Dia do Amigo com Gil e Caetano: confira a história da amizade mais famosa da Bahia
Veja cinco momentos da amizade dos cantores baianos, que completou 60 anos em 2023
"Ser mano igual Gil e Caetano nesse mundo louco é pra poucos", canta Emicida na música "Quem Tem Um Amigo (Tem Tudo)". A amizade dos cantores baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso completa 60 anos em 2023, e com a comemoração do Dia do Amigo nesta quinta-feira (20/7), o Aratu On lembra como começou e os pontos altos da amizade mais célebre da Bahia.
1 - "Gêmeos espirituais"
Eles estrearam no mundo no mesmo ano (1942), com menos de dois meses de diferença. Gil, canceriano de 26 de junho, nasceu em Salvador, enquanto Caetano, leonino, de 7 de agosto, é da cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano. Mas foi apenas em 1963, na Rua Chile, na capital baiana, que os dois se conheceram, apresentados pelo produtor Roberto Sant'Anna, e iniciaram a amizade.
Em uma entrevista para o Projeto IBM, Gilberto Gil contou que o músico suíço Walter Smetak, naturalizado brasileiro, disse, certa vez, a ele e Caetano, que os dois eram "gêmeos espirituais". "A gente se identificou com aquilo. A gente já percebia que essa maneira de definir nosso relacionamento, nossa existência conjunta, era razoável, era bom e fazia sentido. De lá pra cá, a gente faz a leitura da nossa amizade e colaboração muito sobre essa ótica da 'geminalidade'", lembrou Gil.
https://youtu.be/zrCogzBqu2w?t=1116
2 - Tropicália
Já amigos, Gil e Caetano começaram a se apresentar no Teatro Vila Velha, assim como Gal Costa, Tom Zé e Maria Bethânia. Em 1965, Veloso produziu o primeiro show de Gilberto em Salvador, "Inventário", e nesse mesmo ano eles seguiram para o Sudeste, um para o São Paulo e o outro para o Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, já estavam se apresentando em festivais e emissoras de televisão.
Dos encontros para compor, tocar e conversar sobre música, foi surgindo, naturalmente, um movimento revolucionário na música brasileira: a Tropicália, que tinha como referências as correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira, misturando manifestações tradicionais da cultura brasileira à inovações estéticas. Assim, Gil e Caetano ficaram conhecidos como "tropicalistas". Depois, junto com Gal, tiveram um programa de TV chamado "Divino Maravilhoso", mesmo nome de uma das canções mais famosas da dupla de baianos.
3 - Exílio
O programa citado acima ficou no ar por pouco tempo, devido à censura imposta pela ditadura militar que tinha se instalado no Brasil em 1964. Em 1968, "escandalizaram" os militares e o regime em apresentações no Festival Internacional da Canção da TV Globo e na Boate Sucata, ambas no Rio de Janeiro. No dia 27 de dezembro daquele ano, foram acordados, levados em um camburão e ficaram presos por dois meses.
Os amigos ainda ficaram em prisão domiciliar, em Salvador, e depois de negociação com os militares, programaram um exílio em Londres, na Inglaterra. Para a "mudança", apresentaram um show na capital baiana que ficou conhecido, em 1972, como "Barra 69".
4 - Família
Além de "gêmeos espirituais", Caetano e Gil eram concunhados, pois eram casados com as irmãs Andrea e Sandra Gadelha, respectivamente, mais conhecidas como "Dedé" e "Drão", inspiração para uma das músicas mais famosas de Seu Gilberto, de mesmo nome. E curiosidade: foi Gal Costa quem apresentou às irmãs aos amigos, pois era vizinha delas.
Com Dedé, Caetano teve Moreno, seu filho mais velho, e Júlia, que morreu pouco depois de nascer. Com Drão, Gil teve Pedro, Preta e Maria.O primeiro, inclusive, nasceu durante o exílio, em Londres, e tocou bateria na banda do pai, na juventude. Em 1990, Pedro Gil faleceu em um acidente de carro, voltando de um show, aos 19 anos.
Caetano, Dedé e Moreno
Pedro Gil ainda bebê e Drão com os filhos Preta, Pedro e Maria
5 - Dois Amigos, Um Século de Música
No final de 2015, Gil e Caetano decidiram imortalizar a amizade de forma artística, com o álbum - e consequente turnê - "Dois Amigos, Um Século de Música", brincando com os aproximados 50 anos de carreira de cada um, além da própria relação. O trabalho, inclusive, foi indicado ao Grammy daquele ano, na categoria "Melhor Álbum Internacional".
À época, Caetano declarou: "Fico alegre por saber que o disco do nosso show foi escolhido para concorrer ao Grammy. Gozado o Grammy Latino nem ter dado bola e o 'Grammy Global' destacar. Acho que a musicalidade de Gil merece. O violão milagroso e seu fraseado vocal. Isso, tendo ao lado minha companhia devota, justifica o interesse pelo disco. Nossas canções têm hoje um certo valor histórico. Mas eu não seria nada na música sem Gil".
Em 2023, os baianos octagenários seguem fazendo shows, lotando casas no Brasil e mundo afora, sempre se enaltecendo e participando da vida um do outro. "Quem tem um amigo tem tudo".
*Com informações do Google Arts & Culture
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