“Aqueles que não gostam de política serão governados por aqueles que gostam”. Esta célebre frase, muitas vezes atribuída ao filósofo Platão, resume bem um pensamento que deve ser cada vez mais disseminado: se você não participa do processo democrático, outras pessoas tomarão a decisão no seu lugar. E o que isso provoca, no fim das contas? A insatisfação generalizada com o sistema político.
Entre os jovens de 16 e 17 anos, por exemplo, cujo voto é facultativo, esse problema é bem evidente. Um levantamento realizado pela CNN com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelou que o número de adolescentes que fizeram o título de eleitor caiu 82% em uma década, no recorte entre 2012 e 2022. Não é por acaso que qualquer pesquisa, realizada entre pessoas de qualquer faixa etária, revela que a maioria dos brasileiros não se sente representada pelos políticos.
A conexão entre os dois fenômenos é nítida. É basicamente uma relação de causa e efeito: se a gente abre mão do direito de votar, ou até vota, mas sem estabelecer um vínculo real com os representantes, a sensação de que estamos abandonados pelos políticos é uma consequência praticamente natural. A solução, portanto, não é se afastar da política, mas ficar cada vez mais perto dela.
É muito importante, inclusive, que a participação ativa na política vá além do período eleitoral. Ter o título de eleitor regularizado e votar com consciência é uma etapa muito necessária, mas não é o bastante. O caminho para o fim do sentimento de abandono começa pelo voto, só que também depende do nosso envolvimento todos os dias. É preciso sempre estar ao lado do seu representante para que os problemas de um bairro, por exemplo, sejam identificados e solucionados.
Entendo perfeitamente toda a insatisfação que temos com aqueles políticos que só aparecem em época de eleição, prometendo mundos e fundos e depois somem. Vi isso na minha comunidade desde pequena e passei muito tempo sem gostar de política também. Mas em determinado momento percebi que só a nossa luta por mais direitos poderia colocar fim a esse sentimento e garantir as transformações necessárias na nossa comunidade.
Abrir mão de votar e acompanhar a política é, afinal, como ir a um restaurante, pedir ao garçom para trazer uma comida aleatória e depois se incomodar com o prato que ele trouxe, que talvez possa até nos provocar uma reação alérgica. A solução para isso não seria, evidentemente, deixar de comer, mas tomar para si a possibilidade de escolher aquilo que é melhor para você.
A política é preciosa demais para deixarmos na mão de terceiros. Precisamos participar, cobrar e fiscalizar. Para que ninguém tome decisões no nosso lugar.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

“Toda realidade antes é sonhada”. É com esta frase, que ouvi recentemente em uma música, que inicio a coluna de hoje. O motivo? Posso dizer que há dois anos, em 5 de fevereiro de 2022, demos início a uma nova realidade para as pessoas que vivem em Campinas de Pirajá, Marechal Rondon, Alto do Cabrito e Boa Vista do Lobato. Realidade essa que, até então, existia apenas nos nossos sonhos: viver com mais dignidade e desfrutar de mais oportunidades.
A materialização desse sonho ocorreu naquele dia, quando finalmente inauguramos o Centro Cultural Isabela Sousa. A partir dali, muita coisa mudou na nossa região. Uma região que, até pouco tempo atrás, estava acostumada a lidar com o descaso e com o esquecimento. Agora, além dos benefícios que podemos ver de forma prática graças aos serviços e atividades que oferecemos, eu costumo dizer que o Centro Cultural também nos deu uma contribuição simbólica muito importante.
Ainda vivemos em um mundo no qual o lugar onde nascemos diz muito sobre as oportunidades que teremos ao longo da vida. O famoso físico e divulgador científico Neil DeGrasse Tyson certa vez disse que “talvez o próximo Einstein esteja morrendo de fome na Etiópia”. Infelizmente, é algo verdadeiro. Mas não precisamos ir muito longe.  Quantos de nós já não conhecemos alguém que parecia ter um potencial imenso, só que infelizmente não teve acesso às oportunidades certas?
Nas periferias do nosso país, formadas sob um contexto de profundas desigualdades, as coisas ainda operam dessa forma. Algo que parece comum e trivial para algumas pessoas é, nas favelas, um luxo inalcançável. Sempre cito o meu exemplo, já que, até os meus 14 anos, o maior sonho da minha vida era viajar de avião. As coisas ainda não são muito diferentes entre as crianças de hoje, mas aos poucos o nosso trabalho está transformando essa realidade.
Acima de qualquer auxílio material que garantimos a milhares de famílias, algo que também é fundamental, queremos tornar cada pessoa protagonista da sua própria história. Por isso, defendemos que sonhos não têm CEP – ou não devem ter, ainda que o contexto social do nosso mundo, por enquanto, não reflita isso. Os sonhos são a mola propulsora para qualquer mudança real e efetiva, e a maior violência de todas ocorre quando as pessoas são impedidas de sonhar. Devolver esse direito a elas é o princípio que move cada esforço nosso, cada projeto, cada iniciativa.
Se você está aqui, saiba que de algum modo também faz parte disso. O Centro Cultural é um sonho coletivo que só saiu do papel graças ao apoio de muita gente. Neste segundo aniversário do maior projeto que já vimos na região, eu só tenho a agradecer a cada pessoa que caminha comigo e que está mostrando que sonhar é possível – e preciso. Foi acreditando que sonhos não têm CEP que chegamos até aqui, e é assim que vamos seguir na luta para reaproximar as pessoas de seus desejos e ajudar a transformá-los em realidade. Gratidão!

Na minha última coluna de 2023, escrevi sobre o sentimento de gratidão que o mês de dezembro nos convida a expressar, já que é o momento de agradecer por tudo de bom que aconteceu. Já agora, em janeiro, sinto que é o momento perfeito para renovarmos a nossa fé, projetando o futuro com muito otimismo. Basta pensar nas inúmeras metas e planos que todos nós elaboramos nesta época do ano! Ainda que nem todos eles saiam do papel, certamente nos motivam para o início do novo ciclo.
Para mim, há um motivo em particular que torna este mês muito especial: foi em janeiro de 2022 que demos os últimos acabamentos nas obras do Centro Cultural Isabela Sousa, inaugurado oficialmente na primeira semana de fevereiro. Foi um dos momentos mais especiais da minha vida e que trouxe uma energia maravilhosa para aquele ano, que ainda reservou outros eventos super marcantes, como a nossa posse na Câmara Municipal.
Refletir sobre esse processo, que contou com o apoio de incontáveis amigos e parceiros, é uma espécie de rito que reforça o porquê da nossa luta e me faz ter a convicção de que estamos no caminho certo. Toda a transformação que
promovemos na comunidade parecia impossível há alguns anos, mas se tornou possível à medida que passamos a acreditar que o futuro poderia ser completamente diferente de tudo aquilo que a gente já tinha visto!
Outro aspecto que torna este mês tão carregado de fé diz respeito às tradições de Salvador! Quer um exemplo? A Lavagem do Bonfim, que inaugura o nosso calendário anual de grandes eventos e traz consigo toda a espiritualidade e boas vibrações que tem direito. Neste ano, estive no cortejo acompanhada por centenas de amigos, e fizemos uma festa linda! Um dia para guardar na memória e para abrir o ano da melhor maneira possível.
Saindo do mês de janeiro, mas ainda dentro desse contexto, outro exemplo é a Festa de Iemanjá. No segundo dia de fevereiro, esta se torna mais uma demonstração da espiritualidade que nos acompanha desde que nos entendemos
por gente! Um tipo de espiritualidade que só se encontra no povo baiano, graças à diversidade e ao sincretismo que temos por aqui, e que mostra para o mundo inteiro a riqueza cultural da nossa gente.
Nada disso ocorre por acaso: a fé, desde os primórdios da espécie humana, exerce um papel central na forma como vivemos e nos organizamos coletivamente. E não me refiro à fé necessariamente em um sentido religioso, mas ela em todas as suas variações possíveis. Qualquer sonho ou meta que temos é, essencialmente, um ato de fé. Acreditar que o amanhã será melhor que o hoje é o que nos move e sempre nos moveu!
Os Racionais MCs já cantaram que o “pensamento é a força criadora”, e eu penso que é bem por aí mesmo! Sem a esperança de que as coisas podem ser melhores no futuro, nenhuma luta tem sentido. O mundo só muda quando acreditamos que ele pode mudar. Por isso, espero que esse início de 2024 seja, para todos nós, acompanhado por muita fé. Não tenho dúvidas de que, assim, o futuro nos proporcionará momentos extraordinários! Que assim seja!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

O fim do ano chegou e, com ele, ressurge aquele espírito de olhar para tudo o que foi feito ao longo de 365 dias e começar planejar o que pode ser melhor a partir do próximo dia primeiro. Para mim, é realmente encantador como as coisas parecem mudar em dezembro. Sinto que é o momento do ano que mais nos permite tomar um fôlego para refletir sobre a vida e, principalmente, agradecer.
Existem pessoas que acham besteira, mas é inegável o poder simbólico presente em todo processo de virada de ano. Nós, coletivamente, o encaramos como a oportunidade para resetar determinados hábitos e dar início a outros, quase como um renascimento. Seja em um caderninho, no celular ou apenas na mente, fato é que cada pessoa elabora e registra os seus próprios objetivos para o novo ciclo.
Confesso que a minha lista inicial de metas sempre vai se ajustando e se adaptando com o passar dos meses (para a galera dos signos, vale destacar que sou geminiana!). Mas, honestamente, penso que é normal que seja desta forma e
acredito que muita gente pode se identificar, já que a maior parte das circunstâncias que afetam nossas vidas não estão sob o nosso controle. Então, para mim, o mais importante é preservar o princípio por trás de cada meta, e não a meta em si.
Ao longo dos últimos 12 meses, passada a correria que foi 2022, tive a oportunidade de contemplar melhor o trabalho que venho desempenhando ao lado de tanta gente boa pelas comunidades de Salvador. Essa luta que eu travo diariamente, e que tive a honra de compartilhar um pouco aqui nas minhas colunas, não é uma luta que se trava sozinha. E se posso deixar um conselho para você que me lê, é esse: cerque-se de quem sonha o mesmo sonho que você. O valor disso é imensurável.
Quem já me conhece sabe, mas nunca é demais lembrar: todo esse esforço para transformar vidas só se tornou possível graças a uma oportunidade que eu tive em 2014, no meu ensino médio. O sonho de viajar de avião me levou a Brasília para o Parlamento Jovem Brasileiro. Foi lá, representando a Bahia como deputada jovem, que percebi o valor de lutar por um sonho coletivo. Agradeço por isso até hoje. Desde então, minha vida pode ser definida pelo encontro com as pessoas certas, nos lugares certos e na hora certa. Se eu, a “menina de Campinas de Pirajá”, tive a chance de me tornar a vereadora mais jovem de Salvador há cerca de um ano e meio, foi graças a todas as pessoas que atravessaram minha trajetória e que se juntaram a mim nessa luta em busca daquilo que parecia improvável: levar mais dignidade a quem vive nas periferias da nossa cidade.
Já foi documentado por inúmeros poetas que o caminho é mais importante do que o destino. Não posso discordar de uma vírgula desse pensamento. Afinal, é o “caminho” que se faz presente no nosso dia a dia e que nos proporciona os
momentos em que verdadeiramente percebemos a importância de trabalhar em torno de um propósito. O “caminho” significa, no fim das contas, estar do lado das pessoas por quem eu tanto trabalho. É olhar no olho de cada uma delas e sentir o valor de cada sonho, de cada história, de cada vivência.
Por tudo isso, não poderia escrever sobre outro tema na minha última coluna de 2023. Foi mais um ano em que tive a honra de celebrar muitas conquistas para as nossas periferias, além de refletir muito sobre o futuro que a nossa gente precisa. É um ciclo que se fecha repleto de gratidão pelas coisas que foram feitas e com a convicção de que, daqui há um ano, voltarei para escrever outro texto ainda mais grata pelo que está por vir e pelas pessoas que nunca deixaram de acreditar nos mesmos sonhos que eu.
Desejo que o final de ano de cada um seja repleto de prosperidade e que não falte a ninguém nada daquilo que é mais essencial. A você, que me acompanhou em mais uma jornada de 365 dias, só posso dizer um “muito obrigada” do fundo do meu coração! Espero que possamos ampliar essa onda de gratidão neste fim de ano, porque agradecer engrandece. Nos vemos em 2024!
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

Elenco famoso, trama de vingan&ccedil;a, reviravoltas e personagens pol&ecirc;micos, Beleza Fatal entrega em sua proposta um modelo que agrada &agrave; espectatorialidade brasileira. Criada por Raphael Montes (Bom Dia, Ver&ocirc;nica), o maior ponto de qualidade da novela &eacute; a consci&ecirc;ncia que a equipe tem de que est&aacute; fazendo novela e precisa apostar nos modelos basilares do formato para alcan&ccedil;ar o que deseja mostrar.
H&aacute; uma coragem de Montes em investir em uma narrativa que se vale dos clich&ecirc;s e das conforma&ccedil;&otilde;es &lsquo;novel&iacute;sticas&rsquo;. Assim, o p&uacute;blico que gosta de telenovelas vai encontrar elementos j&aacute; conhecidos por ele: o n&uacute;cleo c&ocirc;mico, que &eacute; o da fam&iacute;lia sem dinheiro, os ricos apodrecidos, a vil&atilde; inescrupulosa etc. E esses pontos comuns reunidos revelam que h&aacute; uma consci&ecirc;ncia em convocar um padr&atilde;o familiar (<a href="https://aratuon.com.br/variedades/astrologa-preve-futuro-de-boninho-no-sbt-vai-explodir-e-passar-a-globo" target="_blank" rel="noopener">Oi, Globo</a>) para aproximar a audi&ecirc;ncia da produ&ccedil;&atilde;o.
Dessa forma, a HBO (emissora da novela) investe em Beleza Fatal e deixa n&iacute;tido que est&aacute; atenta a essa necessidade de mercado. E para contar essa hist&oacute;ria, com essas marcas comuns narrativas, a produ&ccedil;&atilde;o se vale tamb&eacute;m da est&eacute;tica visual da tradi&ccedil;&atilde;o de telenovela. O uso da luz mais chapada e aberta eleva a potencialidade desse universo de riqueza, beleza e cirurgia pl&aacute;stica, que &eacute; uma das bases do enredo.
Essa ilumina&ccedil;&atilde;o, aparentemente menos sofisticada, vem de um modelo de produ&ccedil;&atilde;o, por exemplo, no qual novelas originais s&atilde;o exibidas diariamente em tr&ecirc;s hor&aacute;rios. Por isso, diversas vezes, o apelidado de &ldquo;Luz de Maracan&atilde;&rdquo; era acionado. Ainda que esse n&atilde;o seja o caso de Beleza Fatal, a obra mostra o conhecimento dessa visualidade e elabora a constru&ccedil;&atilde;o de atmosfera se valendo das marcas de seu pr&oacute;prio formato.
Algo semelhante pode ser observado no uso das sombras. Elas est&atilde;o ali, principalmente, para acompanhar as personagens centrais da trama: a mocinha Sophia (Camila Queiroz) e a vil&atilde; Lola (Camila Pitanga). Olhar para Beleza Fatal &eacute; constatar as caracter&iacute;sticas est&eacute;ticas de telenovelas, e essa &eacute; uma das confirma&ccedil;&otilde;es. Assim como as sombras, a maioria dos recursos est&eacute;ticos, de encena&ccedil;&atilde;o e de som, estar&atilde;o &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o das duas figuras principais e do embate: mocinha x vil&atilde;.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/a6c9e8b7-55f3-46ae-9060-85720c572356.jpg?width=700&amp;height=422" alt="Foto: reprodu&ccedil;&atilde;o">
E &eacute; esse o diferencial desse tipo de formato e de produ&ccedil;&atilde;o. A plateia vai vibrar, torcer e se engajar com a rivalidade entre as personagens centrais estabelecidas pela obra. Todo o resto n&atilde;o pode ser largado, mas &eacute; menor. E por ter esse foco, a sensa&ccedil;&atilde;o de conex&atilde;o com a hist&oacute;ria se eleva. Dessa maneira, os pontos visuais e sonoros ser&atilde;o delas: de Lola e de Sophia - majoritariamente.&nbsp;
Quando o consumidor olhar para a cor rosa vibrante, vai imediatamente pensar em Lola. Amarelo (e suas deriva&ccedil;&otilde;es), em Sophia - seus cabelos, a roupa da sua m&atilde;e na pris&atilde;o. O fato de a jovem ir perdendo esse brilho puro pela sede de vingan&ccedil;a tamb&eacute;m &eacute; emblem&aacute;tico para a narrativa e posto de forma visual. Dentro de todas essas l&oacute;gicas, o que move as escolhas da produ&ccedil;&atilde;o &eacute; acertado, por&eacute;m falta ao produto sustentar a sua cria&ccedil;&atilde;o.
Em termos de enredo, al&eacute;m da obviedade dos encaminhamentos da hist&oacute;ria, as solu&ccedil;&otilde;es repetidas cansam. A inser&ccedil;&atilde;o dos problemas, as tens&otilde;es e como tudo ser&aacute; resolvido s&atilde;o quase id&ecirc;nticos em cada bifurca&ccedil;&atilde;o da trama. Assim, com certeza, Sophia vai descobrir um segredo de Lola ou da fam&iacute;lia Argento &mdash; os ricos, donos de tudo e corruptos &mdash;, ultrapassar todos os limites para expor o que encontrou de ruim e ser rebatida pela for&ccedil;a da influ&ecirc;ncia dos Argento e de sua arqui-inimiga.&nbsp;
Sem uma din&acirc;mica de progress&atilde;o ou controle das for&ccedil;as, a import&acirc;ncia do que est&aacute; sendo mostrado se esvai. E isso atinge o elenco, fazendo com que todos os n&uacute;cleos fiquem monoc&oacute;rdicos. A &uacute;nica atriz que se salva disso &eacute; Julia Stockler, a Gisela, porque ela vai al&eacute;m do que est&aacute; na obra e cria, atrav&eacute;s da voz e do corpo, outros tons para seu papel.&nbsp;
De toda maneira, a novela come&ccedil;a a ficar cansativa com tantos ciclos iguais. Outro elemento que pode ter interferido nessa sensa&ccedil;&atilde;o de repeti&ccedil;&atilde;o &eacute; sua forma de grava&ccedil;&atilde;o. As sequ&ecirc;ncias foram rodadas por loca&ccedil;&atilde;o, do in&iacute;cio ao fim. Talvez, por isso, reste uma impress&atilde;o de que n&atilde;o houve um desandar temporal e situacional. Quase todas as personagens agem sempre em um mesmo tom e a cria&ccedil;&atilde;o de atmosfera &eacute; semelhante o tempo inteiro.&nbsp;
Gradativamente, Beleza Fatal passa a ser entediante, cansativa e repetitiva. Ainda que ela cumpra uma fun&ccedil;&atilde;o importante no que se refere ao mercado da teledramaturgia brasileira, n&atilde;o basta introduzir uma obra que chame o p&uacute;blico. A manuten&ccedil;&atilde;o da qualidade e o cuidado com a espectatorialidade do consumidor &eacute; o que garante seu retorno.
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*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Declara&ccedil;&atilde;o de ajuste anual do <a href="https://aratuon.com.br/economia/declaracao-do-imposto-de-renda-comeca-nesta-segunda-feira-confira-" target="_blank" rel="noopener">imposto de renda</a>. Voc&ecirc; j&aacute; ouviu falar da declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida? O que &eacute;, quem pode e quais os pontos de aten&ccedil;&atilde;o? A declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida do imposto de renda &eacute; uma funcionalidade oferecida pela Receita Federal do Brasil, que permite ao contribuinte iniciar a declara&ccedil;&atilde;o com diversas informa&ccedil;&otilde;es j&aacute; preenchidas automaticamente.&nbsp;
A declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida utiliza dados fornecidos por fontes pagadoras, institui&ccedil;&otilde;es financeiras, planos de sa&uacute;de e outros &oacute;rg&atilde;os. Isso reduz o risco de erros e facilita o preenchimento, j&aacute; que o contribuinte precisa apenas revisar e complementar as informa&ccedil;&otilde;es.
Podem utilizar a declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida:
<ul style="text-align: justify;">
<li>todos os contribuintes que possuem a senha gov.br no n&iacute;vel "prata ou "ouro". Se for bronze, eleve seu n&iacute;vel de seguran&ccedil;a;</li>
<li>quem tamb&eacute;m utiliza o programa do Imposto de Renda de Pessoa F&iacute;sica (vers&atilde;o de computador ou aplicativo m&oacute;vel), ou o servi&ccedil;o "Meu Imposto de Renda", no E-CAC;</li>
<li>contribuintes que entregaram a declara&ccedil;&atilde;o no ano anterior e j&aacute; tem os seus dados na <a href="https://aratuon.com.br/economia/receita-federal-libera-consulta-ao-lote-da-malha-fina-veja-detalhes" target="_blank" rel="noopener">base da Receita Federal</a> tamb&eacute;m poder&aacute; usar a declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida.</li>
</ul>
Um ponto de aten&ccedil;&atilde;o: revise todos os dados. Apesar do preenchimento autom&aacute;tico, o contribuinte deve revisar todas as informa&ccedil;&otilde;es, pois podem haver erros ou omiss&otilde;es. Inclus&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o faltante, algum dado que n&atilde;o aparece automaticamente, como certas despesas m&eacute;dicas ou doa&ccedil;&otilde;es dedut&iacute;veis, talvez seja necess&aacute;rio para que voc&ecirc; possa complementar sua declara&ccedil;&atilde;o de forma assertiva.
Fique atento! A responsabilidade &eacute; do contribuinte, mesmo com preenchimento autom&aacute;tico. Eventuais inconsist&ecirc;ncias s&atilde;o de responsabilidades do contribuinte. A declara&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-prenchida n&atilde;o altera os prazos da Receita Federal, ent&atilde;o &eacute; importante ficar atento ao calend&aacute;rio de entrega.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/2236ca0d-b385-4e87-98bc-389737e23597.jpg?width=600&amp;height=427" alt="">
+ <a href="https://aratuon.com.br/economia/imposto-de-renda-receita-abre-consulta-a-lote-residual-da-restituicao" target="_blank" rel="noopener">Imposto de Renda: Receita abre consulta a lote residual da restitui&ccedil;&atilde;o</a>
*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Pesada, sombria e intensa, Adolesc&ecirc;ncia &eacute; uma das novas miniss&eacute;ries da Netflix. A premissa em si j&aacute; d&aacute; um n&oacute; na garganta, porque trata sobre um garoto de 13 anos, Jamie Miller (Owen Cooper), que &eacute; acusado de assassinar sua colega de escola. Apesar de algumas irregularidades, a s&eacute;rie impressiona por sua consci&ecirc;ncia de encena&ccedil;&atilde;o e desenho de som.
Como &eacute; que se conta uma hist&oacute;ria t&atilde;o assombrosa quanto essa? Como setar o tom, sem ultrapassar limites? Em termos de diegese e extra-diegese (o que h&aacute; dentro e fora da narrativa), a produ&ccedil;&atilde;o lida com essa premissa indigesta. Dentro da trama, um menino &eacute; preso por um crime de viol&ecirc;ncia extrema. Para que o impacto da situa&ccedil;&atilde;o seja sentido desde o in&iacute;cio, as din&acirc;micas da mise-en-sc&egrave;ne s&atilde;o exploradas.
A sequ&ecirc;ncia da pris&atilde;o de Jamie acontece nos primeiros minutos do seriado e &eacute; um excelente exemplo da qualidade do trabalho aqui. A come&ccedil;ar pelo fato de que ela tem poucos planos fechados, com movimenta&ccedil;&otilde;es espaciais intensas e mudan&ccedil;as geogr&aacute;ficas - como a ida da pol&iacute;cia do primeiro andar da casa de Jamie para o segundo.&nbsp;
A luz da interna &eacute; baixa, com a arte trabalhada na temperatura azulada e pontos de luz que v&ecirc;m dos policiais. Os sons possuem diversas camadas. Assim, o ambiente de caos &eacute; instaurado. Imagens e sons acelerados e intensos fazem com que o espectador se aproxime das emo&ccedil;&otilde;es das personagens - como de desespero e d&uacute;vida.&nbsp;
Al&eacute;m disso, nesta sequ&ecirc;ncia inicial e at&eacute; o final do primeiro epis&oacute;dio, o p&uacute;blico ainda n&atilde;o sabe para quem torcer ou o que pensar exatamente do que est&aacute; ocorrendo. H&aacute; uma organicidade dos movimentos do elenco, das c&acirc;meras e ru&iacute;dos que direcionam a plateia, em uma dan&ccedil;a sinuosa entre a&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas, amor familiar e contradi&ccedil;&otilde;es humanas.
Em termos de sons, ap&oacute;s a sa&iacute;da da casa dos Miller, a pot&ecirc;ncia do trabalho de sonoridades de Adolescence se eleva. A partir dali, quem assiste &eacute; convidado a mergulhar cada vez mais na atmosfera daquele universo ficcional. Quem faz o folley desta produ&ccedil;&atilde;o brilha - &nbsp;juntamente com toda a equipe de som. Cada elemento sonoro evoca um sentimento e explica cada situa&ccedil;&atilde;o vivenciada.&nbsp;
Depois do piloto, cada epis&oacute;dio se passa em um contexto - o que faz a s&eacute;rie cair um pouco, &eacute; verdade, mas chegaremos l&aacute; -, mas, ainda assim, o espectador sente que est&aacute; presente na narrativa justamente por conta dessa preocupa&ccedil;&atilde;o com os detalhes do som. Os ru&iacute;dos da escola, da delegacia, da sala de terapia entregam uma experi&ecirc;ncia narrativa particular.
<img src="https://adm.aratuon.com.br/assets/ab367de6-948e-4bc4-9a37-5ca6b4258c16.jpg?width=1920&amp;height=1080" alt="">
Est&aacute; tudo ali: as portas que abrem e fecham (aumentando ou diminuindo o som de uma ambiente), os telefones que tocam, as escadas do col&eacute;gio que t&ecirc;m aquele barulhinho de t&ecirc;nis rangendo. Mas, ainda melhor, o uso do sil&ecirc;ncio. Com toda esta l&oacute;gica de sonoridades, a aus&ecirc;ncia de ru&iacute;dos &eacute; potente, &eacute; simb&oacute;lica, &eacute; desconfort&aacute;vel. O auge desta estrat&eacute;gia tamb&eacute;m &eacute; no piloto.
A cena que tem um plano m&eacute;dio de Eddie Miller (Stephen Graham), pai de Jamie, vendo o filho ser revistado, sem roupas, pelos policiais, &eacute;, talvez, a melhor (em termos de qualidade, de sensa&ccedil;&otilde;es &eacute; a pior) parte de toda a produ&ccedil;&atilde;o. &Eacute; muito inteligente como as dire&ccedil;&otilde;es - geral, fotografia e arte - mant&eacute;m a integridade do menino sem tirar o peso do contexto da trama.
Toda a sequ&ecirc;ncia da vistoria em Jamie &eacute; um plano longo em Eddie. O p&uacute;blico v&ecirc; apenas a sua rea&ccedil;&atilde;o e escuta o sil&ecirc;ncio frio da sala da delegacia, interrompido somente pelas indica&ccedil;&otilde;es dos policiais. Cada microexpress&atilde;o de Stephen &eacute; captada pela plateia. Inclusive, ainda que todo elenco se saia bem, sem exce&ccedil;&otilde;es, Graham &eacute; o grande destaque em termos de atua&ccedil;&atilde;o.
A maneira como o ator joga com a conten&ccedil;&atilde;o versus explos&atilde;o de movimento eleva a potencialidade de significados dos seus sentimentos. As d&uacute;vidas e ang&uacute;stias de um pai que n&atilde;o sabe o que sentir em rela&ccedil;&atilde;o ao seu filho, mesmo o amando, ficam n&iacute;tidas no trabalho de Graham por conta desta din&acirc;mica f&iacute;sica e corporal que ele investe.
No entanto, devido a l&oacute;gica da miniss&eacute;rie, n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel acompanhar a interpreta&ccedil;&atilde;o de Graham durante toda a obra. Modificando os cen&aacute;rios em cada epis&oacute;dio (delegacia, escola, institui&ccedil;&atilde;o psiqui&aacute;trica, casa da fam&iacute;lia Miller), um quebra-cabe&ccedil;a se monta e as trajet&oacute;rias das personagens s&atilde;o narradas. Todavia, ao mesmo tempo que esta estrutura esgar&ccedil;a o conte&uacute;do da hist&oacute;ria, ela impede que as personagens se desenvolvam.
O que ocorreu no crime fica bem explicado no segundo epis&oacute;dio. Dali em diante, o p&uacute;blico encontra repeti&ccedil;&otilde;es. Contudo, ao mesmo tempo, diversas figuras somem do enredo, sendo abandonadas pelo roteiro. &Eacute; por esta raz&atilde;o que, apesar de todo um apuro est&eacute;tico, Adolesc&ecirc;ncia &eacute; melhor em introduzir o seu universo ficcional do que mant&ecirc;-lo.&nbsp;
A obra vale a pena por transmitir sensa&ccedil;&otilde;es profundas, atrav&eacute;s da t&eacute;cnica do audiovisual. Mas, n&atilde;o d&aacute; para se prender ao destino das personagens, sen&atilde;o a decep&ccedil;&atilde;o ir&aacute; se instalar.&nbsp;
Assista ao trailer oficial:
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*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Falamos muito sobre foco, mas nem sempre percebemos que tudo o que alimentamos com nossa aten&ccedil;&atilde;o cresce.
Por isso, escolha com cuidado onde coloca sua energia. No final, somos n&oacute;s que cultivamos e tamb&eacute;m quem lida com os frutos do que cresce dentro da gente.
Se voc&ecirc; passa muito tempo alimentando pensamentos de medo, inseguran&ccedil;a, d&uacute;vida&hellip; adivinha? Eles crescem dentro de voc&ecirc;.
E quanto mais crescem, mais moldam sua forma de ver o mundo, de se relacionar e at&eacute; de falar.
Agora, pensa nisso: Sem conex&atilde;o, sua fala tende a ser ignorada pela outra pessoa. Sem escuta, sua fala tende a n&atilde;o considerar o estado emocional do outro.Se voc&ecirc; j&aacute; est&aacute; pensando no que vai responder antes mesmo de ouvir&hellip; t&aacute; perdendo detalhes importantes do que o outro sente.
E sem reflex&atilde;o, suas emo&ccedil;&otilde;es, dores e insatisfa&ccedil;&otilde;es falam por voc&ecirc;.
O problema &eacute; que muitas vezes a gente n&atilde;o percebe o que est&aacute; crescendo dentro. S&oacute; sente o efeito disso: rela&ccedil;&otilde;es desgastadas, falas que n&atilde;o s&atilde;o ouvidas, uma sensa&ccedil;&atilde;o de frustra&ccedil;&atilde;o que parece n&atilde;o ter fim."
Estar presente n&atilde;o &eacute; s&oacute; uma escolha, &eacute; um compromisso. Um compromisso com suas rela&ccedil;&otilde;es, com a sua voz e com quem voc&ecirc; quer ser. O que voc&ecirc; tem alimentado ultimamente? Isso te fortalece ou est&aacute; te drenando?
Se essa reflex&atilde;o fez sentido pra voc&ecirc;, continue me acompanhando atrav&eacute;s das redes sociais: @decidaseexpressar e @gamatai. Porque tem muita coisa que a gente pode transformar, s&oacute; mudando o que cresce aqui dentro.
E n&atilde;o se esque&ccedil;a: o que voc&ecirc; sente, pensa e quer importam. Decida se expressar. At&eacute; a pr&oacute;xima!
*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do Aratu On

Isabela Sousa

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