Vítimas da violência: relembre casos de jovens atingidos por tiros na Bahia

Vítimas da violência na Bahia foram mortas durante ações policiais em Salvador e na Região Metropolitana

Por Ananda Costa.

Marcus Vinicius Alcântara, Caíque dos Santos Reis, Ana Luíza Silva e Larissa Azevedo. O que esses nomes têm em comum? Todos foram jovens vítimas da violência na Bahia, somente em 2025.

Veja jovens que são vítimas da violência em Salvador e RMS. Foto: Redes sociais

Em dados divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado, Salvador apareceu liderando o ranking da violência armada na Região Metropolitana com 64 mortes registradas em junho. Ao todo, a capital baiana teve 92 tiroteios no mês, em um total de 132 ocorrências monitoradas na região.

Quando o assunto é bala perdida, Salvador é a segunda cidade com mais vítimas neste ano. Entre janeiro e setembro de 2025, 26 pessoas foram vítimas de bala perdida na capital baiana. Deste total, sete morreram e 19 ficaram feridas. 

O Fogo Cruzado fez um mapa para detalhar os bairros mais afetados pela violência armada no primeiro semestre de 2025.

Entre os municípios da Região Metropolitana, Salvador foi o mais impactado: concentrou 73% dos tiroteios, 69% dos mortos e 79% dos feridos registrados em 2025. Os bairros com maior incidência são:

- Lobato: 23 tiroteios, 18 mortos e 5 feridos
- Beiru/Tancredo Neves: 22 tiroteios, 5 mortos e 5 feridos
- Mussurunga: 19 tiroteios, 14 mortos e 4 feridos
- Fazenda Coutos: 18 tiroteios, 18 mortos e 3 feridos
- Narandiba: 14 tiroteios, 13 mortos e 2 feridos

Relembre os casos envolvendo jovens que foram vítimas da violência na Bahia

Marcus Vinicius Alcântara

Foto: redes sociais

No dia 22 de setembro, um jovem autista morreu baleado durante operação policial no Rio Sena, no Subúrbio de Salvador. A vítima foi identificada como Marcus Vinicius Alcântara, de 26 anos, e, segundo familiares, não tinha envolvimento com nenhuma atividade criminosa.

Em nota, a Polícia Civil informou que, durante um confronto entre criminosos ocorrido na Rua da Bomba, no bairro do Rio Sena, policiais militares encontraram o jovem já alvejado, caído no chão. Ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos.

A família de Marcus afirma que os disparos foram feitos por policiais durante a operação. Segundo os relatos, o jovem havia saído de casa para buscar o sobrinho na escola. Ao perceber a movimentação policial, ele teria se assustado e corrido, momento em que foi atingido pelos tiros.

Em nota, a Polícia Militar informou que policiais da Rondesp BTS, ao atenderem a uma ocorrência de troca de tiros entre grupos criminosos, foram recebidos a tiros e, durante a incursão, localizaram Marcus Vinicius Alcântara, de 26 anos, ferido.
APMBA lamentou o falecimento de Marcus Vinicius e informou que se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor. 

"A instituição segue firme no seu dever constitucional de proteger vidas e garantir a segurança pública, atuando com respeito aos direitos humanos', informou em nota

Caíque dos Santos Reis

Foto: Redes sociais

Um vídeo em que moradores chamam policiais de assassinos viralizou nas redes sociais após uma ação, realizada pela Polícia Militar da Bahia (PMBA), que terminou com duas pessoas mortas no dia 28 de setembro. 

Nas imagens divulgadas pelos moradores da localidade, é possível ver o momento em que populares se revoltam quando agentes colocam o corpo de uma das vítimas no fundo de um camburão.

Após manifestações contra a morte de Caíque dos Santos, a PM afastou os militares envolvidos na ação.

De acordo com a instituição, os agentes foram afastados das atividades operacionais, submetidos a oitivas individuais e encaminhados ao Departamento de Promoção Social da PM, onde recebem acompanhamento psicológico especializado.

Além disso, conforme a PM, eles também participam de atividades de apoio emocional e de palestras diárias voltadas à valorização da vida e aos valores humanos, permanecendo sob acompanhamento administrativo até a conclusão das investigações.

Gilson Jardas de Jesus Santos e Luan Henrique

Foto: Redes sociais

Em julho, dois jovens, Gilson Jardas de Jesus Santos, de 18 anos, e Luan Henrique, de 19, foram mortos a tiros durante uma ação da Polícia Militar na Estrada do Cetrel, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Familiares negam que tenha havido confronto, mas sim, uma execução. “As evidências são claras. Eles levaram os meninos para dentro e executaram dentro de casa", disse Maria Silvânia, mãe de Gilson.

Em contato com o Aratu On, a Polícia Civil apresentou outra versão. Segundo a entidade, uma guarnição da PM realizava rondas na localidade conhecida como Canto dos Pássaros, quando foi recebida a tiros por dois homens armados.

Contudo, Maria Silvânia relatou ao programa Alô Juca, da TV Aratu, que os jovens estavam em frente à casa da família, quando os policiais passaram em uma viatura, retornaram e os abordaram. “Meu filho estava esperando a namorada para almoçar. A viatura passou, deu a volta e invadiu minha casa dizendo que ele e o amigo tinham trocado tiros com eles”, afirmou. 

Testemunhas disseram ter ouvido dois disparos. Imagens obtidas pela reportagem mostram policiais retirando os jovens do imóvel, com manchas de sangue visíveis. Em seguida, os corpos foram colocados no porta-malas da viatura.

Gilson e Luan ainda chegaram a ser levados ao Hospital Geral de Camaçari (HGC), mas não resistiram aos ferimentos.

Ana Luíza Silva

Foto: Redes sociais

No dia 13 de abril, Ana Luiza foi atingida por um disparo nas costas enquanto os agentes efetuavam tiros em direção a um homem desarmado, que fugia por um beco da localidade. As apurações indicam que o caso aconteceu em um domingo à tarde, quando os policiais avistaram o homem caminhando pela rua durante uma ronda e decidiram abordá-lo.

Ao notar que ele tentava escapar entrando em um beco, os PMs teriam iniciado a perseguição, disparando na direção dele "mesmo sem qualquer prévia agressão contra a guarnição ou qualquer risco oferecido a terceiros”.

Nesta quarta-feira (8), O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou e pediu a prisão de três policiais militares pela morte de Ana Luiza Silva, de 19 anos. A ação foi proposta pelo Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp), que também solicitou a prisão preventiva dos acusados.

Os policiais, lotados no Pelotão de Emprego Tático Operacional da 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (Peto/CIPM), foram denunciados por homicídio qualificado, praticado por motivo torpe, com uso de meio que gerou perigo comum e recurso que impediu a defesa da vítima.

Larissa Azevedo

Foto: Redes sociais

No dia 22 de março, morreu a dentista Larissa Azevedo, baleada no último dia 14 de março, durante um tiroteio na Avenida Paralela. A informação foi confirmada por amigos da jovem, que estava internada no Hospital Geral Roberto Santos. Não há detalhes sobre o enterro da jovem.

O tiroteio que vitimou Larissa ocorreu após uma perseguição policial a criminosos que estavam em um carro roubado. A dentista estava em uma motocicleta de transporte por aplicativo, a caminho do trabalho, quando foi atingida pelos disparos.

No confronto, um suspeito morreu, e outros dois conseguiram fugir. No veículo utilizado pelos suspeitos, a polícia encontrou três pistolas de calibres .40, .45 e 9mm, além de munições. O carro também portava uma placa clonada, e há indícios de que era utilizado em ações criminosas na capital baiana.

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