Trump lança plano para tornar EUA líder mundial em IA
Plano para liderança mundial em IA assinado por Trump prevê eliminação de "viés ideológico” e redução de regulação
Por Júlia Naomi.
"É imperativo, do ponto de vista da segurança nacional, que os Estados Unidos conquistem e mantenham uma supremacia tecnológica global incontestável". Esta declaração, referente aos avanços globais em inteligência artificial, foi assinada pelo presidente Donald Trump, na folha de rosto do America’s AI Action Plan: Winning the Race. O plano para tornar EUA lider mundial em IA foi publicado nesta quarta-feira (23).
Com o título traduzido como "Plano de Ação dos Estados Unidos para IA: Vencendo a Corrida", o documento de 28 páginas apresenta diretrizes para consolidação do país enquanto líder global na tecnologia. A estratégia está fundamentada em três pilares: acelerar a inovação, desenvolver a infraestrutura de IA no país e liderar a diplomacia e segurança internacional em IA.
O texto afirma que é necessário eliminar regulações que representem obstáculos para o desenvolvimento tecnológico e menciona a revogação da ordem executiva emitida no governo Biden, que estabelecia maior controle sobre o desenvolvimento da tecnologia. “Os Estados Unidos precisam inovar de forma mais rápida e abrangente do que nossos concorrentes no desenvolvimento e distribuição de novas tecnologias de IA em todos os campos, e desmontar barreiras regulatórias desnecessárias que impedem o setor privado de fazê-lo”, diz o documento.
Este posicionamento é favorável aos interesses de grandes empresas de tecnologia, como Google, OpenAI, e Meta, que se opõem ao avanço de regulações em diferentes países. O documento ainda afirma que o governo do país poderá deixar de direcionar recursos de IA a estados com regulação mais restritivas. "A inteligência artificial é importante demais para ser sufocada em burocracia nesta fase inicial, seja no nível estadual ou federal", diz o plano.
Plano de IA de Trump atinge legislação ambiental e diretrizes sobre desinformação
Em relação à construção de novos data centers, infraestrutura de computação que necessária para execução e treinamento de inteligência artificial, o documento prevê a abertura de exceções em leis ambientais para a liberação de obras. O texto apresenta o argumento de que o “sistema de licenciamento ambiental da América e outras regulamentações tornam quase impossível construir esta infraestrutura nos Estados Unidos com a velocidade necessária”.
O plano de relaxamento da legislação também beneficiaria o estabelecimento de infraestrutura de energia e fábricas de semicondutores, amplamente utilizados para a fabricação e manutenção de hardwares. Contudo, o impacto ambiental das instalações de IA é objeto de preocupação entre especialistas, devido ao uso intensivo de energia elétrica e consumo de água no resfriamento dos data centers.
O pacote assinado pelo presidente determina que sistemas de IA devem ser alinhados com os ideais estadunidenses de liberdade de expressão. Com este argumento, determina que o governo revise guias de gestão de riscos de sistemas de IA do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, a fim de eliminar referências a desinformação, diversidade, equidade, inclusão e mudanças climáticas.
“Devemos garantir que a liberdade de expressão prospere na era da IA e que os sistemas de IA adquiridos pelo governo federal refletem objetivamente a verdade, e não agendas de engenharia social”, diz o documento. O plano também determina que o governo faça contratações apenas de desenvolvedores de modelos de linguagem de fronteira (LLMs) que "garantam que seus sistemas sejam objetivos".
Plano para tornar EUA liderança em IA pretende aumentar influência internacional
O documento defende ampliar a atuação dos Estados Unidos em organizações internacionais. Ele manifesta uma preocupação clara em “Contrapor a Influência Chinesa em Organismos de Governança Internacionais”. Conforme o texto, propostas de governança global da inteligência artificial, inclusive aquelas apresentadas por entidades como a ONU, OCDE, G7, G20, UIT e ICANN, teriam sido impactadas por empresas chinesas que “promovem agendas culturais que não se alinham aos valores americanos”.
Empresas de tecnologia como Google, Microsoft e Meta buscam atualizações e disputam o mercado de inteligência artifial desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022. A esta concorrência, somam-se rivais como a startup chinesa DeepSeek. A empresa criou um importante modelo de IA com custo reduzido, acirrando a disputa antes protagonizada por bigtechs estadunidenses.
Simultâneo a esta concorrência é o debate sobre como lidar com as transformações sociais que a IA pode provocar desde discussões sobre direitos autorais e uso de imagens, até o uso da tecnologia para fraudes e aplicações de golpes.
O plano será anunciado oficialmente durante um evento chamado “Winning the AI Race” (Vencendo a Corrida da IA), em Washington, na noite desta quarta-feira.
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