de nossas mobilizações, é fundamental a existência de políticas públicas voltadas para as mulheres, tendo como objetivo a mudança desta injusta realidade.
No entanto, não é incomum nos deparamos com injustificadas ações governamentais contrárias a toda essa luta por igualdade. Na última semana, a Revista AzMina divulgou um levantamento exclusivo mostrando que de 2019 a julho de 2021, o governo federal simplesmente não utilizou R$ 376,4 milhões dos R$ 1,1 bilhão disponíveis para 10 rubricas que têm as mulheres como público-alvo no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e no Ministério da Saúde.
Essa é uma medida que inviabiliza o avanço de ações práticas para uma sociedade mais digna para as mulheres. E só é possível promover mais igualdade oferecendo meios que possibilitem esses avanços. Para exemplificar: é através de investimento em políticas públicas para mulheres que se torna factível a oferta de serviços de apoio psicossocial, promoção de autonomia econômica, acolhimento, atendimento médico, proteção aos filhos de mulheres violentadas, além de desenvolver caminhos para que todas possam romper barreiras históricas.
Essa não utilização de um terço da verba total de recursos previstos no Orçamento da União, carimbados especificamente para um conjunto de políticas públicas para mulheres, nos traz a dimensão do quanto, invariavelmente, o que falta mesmo é a disposição política para criar formas e mecanismos para transformar esta desigualdade estrutural que as mulheres vivem.
Mesmo a aplicação deste recurso estando autorizada e havendo planos concretos para gastar o dinheiro, esses valores estão há cerca de dois anos e meio paralisados no caixa do governo federal. Uma evidente demonstração do desinteresse deste governo em encaminhar pautas femininas. Obviamente, para quem já conhece a objeção deste governo com as demandas femininas, uma atitude como essa não é novidade.
Dessa forma, se faz necessário pontuarmos sempre que existe uma deliberada e lamentável tentativa de impossibilitar a construção de uma sociedade igualitária entre homens e mulheres. É por conta dessas condutas políticas atuais aliadas a todo histórico de uma sociedade estruturada em concepções patriarcais, que as mulheres amargam tristes índices sociais. Seja em questões de representatividade, violência doméstica ou dificuldade de ascensão social, as estatísticas apontam sempre para cenários negativos.
Por isso, a nossa luta, a luta de todas as mulheres brasileiras, precisa ser constante em favor de direitos iguais. Só assim poderemos avançar em defesa de uma sociedade moderna. Que respeite e garanta paridade entre todas e todos. Enquanto houver injustiça, seguiremos lutando por dias melhores!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.