Cantor baiano denuncia racismo em academia de Salvador: ‘Cabelo duro’
Racismo em academia de Salvador foi gravado pelo cantor baiano que denunciou o caso nas redes sociais
Por Ananda Costa.
O cantor baiano Samuel Marques denunciou neste domingo (5), por meio das redes sociais, que foi vítima de racismo em uma academia de Salvador. O caso ocorreu enquanto ele treinava em uma unidade da Smart Fit, localizada no bairro da Graça.
No vídeo, Samuel Marques, que participou do The Voice Brasil em 2019 — reality musical que estreia nesta segunda-feira (6) no SBT —, registrou o momento em que um homem afirma que ele parecia com o “urso do cabelo duro”. Sem compreender de imediato, o cantor questiona o motivo da comparação com o personagem. “Não, lembra, assim, o cabelo”, responde o homem.
Na sequência, Samuel declara que a fala se tratava de racismo, mas o homem desconversa e afirma que a acusação era “maluquice”. Em seguida, o suspeito argumenta que tem um genro negro e, por isso, não poderia ser racista. O cantor rebate: “Isso não justifica nada”.
Após deixar a academia, Samuel relatou que tentou denunciar o episódio a um funcionário, mas ouviu que situações semelhantes já haviam sido registradas anteriormente. Segundo o artista, o funcionário afirmou que outras pessoas já haviam notificado a ocorrência, mas nenhuma medida foi tomada porque não havia registros em vídeo.
“Ele me falou que é algo recorrente, outros alunos tinham notificado, mas nada tinha acontecido porque ninguém tinha filmado. Como pode tanta impunidade nessa porra desse Brasil?”, desabafou.
Com a repercussão do caso, a Smart Fit respondeu à publicação do cantor, afirmando que ele poderia contar com o apoio da rede e ressaltando que a situação não reflete a experiência que a empresa deseja oferecer aos clientes.
“Olá, Samuel, como vai? Vimos sua publicação e ficamos extremamente preocupados com a situação. Essa não é a experiência que desejamos para nenhum de nossos usuários. Reforçamos que somos uma instituição aberta para todos, onde nenhum tipo de preconceito é tolerado. Poderia nos enviar o ocorrido pela DM, informando a unidade em questão, o horário e seu CPF, por favor? Pode contar com a gente para ajudar no que for preciso, tá bem?”, escreveu a rede.
O Aratu On também entrou em contato com a Smart Fit para solicitar mais informações sobre o caso e aguarda retorno.
Denúncias de racismo em Salvador
No último dia 20 de setembro, Eisa Maria e Aline usaram as redes sociais para denunciar que foram vítimas de racismo no bar Pirambeira, no bairro da Pituba, em Salvador. As duas relataram que foram impedidas de entrar no estabelecimento sob a justificativa de que "não havia espaço".
No início do vídeo, as jovens explicam que saíram de casa para se divertir. Elas chegaram ao bar por volta das 18h e, mesmo após três horas de espera, ainda não haviam conseguido entrar. "Durante esse período, vimos várias pessoas entrando no local com diferentes justificativas, enquanto nós não entendíamos o motivo de não sermos atendidas", desabafou Aline.
Segundo os funcionários, não havia lugar disponível, mas as amigas afirmam que viram outras pessoas, que chegaram depois delas, sendo liberadas para entrar.
Durante a conversa com os atendentes, a recepcionista chegou a sugerir que elas entrassem apenas para verificar a ausência de mesas. No entanto, ao acessar o ambiente, as mulheres disseram que encontraram espaço, mas foram orientadas a voltar para a porta.
Em seguida, ouviram de outra funcionária a afirmação de que elas "ainda tinham sorte de estar nesse local".
"Para mim, o que era só uma dúvida, se confirmou. É muito doloroso ser questionada do porquê de estar naquele ambiente. A gente só saiu para se divertir", lamentou.
Pesquisa aponta que 84% da população preta no Brasil já sofreu racismo
Uma pesquisa apoiada pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR) revelou que 84% das pessoas pretas no Brasil relatam já ter sofrido discriminação racial. O levantamento, conduzido pelas organizações da sociedade civil Vital Strategies Brasil e Umane, investigou a experiência de brasileiros com diferentes formas de preconceito em atividades cotidianas.
A coleta de dados foi realizada entre agosto e setembro de 2024, com 2.458 participantes que responderam, pela internet, a questionários baseados na escala de discriminação cotidiana. As perguntas incluíam situações como:
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Ser tratado com menos gentileza que outras pessoas
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Ser tratado com menos respeito
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Receber atendimento pior em restaurantes e lojas
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Ser alvo de medo por parte de outras pessoas
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Ser ameaçado ou assediado
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Ser seguido em lojas
Os entrevistados avaliaram a frequência dessas situações como “frequentemente”, “sempre”, “raramente” ou “nunca”.
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