Após impasse, segue possibilidade de greve de ônibus em Salvador
O sindicato classificou as propostas como “ataque aos direitos dos rodoviários” e reiterou que a situação pode resultar na greve de ônibus em Salvador.
Por Matheus Caldas.
Permanece impasse entre rodoviários e empresas que compõem o Consórcio Integra e, após reunião realizada nesta quinta-feira (22), a categoria manteve o estado de greve, que pode culminar na greve de ônibus em Salvador.
Em nota enviada à imprensa, o Sindicato dos Rodoviários afirma que, após três rodadas de negociação na Superintendência Regional do Trabalho, a comissão da corporação “manteve postura aberta ao diálogo”. Mas, segundo o grupo, “não houve nenhuma proposta contemplativa por parte dos empregadores”.
“O Sindicato seguirá todos os trâmites legais e convoca os trabalhadores e trabalhadoras a permanecerem mobilizados. A luta é por valorização, respeito e dignidade”, diz trecho do comunicado.
Conforme as informações relatadas à imprensa, a contraproposta patronal incluiu os seguintes itens:
- Redução de 15% no ticket alimentação
- Retirada de um domingo de folga por mês
- Reajuste de apenas 2,42% no salário
- Fim do plano de saúde
- Compensação plena de horas
- Manutenção da jornada parcial
O sindicato classificou as propostas como “ataque aos direitos dos rodoviários” e reiterou que a situação pode resultar na greve de ônibus em Salvador.
A associação não divulgou se haverá nova reunião com os empresários.
Pode ter greve de ônibus em Salvador?
Na segunda-feira (19), o presidente da categoria, Hélio Ferreira, já havia alertado que “o clima está muito para greve de ônibus em Salvador”. A reunião desta terça-feira seria justamente para selar a formalização da paralisação dos trabalhadores do sistema de transporte. Contudo, foi definida mais uma mediação entre os empresários e a categoria.
Ferreira considera que o momento é propício para a deflagração da greve. “Acho que este ano vai ter greve. Os empresários estão contra a pauta”, declarou em entrevista exclusiva ao Aratu On. A última paralisação da categoria aconteceu em 23 de março de 2018, também em razão de impasses nas negociações salariais.
A campanha salarial e social 2025/2026 dos rodoviários inclui uma pauta reduzida, já apresentada às empresas e autoridades. Os principais pontos são:
Reajuste salarial
- Reposição integral da inflação acumulada até abril de 2025;
- Aumento real de 5% sobre os salários;
- Aplicação deste percentual a outras cláusulas financeiras (exceto tíquete alimentação e plano de saúde).
Vale-alimentação
- Reajuste de 10% no valor do tíquete, com fornecimento de 30 unidades por mês;
- Garantia do benefício mesmo em caso de afastamento médico ou previdenciário;
- Desconto simbólico de 1% no contracheque como contrapartida do trabalhador.
Escalas e folgas
- Direito a duas folgas em sábados e duas em domingos por mês;
- Publicação antecipada das escalas com, no mínimo, uma semana de antecedência;
- Permissão para troca de turnos entre trabalhadores e solicitação de licença não remunerada.
Férias
- O início das férias não poderá coincidir com sextas, sábados, domingos, feriados ou dias de compensação de folga.
Carnaval e festas populares
- Pagamento de gratificação extra e um tíquete por dia trabalhado durante os festejos;
- Limite de dois pernoites por trabalhador em escalas durante o Carnaval e Festival da Virada.
Novas reivindicações
Além das cláusulas tradicionais, o sindicato também propõe novas obrigações para as empresas, como:
- Pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo e periculosidade conforme a CLT;
- Convênios com academias (como Gympass e TotalPass);
- Implantação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR);
- Custeio de exames toxicológicos periódicos;
- Disponibilização de celulares com internet nos veículos;
- Criação de um centro psicológico de apoio aos trabalhadores;
- Instalação de banheiros femininos e masculinos nas garagens e pontos de apoio;
- Multa de 10 salários-mínimos para empresas que descumprirem a convenção coletiva.
O que é estado de greve?
O estado de greve é uma decisão tomada por uma categoria, em assembleia, que sinaliza que os trabalhadores estão em alerta e mobilizados para uma possível paralisação. Embora ainda não seja a greve, funciona como um aviso formal e legal de que ela pode ser iniciada a qualquer momento, caso não haja acordo nas negociações. Pela lei, é necessário comunicar com pelo menos 72 horas de antecedência antes de uma paralisação total.
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