Entenda pleitos dos rodoviários e por que pode haver greve de ônibus
O presidente do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Hélio Ferreira, avalia que o cenário atual é propício para a paralisação
Por Matheus Caldas.
Salvador pode enfrentar uma nova greve de ônibus em Salvador. Os rodoviários estão em estado de greve desde a última quinta-feira (15) e, nesta terça-feira (20), uma nova rodada de negociação com mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT) pode ser decisiva. Caso não haja avanço, a greve pode ser oficialmente deflagrada.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Hélio Ferreira, avalia que o cenário atual é propício para a paralisação. “Acho que este ano vai ter greve. Os empresários estão contra a pauta”, afirmou em entrevista exclusiva ao Aratu On, nesta segunda-feira (19).
A última greve da categoria ocorreu em 23 de março de 2018, também motivada por impasse em torno de questões salariais.
O Aratu On obteve com exclusiva a pauta com os pleitos apresentados pelos rodoviários aos empresários. Veja abaixo.
O que pedem os rodoviários para não haver greve de ônibus?
A campanha salarial e social 2025/2026 dos trabalhadores inclui uma pauta reduzida, apresentada às empresas e autoridades. Entre os principais pontos estão:
Reajuste salarial
- Reposição integral da inflação acumulada até abril de 2025;
- Aumento real de 5% sobre os salários;
- Aplicação deste percentual a outras cláusulas financeiras (exceto tíquete alimentação e plano de saúde).
Vale-alimentação
- Reajuste de 10% no valor do tíquete, com fornecimento de 30 unidades por mês;
- Garantia do benefício mesmo em caso de afastamento médico ou previdenciário;
- Desconto simbólico de 1% no contracheque como contrapartida do trabalhador.
Escalas e folgas
- Direito a duas folgas em sábados e duas em domingos por mês;
- Publicação antecipada das escalas com, no mínimo, uma semana de antecedência;
- Permissão para troca de turnos entre trabalhadores e solicitação de licença não remunerada.
Férias
- O início das férias não poderá coincidir com sextas, sábados, domingos, feriados ou dias de compensação de folga.
Carnaval e festas populares
- Pagamento de gratificação extra e um tíquete por dia trabalhado durante os festejos;
- Limite de dois pernoites por trabalhador em escalas durante o Carnaval e Festival da Virada.
Novas reivindicações
Além das cláusulas tradicionais, o sindicato também propõe novas obrigações para as empresas, como:
- Pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo e periculosidade conforme a CLT;
- Convênios com academias (como Gympass e TotalPass);
- Implantação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR);
- Custeio de exames toxicológicos periódicos;
- Disponibilização de celulares com internet nos veículos;
- Criação de um centro psicológico de apoio aos trabalhadores;
- Instalação de banheiros femininos e masculinos nas garagens e pontos de apoio;
- Multa de 10 salários-mínimos para empresas que descumprirem a convenção coletiva.
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O que dizem os empresários?
Segundo Hélio Ferreira, os donos das empresas alegam dificuldades financeiras no sistema de transporte para justificar a rejeição das propostas. “Eles estão querendo voltar ao banco de horas pior do que era antes, tirar um domingo de folga nossa e aumentar o contrato de jornada parcial”, afirmou o dirigente.
O que é estado de greve?
O estado de greve é uma decisão tomada por uma categoria, em assembleia, que sinaliza que os trabalhadores estão em alerta e mobilizados para uma possível paralisação. Embora ainda não seja a greve, funciona como um aviso formal e legal de que ela pode ser iniciada a qualquer momento, caso não haja acordo nas negociações. Pela lei, é necessário comunicar com pelo menos 72 horas de antecedência antes de uma paralisação total.
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