Polícia Militar na Bahia: desafios, ações e combate ao crime em Salvador
Aratu On detalha a estrutura e estratégias empregadas pela Polícia Militar na Bahia
Sempre que um cidadão presencia uma situação fora da normalidade, o número mais acionado é o 190. A ligação ativa a atuação da Polícia Militar da Bahia (PMBA), força responsável pelo policiamento ostensivo e pela preservação da ordem pública em Salvador. No entanto, essa presença constante também escancara um dado alarmante: segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, a Bahia tem a polícia que mais mata no Brasil, com um aumento de 235% nas mortes por intervenção policial.
Além da atuação nas ruas, a corporação é estruturada em batalhões e operações que abrangem desde o policiamento rodoviário até o ambiental. Para entender como a PM se organiza e atua na capital, o Aratu On detalha a estrutura e as estratégias empregadas pela instituição.
Como está estruturada a Polícia Militar em Salvador?
O policiamento em Salvador é supervisionado por três Comandos de Policiamento Regional da Capital (CPRCs): Baía de Todos os Santos, Central e Atlântico. Cada CPRC coordena os Batalhões (BPMs) e as Companhias Independentes (CIPMs) responsáveis pelas ações nos bairros.
Cada um dos CPRCs também possui uma Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp). Já a Região Metropolitana é atendida por um comando próprio, o CPRMS.
A capital também abriga os Comandos de Policiamento Especializado (CPE), de Missões Especiais (CPME), de Apoio Operacional (CPAp) e de Policiamento Rodoviário (CEPRv), responsáveis por unidades como a Polícia Montada, Motociclistas, Cipes e Companhias Ambientais, entre outras.
Como o policiamento é feito nos bairros?
De acordo com a PM, as rondas são realizadas em duplas ou trios, a depender da área. Em locais de difícil acesso, o policiamento é feito a pé. Já em regiões turísticas, faixas litorâneas e principais corredores de tráfego, são utilizadas viaturas e motocicletas.
Quando o terreno não permite a circulação de veículos, a PM recorre ao policiamento montado. Além disso, há o suporte de bases móveis com policiais de pronto-emprego em pontos estratégicos da cidade.
Estratégias para o combate ao crime
O planejamento das ações é feito pelo Comando de Operações Policiais Militares (COPPM), que atua com base nos índices de ocorrências e nas particularidades de cada região. Dentre as ações mais recentes estão as operações Dominus Areae, realizada em Salvador e RMS, e Força Total, que ocorre simultaneamente em todos os municípios do estado e já é considerada uma referência nacional.
+ Mapa da Violência em Salvador: áreas mais perigosas e como se proteger
A PM afirma que há reforço especial em áreas com maior índice de criminalidade e vulnerabilidade, como Lobato, Beiru/Tancredo Neves, Mussurunga, Fazenda Coutos e Narandiba - bairros apontados pelo Fogo Cruzado como os mais violentos de Salvador.
Letalidade policial e episódios recentes
Apesar das estratégias e investimentos em segurança, a letalidade da PMBA permanece como uma das mais altas do país. Um dos episódios que mais chocaram a população ocorreu durante o Carnaval deste ano, no bairro Fazenda Coutos. Doze pessoas foram mortas durante uma operação da PM, incluindo dois adolescentes de 17 anos. Segundo a corporação, houve confronto armado, mas nenhum policial foi ferido.
Na ocasião, o governador Jerônimo Rodrigues solicitou que a Polícia Civil investigasse um “possível exagero” na ação. O Ministério Público da Bahia também instaurou um procedimento, conduzido pelos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp), para apurar a atuação da PM.
A Polícia Civil afirmou que o episódio decorreu de uma disputa territorial entre grupos criminosos da região. Nenhum policial foi afastado após a ação. A reportagem procurou a Civil para mais detalhes, mas não obteve retorno.
Ação contra grupos criminosos
Em áreas sob domínio de facções criminosas, a PM afirma que intensifica o patrulhamento em parceria com outras instituições. A integração entre Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, prefeituras e até forças federais, como a Força Nacional e a Polícia Federal, é apontada como estratégia essencial.
“A PM não é alheia a essa realidade e promove ações constantes em conjunto com diversos órgãos de segurança pública”, declarou a corporação.
Tecnologia como aliada da segurança
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) tem investido em tecnologias como as câmeras de reconhecimento facial, que, segundo a Polícia Militar, têm contribuído de forma significativa para a localização e prisão de foragidos. Desde a implementação do sistema, em 2018, com foco inicial em Salvador, aproximadamente 3.650 pessoas foragidas já foram localizadas no estado.
Outra tecnologia adotada são as câmeras corporais, que, apesar de inicialmente terem gerado controvérsias entre os agentes, vêm sendo gradualmente incorporadas ao cotidiano da corporação. De acordo com dados de 2024, 13 unidades da Polícia Militar em Salvador e na Região Metropolitana utilizam o equipamento. Ao todo, já são cerca de 1.300 câmeras corporais em uso pelas forças policiais, conforme informou a SSP.
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).